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10/01/2023

O Médico que Virou Caminhoneiro

O médico da minha cidade que foi a Brasília justamente no dia da "Revolta dos Manés" - olha que coincidência! - emitiu uma nota esclarecendo a situação, que achei muito crivel. Afinal, trata-se de gente de bem, cristã e pacífica.

No afã de colaborar com ele, sugeri apenas que faça alguns retoques.

*************

Meu caríssimo Dr. A***, esse seu álibi precisa de uns pequenos ajustes.

Você saiu de Capivari ("partiu Brasília", há vários prints espalhados pelas redes sociais locais) na véspera da "Revolta dos Manés". Na nota, afirma que foi visitar o filho que lá reside. Na sequência da viagem, no domingo, foi ao restaurante com a mesma camisa e o mesmo boné com que saiu da terrinha... Restaurantes em Brasília devem ser chiques. Imagino o constrangimento do doutor por ter de ir com a camisa suada da viagem. Se foi de carro, o amigo rodou 920km, 11h46min de estrada. Uns pequenos retoques serão suficientes, acredito.

Só ficou sabendo dos acontecimentos pela mídia e foi à praça de guerra "só pra ver". Perfeito. Fez questão, porém, de gravar um vídeo debaixo da cúpula invertida da Câmara dos Deputados, em que xingou as mães dos policiais militares que, cumprindo seu dever, haviam espargido gás lacrimogêneo para tentar dispersar a patuleia ignara e enlouquecida, e ainda afirmou com todas as letras que "tem mesmo que matar esses caras". Devia ter ouvido seu advogado antes de gravar, mas acho que ainda dá para consertar.

Afirma na nota que "socorreu uma senhora" que havia sido atingida pelas bombas de efeito moral "até a ambulância chegar". Não duvido, nem um pouco. Só acho estranho é que nos incontáveis vídeos da quebradeira geral que os "pacíficos" manifestantes praticaram, que eles mesmos gravaram e fizeram questão de espalhar pela internet (que falta faz um advogado!), não vi uma única ambulância por ali... Não descreio da sua palavra, porém.

Imagino que o amigo esteja com alguma dificuldade, pois não teve outras camisas para levar na mala de viagem de visita ao filho. Isso me fez lembrar de tê-lo visto com os caminhoneiros organizando as manifestações que trancaram rodovias nos dias seguintes à vitória do presidente Lula. Até pensei, coitado, teve que mudar de profissão, virou caminhoneiro... É, a vida está difícil para todo mundo. Tempos melhores hão de vir, tenha fé. Aliás, já se iniciaram.

(Foto: Real Furgões)

Quanto aos outros - falo dos outros, não do doutor -, eles aprenderam na marra que atentar contra a Democracia, contra as instituições, não é mole não. Os golpistas bolsoterroristas hão de pagar por tudo o que fizeram, pelos prejuízos materiais e pelos imateriais. Espero que o amigo se livre dessa. Conselho de advogado, no entanto: melhore esse álibi, pois há considerável risco de os federais não o levarem muito a sério.

Abraços.

Por nada.

09/01/2023

Os Patriotas e Sua Batalha de Ásculo

Pensando bem, os autoproclamados "patriotas" conseguiram seu objetivo.

Sem um propósito claramente definido, eles adentraram de modo forçado às sedes dos três Poderes da República, como há tempos desejavam. Um feito inestimável.

Arrebentaram tudo o que puderam. Quebraram enormes estruturas de vidro, rasgaram estofados, esfaquearam obras de arte, arrombaram portas, roubaram armas, destruíram computadores e documentos. Com igual fervor patriótico, atiraram o Brasão da República ao chão, deixando-o ao relento, expulso de um dos palácios. Tão à vontade se sentiram que urinaram e defecaram pelos corredores. Fizeram, ora pois, uma "cagada" federal.

Saíram da gloriosa empreitada carregando diversos troféus, como a porta do gabinete do ministro Alexandre de Morais e a versão original da Constituição de 88. Gravaram vídeos e tiraram selfies em animados colóquios com soldados do exército e da polícia militar. Deixaram, enfim, a praça dos Três Poderes felizes e cantando vitória, convencidos de que haviam alcançado seu intento, fosse ele qual fosse.

Como cães que rosnam para pneus e correm atrás de automóveis, porém, não souberam o que fazer quando o carro parou. Eles subjugaram o Legislativo, o Executivo e o Judiciário do país. Vandalizaram e tocaram o terror. Chegaram ao ápice de adentrar o gabinete do presidente da República, palco das mais importantes decisões da vida nacional. E o que, afinal, fizeram com toda essa conquista? Mudaram alguma coisa na estrutura institucional do país? General Heleno é o presidente? Há uma junta militar a nos governar? BolsoNero voltou triunfante do esconderijo para o qual fugiu como gatinho assustado?

Não, nada disso.

O episódio serviu ao menos para acabar com a fantasia dos patriotários alimentada por setenta dias de acampamento diante de quartéis. Por mais violentos que eles sejam capazes de se mostrar, não passam de um bando de equivocados, abilolados, imbecilizados pelo fanatismo que dedicam a um ídolo de pés de barro. A esta altura, com mais de mil deles detidos na Academia da Polícia Federal de Brasília aguardando o momento de prestar depoimento, já devem ter a consciência de que de fato e de direito o Brasil tem um novo governo e que o presidente atende pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva, hoje mais forte do que no dia da eleição.

A "Tomada de Brasília" revelou-se uma reedição tupiniquim da célebre "Batalha de Ásculo". Repetindo o gesto do rei de Epiro e da Macedônia, felicito a todos os soldados "cabeças-de-papel" por essa histórica e tragicômica vitória de Pirro.

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 9 de janeiro de 2023)

(Imagem: "A Vitória de Pirro", Wikipedia)

03/12/2022

De Companheiro para Companheiro

Confesso que tenho dificuldade em me relacionar e debater com quem nem sempre é capaz de manter a habilidade necessária para expor um pensamento sem desqualificar o interlocutor. Conheço uma infinidade de pessoas queridas que certamente não percebem o grau de agressividade que vez ou outra suas palavras contêm.

Não raro eu procuro deixar no vácuo quando me deparo com exemplo dessa hostilidade que, no fundo, sei que não foi fruto de maldade, nem foi percebida por quem a cometeu.

Certamente um erro meu, mas, nesses momentos, prefiro esperar a poeira baixar e que a fogueira se apague. Não vale a pena estressar-me com amigos do coração, sobretudo companheiros e companheiras de partido ou que comigo ocupam o espaço à esquerda no espectro da Política.

Integro um partido em que nos tratamos como “companheiros”, palavra que significa “aqueles que dividem o pão“. Vem de “cum panis”, “com o pão”. Significa que entre comensais, entre aqueles que comungam da mesma mesa, hão de prevalecer o respeito e a confiança, ou ninguém comerá coisa alguma, haja vista que sempre haverá o temor de que a pessoa ao lado tenha colocado veneno no prato do vizinho de cá.

Já antes das eleições de 2018, por exemplo, quando Lula nem tinha sido preso e eu dizia que, embora preferisse Haddad candidato a presidente, era o ex-presidente quem tinha votos, amigos do coração vieram me dizer que era preferível apostar na renovação e que eu idolatrava a pessoa de Lula, seguido de um discurso oco sobre “idolatria a um político de estimação”.

Essa visão a meu respeito eu detesto, porque visa a me depreciar, como se fosse um fanático, alguém que se posiciona apenas por paixão exacerbada, quando tudo na minha vida procuro pautar pela razão. E há uma enorme distância entre idolatrar alguém e ter por ele ou ela admiração por força de razões concretas, objetivas.

Num partido político, assim como em qualquer agrupamento humano, institucional ou não, há de existir esse liame de confiança e de respeito entre seus integrantes.

Eu bem me lembro das discussões sobre o PT apoiar o PSDB na eleição da ALESP, das desconfianças suscitadas à época. E de outros casos semelhantes, como apoiar o Rodrigo Maia para presidente da Câmara Federal.

As pessoas têm compreensível dificuldade de entender as relações intraparlamentares. Os partidos precisam de espaço nos parlamentos, e isso envolve negociações que nem sempre são deglutíveis à maioria das pessoas.

O fato é que aquelas discussões pareciam ter o potencial de implodir o partido. Passou-se o tempo e, no entanto, ele se mantém íntegro e mais forte e muitos sequer se lembram dos motivos pelos quais se rebelaram contra parlamentares e seus apoiadores. Uma virulência que só serviu para prejudicar a imagem da agremiação e de suas lideranças perante os que já nos odeiam por diversas razões menores.

Agora é a vez da aprovação que a bancada do PT na Assembleia Legislativa paulista deu, por unanimidade, ao projeto que elevou os subsídios do futuro governador Tarcísio de Freitas. Ora, se toda a bancada votou de forma uníssona é de se supor que tenha havido discussões profundas que culminaram nesse consenso. Suposição calcada na confiança e no respeito.

O subsídio do governador representa o teto do funcionalismo do Estado, o que limita a possibilidade de elevação de salários de todas as áreas, desde os dos secretários estaduais até diretores de escola, por exemplo.

Sei que num país em que a imensa maioria ganha um salário mínimo, e muitos nem isso, é difícil explicar a necessidade desse aumento. De todo modo, eu prefiro que a bancada venha a público e dê suas explicações. Que até agora não vi.

Questionar a atuação de uma liderança política, de um partido ou de uma fatia deste, como sua bancada legislativa, é sempre legítimo, é próprio da Democracia. Expor desconfiança sobre a lisura do comportamento alheio, porém, é sempre temerário, de modo que a prudência recomenda aguardar as explicações formais da bancada.

É recomendável, sobretudo, respeitar quem com tal cautela prefere agir, o que desautoriza tomar-nos a todos como "cegos", "fanáticos" ou "idólatras". Sigamos tratando-nos uns aos outros como companheiros e companheiras que somos. Filiados ou não.

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 3 de novembro de 2022)

27/11/2022

O Pum é Todo Seu

Há quem creia não ser conveniente dar palpite em postagens alheias. Quando o autor não é faceamigo, sim, concordo.

Quando, porém, o autor é amigo no Facebook e posta um comentário com o selo de "público", a boa e velha razão nos certifica que o sujeito está abrindo ali um debate. Ou estou equivocado?

Pois bem. Um biconterrâneo de Rafard e Capivari, colega advogado e amigo meu de longa data - da vida real -, postou em seu Face o comentário de que "as autoridades supremas ainda não entenderam que os caminhoneiros não irão retroceder até que haja uma solução para o 'impasse' que elas criaram".

Assim aberto o debate, e por se tratar de meu amigo e de uma informação que reputo equivocada, expus minha opinião - e é exatamente para isso que serve a "liberdade de expressão" -, a título de informar que eles já estão retrocedendo e que não se trata de caminhoneiros, mas de meia dúzia de grandes empresários do ramo de transportes e do agronegócio. E que, como ele bem sabe por dever de ofício, se trata de locaute, iniciativa que a lei veda expressamente.

Para minha surpresa, eis que a "conja" do meu amigo vem e posta:

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"Nossa R. S., acho que tem alguém (além de mim) que dorme e acorda pensando em vc, pq tô vendo que vc não pode dar um 'peido' sem ser notado por essa pessoa !!! Ou a rede social dessa... não tem amigos da laia dela... para que se interajam entre elas a mesma ideologia que pregam... Eu hein ?

(Imagem: blog "Disparada", de Gilberto Marangoni)

E de dar nojo mesmo... Em qualquer amigo seu ter q suportar tanta idiotice de tal pessoa ... Pelo amor ... Faça uma faxina eu seu Facebook... No meu já comecei fazer ... Pessoas tóxicas que morram sozinhas ou acompanhadas de seus amigos cabeças ovos"

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Minha réplica:

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"B. P., sou amigo do R. e gosto de debater com ele, especialmente as provocações que ele faz. Quanto ao p****, ele é todo seu! Eeeeca, que nojo!

...

B. P., quanto aos meus amigos, gostaria imensamente de convidá-la para você se juntar a eles, mas neste momento é impossível.

Estou praticamente no limite dos 5000 que o Facebook permite e uma fila imensa de solicitações de amizade.

Quer saber mais a meu respeito, o que penso, como se comportam meus amigos, acesse:

(Postei o link para meu Facebook)

É o que costumo dizer: Informe-se primeiro para não passar vergonha em público."

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Aí ela me veio com a joia da coroa - que ele lamentavelmente deletou:

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"Luís Antônio Albiero você pode ter certeza que amigo dele você não é... Não passa de apenas conhecido... Isso posso te garantir, e outra coisa... Ele é educado com vc, e não gosta nenhum pouco de debater com vc, convivo com ele todos os dias, e você é uma pessoa que poderia ter bom senso e sair da página de amigos dele, assim vc libera mais um que tenha estômago. .. Por educação ele não tira vc... Vc deveria se colocar eu seu lugar... E devem procurar quem tem o mesmo pensamento...

Estou falando e repito

Ele é apenas educado com vc... Mas amigo??? Passa longe

E não se dirija mais a palavra a minha pessoa...

Sobre sermos amigos!!! Não tenho interesse algum, nem em sua amizade e mto menos em sua vida ... Diferente de vc, só me relaciono com pessoas que eu gosto de conversar

Não me importo com números de amigos em Facebook... E sim com qualidades.. por isso estou fazendo uma grande faxina... Ilude-se vc

Que vou querer alguém assim como amigo

... Exclui todos de meu Facebook... Pena que não posso excluir do dele tbm

Pq toda vez que vejo o Facebook dele tenho que toda vez suportar essa sua cara comentando as postagens dele ...

Vc deveria mesmo é ir comemorar com seus amigos

Não ficar aqui sendo chato e incoveniente.

Qto a outro comentário seu, aí vc mostra o tipo baixo e escroto que é.

Sem educação e sem respeito.

E me faça um favor.

Não se dirija a minha pessoa ...

E se tiver um pouco de bom senso

Nem a ele ... Você não convive com ele... E não vê o qto está sendo ridículo e sem noção sua manifestação no Facebook dele

Boa tarde e até nunca mais"

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Eu então:

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"B, convido-a também para conhecer minha página de crônicas, chamada de 'Crônicas & Agudas'.

Este link levará você para uma crônica de 2018, que recentemente turbinei e hoje, 27 de novembro de 2022, conta com mais de 2200 curtidas.

Abraços e bom domingo a todos aí.

Só recomendo que você não faça feijoada, ou batatas doces, porque, se sem isso, meu amigo R. já anda conspurcando o ar debaixo dos seus lençóis, imagine com!"

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A bem da verdade, já ultrapassou as 2400 curtidas e conta com mais de oitocentos comentários.

Prossegui:

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"Bi.P. S., queira você ou não, R. é meu colega advogado e amigo de longa data.

Eu, pelo menos, tenho essa consideração por ele. E nada peço em troca, nem sequer igual consideração.

Tenho-o praticamente como um amigo do peito.

Já amigo do pei*o, de fato, meu é que ele não é.

Fique com esse todinho para você.

De novo, bom domingo.

Só não se arrisque na feijoada!"

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E encerrei:

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"B. P. S., estimada.

Seguinte.

Primeiramente.

Foi você quem mencionou a palavra "p****", que o elevado grau de educação que minha mãe me deu me impede de reproduzir.

Você veio com suas indiretas "só-que-não" me chamando de "pessoa tóxica", que não tenho amigos, que meus textos são "idiotice", que meu amigo R. deveria me cancelar. Depois me chamou de "sem educação", "sem respeito", "chato", "inconveniente", "ridículo", "sem noção", "baixo", "escroto" - se não esqueci de nenhuma ofensa que você me fez; depois vou conferir nos "prints" que fiz por segurança.

Eu adoraria que você, a exemplo do que eu acabei de fazer em relação aos seus comentários, me apontasse em que pontos eu faltei com a educação ou com o respeito a você ou ao R..

Por gentileza, é só o que lhe peço. Até para meu aprimoramento como ser humano e cidadão. Obrigado."

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Claro que ela não conseguiu apontar nada.

26/11/2022

Solange, uma Leitora

Minha crônica de quatro anos atrás, que estava parada em torno de umas trinta curtidas, bombou nesta semana e alcançou mais de duas mil reações.

O mais interessante é que, diferentemente do que acontecia com todas as minhas crônicas antes da eleição presidencial, desta feita a maioria esmagadora dos comentários é elogiosa, positiva. Claro que não faltam as críticas de bolsonarentos e extremodireitistas enrustidos.

Uma deles, de nome Solange Savi, da vizinha e aprazível Itu, chamou meu texto de ridículo, disse que havia aparecido para ela "do nada" e me chamou de burro. Ela me disse que com burro não se conversa, serve-se palha e, por fim, ainda teve a petulância de dizer que eu a teria desrespeitado.

Mandei-lhe a seguinte resposta:

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Solange, filha... vou explicar a você como se estivesse explicando a um burro, embora eu saiba que burra você não é. Será apenas uma palhinha, talquei?

Seguinte. Meu texto não apareceu "do nada" para você.

Estamos num ambiente chamado Facebook. No momento em que aderimos, em que entramos nesse meio, aceitamos as regras que a empresa de Mark Zuckerberg criou. Correto?

No âmbito dessas regras e meios por ele disponibilizados há um mecanismo que Zuck chama de "turbinar a publicação".

Funciona assim. Eu paguei R$26,70 para o Facebook fazer propaganda deste meu texto por cinco dias.

Ou seja, assim como aparecem diversos anúncios com a legenda "patrocinado" em seu Facebook, apareceu meu texto

Da mesma maneira eu recebo todo o tempo anúncios de lançamentos imobiliários, de cadeiras, de serviços de informática, de editoras, enfim, de produtos e serviços os mais diversos, e eu clico naquilo que me interessa, também você recebeu o anúncio desta minha crônica.

Por alguma razão aí da sua cachola, você achou interessante, clicou e veio até aqui.

Seja bem-vinda, portanto. É um prazer recebê-la, mas, se você não gostou, não se sente à vontade num ambiente intelectualizado, dizia minha avó: a porta da rua é serventia da casa.

Com absoluto respeito eu apresentei a você meu texto. Com absoluto respeito eu respondi a seu comentário. Respeito é bom e todos gostamos. Então, por gentileza, mantenha-se respeitosa neste ambiente ou sirva-se da porta de saída.

Bom domingo a você.

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Link para a crônica: Coração Verde e Amarelo

20/11/2022

Do Twitter ao Koo

Elon Musk, tantas você fez que o brasileiro puxou para nosso lado o Koo indiano.

O Twitter tem como emblema um pequeno pássaro e o nome é uma mimologia, figura de linguagem - conta-me o Google, oráculo do século XXI - mais conhecida como onomatopeia. Um "tweet" representa o trinado de um canário, de um periquito como o "tuim", por exemplo, diria eu, diriam nossos homens e mulheres dos campos.

O Koo tem ou pretende ter a mesma formatação. Representa o pio da coruja, o arrulho do pombo, o grasnado do pato ou da gaivota, o crocitar do corvo, o pipilar do pavão (que mais parece um miado, digo-vos de cátedra, vizinho que sou de alguns nesta terra dos jacarés), o grassitar de aves de maior porte, como o gavião, o falcão e o milhafre.

E eu que não sabia que milhafres grassitam, e nem faço ideia do que seja um milhafre ou que som possa ter o grassitar deles!

Enfim, uma mensagem enviada pelo Koo é um pio, o pio do Koo.

Foi um passarinho que me contou.

Idos

Estava tentando responder uma a uma as felicitações que os amigos e amigas me endereçaram por conta dos meus 25 anos completados ontem (sei que esta minha carinha de 18 engana, mas é a dura realidade). Não tive fôlego, porém.

Muitíssimo obrigado a cada um de vocês que dedicaram um instante da vida para alegrar o dia deste escrevinhador, palpiteiro ordinário de feicebuque e outras redes.

Ano que vem, daqui a exatos 365 dias, estarei ingressando em caráter oficial no patamar dos idosos.

Idoso é quem acumula muitos anos "idos" - daí a palavra. "Entrado em anos", diriam Machado e os antigos. E eu, vocês sabem, tenho tentado de todo modo segurar o tempo.

Permitam-me, portanto, continuar curtindo meus 25! Como se dizia nos tempos jurássicos, de ilusão também se vive.

Sigo, pois, acumulando juventude.

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, aos 20 de novembro de 2022)

15/11/2022

Latindo para o Pneu

No WhatsApp, fiz a seguinte reflexão quando a companheira Lurdinha mencionou que o que querem os amalucados que estão lotando as frentes de quartéis e tiros de guerra é a tal intervenção militar:

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Sim. Mas como funcionaria essa intervenção?

BolsoNero teria o mandato prorrogado? Com base em que legislação? Por quanto tempo? Haveria eleição após esse período ou ele ficaria até morrer, como um monarca?

Ou os militares indicariam um interventor? Quem seria? Qual seria o tempo de mandato? Como seria a sucessão?

Ou os militares anulariam a eleição por "fraude"? Qual fraude?

Como eles se sobreporiam à autoridade competente, que é o TSE?

Seguiriam as regras de cassação de chapa eleita, ou seja, assumiria a presidência da República por três meses o presidente da Câmara (Artur Lira) até que se realizassem novas eleições?

E se Lula vencer de novo?!?

Enfim, essa gente está como o navio que bateu hoje à tarde na ponte Rio-Niterói. Totalmente à deriva.

São como o cachorro que late para a roda do carro. Se o carro parar, eles não saberão o que fazer (além de bater continência e cantar o hino nacional para o pneu, claro*).

Chamar a esse "movimento" de insanidade é pouco.

(*) Editei para acrescentar.

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, madrugada de 15 de novembro de 2022)

07/11/2022

Fênix e a Primavera

Não foi uma vitória qualquer. Foi o desfecho de uma sequência de vitórias que começou pela sobrevivência à fome e à seca, à miséria, à perseguição que lhe impôs a ditadura militar, a consecutivas derrotas eleitorais e perdas dolorosas no âmbito pessoal; ao assassinato de reputação que tentou impor-lhe a mídia, servil ao poder econômico.

Empreenderam-lhe uma perseguição implacável. Foi processado, condenado e preso sem crime e sem prova por um juiz ladrão, corrupto, parcial e incompetente. Com Supremo e com tudo, impediram-no de vencer em 2018, mas em 2022 não resistiram à sua força descomunal.

Sábio, ele compreendeu que era preciso unir os diferentes para enfrentar o antagônico, o fascismo em franco desenvolvimento.

Generoso, foi ao fundo do poço do ostracismo e de lá resgatou antigo adversário para ser seu vice. Inovou na arte culinária e, para garantir a comemoração, fez do chuchu a cereja do bolo.

Gênio, foi preciso no cálculo e venceu.

De pária do sistema, sagrou-se o salvador da Pátria, o redentor da Democracia.

Sem ele, não haveria vitória. Tinha que ser, qualquer outro não teria vencido, mas cada aliado, do vice aos adversários de primeiro turno, passando pela militância, por cada apoiador famoso que se empenhou, ou anônimo como este humilde escrevinhador, todos fomos fundamentais para o êxito. A vitória é nossa e é especialmente dele.

O triunfo de um e de todos deu nó nas vísceras intestinas que formam o cérebro de uma espécie animal bípede e mamífera, semelhante aos primatas, que, incapaz de se adequar ao ambiente democrático, chegou a bloquear com caminhões as rodovias de todo o país.

Democraticamente, eles clamam pelo fim da Democracia. Querem uma ditadura que possam chamar de sua e que lhes cale a boca, para nunca mais clamarem por coisa alguma.

Essa gente abilolada comemorou três ou quatro “prisões em flagrante” do ministro do tribunal eleitoral e não cessa de festejar cada vez que a tia do WhatsApp informa que, de novo, “foi confirmada a fraude”, da qual o Micto há tempos insiste em dizer que “tem as provas”.

Uma turba amalucada que não se acanha de cantar o hino nacional para um pneu, tenta segurar caminhão na unha bancando o Super-Homem e se ajoelha no asfalto molhado para rezar um terço puxado por uma religiosa de festa junina, versão feminina do padre de “Arakelmon”.

A patuleia acredita com fervor que o Micto está mictando à ré, “mijando para trás”, em seus raros pronunciamentos, mas “de mentirinha”, apenas para enganar o ministro ingênuo, o mesmo que não para de ser preso em flagrante. E vai ao delírio cada vez que ouve que o Micto precisa de 72 horas para dar o golpe – tempo que se conta a partir de cada novo anúncio.

Revoltam-se quando informados de que Paulo Freire será o ministro da educação do novo governo, mas se reanimam quando lhes contam que o finado educador pernambucano também foi preso. Em flagrante, claro.

Vão em multidão à sede do exército do Rio de Janeiro ou em porciúnculas diante dos Tiros de Guerra, como, para minha vergonha, fizeram ridículos conterrâneos de minha amada Capivari, para marchar como soldados cabeças-de-papel, bater continência aos meninos fardados a cada vez que hasteiam e arriam a bandeira e pedir intervenção militar, a que chamam de “intervenção federal” (cuidem-se, governadores!) em defesa – pasme, caro leitor! – da “liberdade de expressão”.

Alucinação generalizada, alienação coletiva, “remake” tupiniquim do Templo dos Povos, seita liderada por Jim Jones em 1978 que, iniciada nos Estados Unidos, teve seus ramos em terras de Pindorama (Belo Horizonte e favelas do Rio) e desfecho trágico na Guiana.

A cada amigo que vejo mergulhado nesse transe coletivo – que lamentavelmente não são poucos – indago: já chorou? Já esperneou? Já lambeu as feridas? Fez bem. Agora engula esse choro, cesse os soluços, respire fundo e se prepare para a próxima, que já tem até data marcada: 4 de outubro de 2026. Assim é na Democracia. Aceite, que lhe será menor a dor.

Podaram uma rosa, podaram duas, podaram dez, mas não foram capazes de impedir que a Primavera retornasse triunfante. Com ela, a ave fênix, de exuberantes penas vermelhas e garras douradas, ressurgiu soberana das próprias cinzas.

Lula está eleito, babaca!

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, em 7 de novembro de 2022)

De Facas e de Cebolas

Eva preparava o almoço quando viu, pelo vitrô da cozinha, Jesus em pessoa defronte à sua residência. Ouviu-o falar em paz e amor e viu-o multiplicar peixes e pães, saciar a fome e a sede dos que encontrava pelo caminho, levar dignidade, esperança, oportunidades e vida em abundância a mais de trinta milhões antes condenados à exclusão social ou a morrer de inanição. Assustou-se, porém, ao notar que ele estava acompanhado de uma gente preta vinda das favelas, de miseráveis maltrapilhos, prostitutas, ex-prisioneiros e homens efeminados. Sentiu medo. Descansou a cebola e a faca sobre a pia e telefonou à polícia. Jesus foi preso.

Ao cair da tardinha, viu o próprio Capeta na calçada oposta. Olhos avermelhados de sangue e portando um tridente, ostentava ele vistosos chifres e serpenteava exuberante rabo de dimensões extraordinárias. Cercado de homens brancos e bombadões que gritavam "mito, mito", ele fazia arminha com as mãos e se dizia o Messias. Encantou-se Eva com o que viu e ouviu e, no ímpeto de ir ao encontro do outro, cortou-se ao livrar-se da faca e da cebola com que preparava o jantar. Às lágrimas e com sangue escorrendo entre seus dedos, juntou-se à turba e elegeu o Capiroto presidente da República.

Não tardou para que a nação começasse a sofrer na pele o resultado da escolha maligna. E quanto mais escura a pele, maior o sofrimento.

Por vingança dos céus ou mera coincidência, viu-se o mundo tomado por uma peste que só no país de Eva arrebatou setecentas mil almas, a maioria porque o Trevoso optou por incitar os compatriotas a enfrentarem a moléstia de peito aberto, em aglomerações em seu louvor e sem máscaras. Ele falava em imunização de rebanho enquanto negociava vantagens indecorosas para adquirir vacinas a peso de ouro.

Fingia enfrentar o mal nomeando diversos ministros que fizeram da pasta um autêntico ministério contra a saúde. Um a um foram todos caindo, do maneta ao pesadelo em forma de general, até que só sobrasse... "Que droga!", resignou-se o Tinhoso à falta de melhor opção.

Em seu governo, nada era a favor da nação. A regra era ser contra. Contra tudo e contra todos. A favor, só da família presidencial.

Os ministros contra a educação também se sucederam, culminando com uma tríade de pastores que, por inegável inspiração cristã, pediam oferendas para si como ouro, incenso e mirra para que verbas fossem liberadas.

Houve ministros contra a cultura, os quais desnudaram a ópera bufa que foi o governo do líder das Trevas. Começou com uma encenação de orgulhar Goebbles, passou pelo pum de talco espirrado da bunda do palhaço, e assim foi mudando de mãos e de bundas até terminar em malhação. Não a do Judas, das mais celebradas festividades populares. Malhação do próprio histrião que só soube fazer pum, mictar e defecar durante todo seu escatológico reinado.

O Cramulhão criou o Ministério Contra os Homens de Cor, para o qual nomeou seu mais fiel capitão do mato. Para o ministério contra a Justiça escolheu o juiz ladrão que trocava sentenças por cargos.

Seu ministro contra as relações exteriores foi um lunático que bradava contra o globalismo, na defesa de que a terra era plana. Se bem que quem passou os anos todos no mundo da lua foi o astronauta, ministro contra a ciência e tecnologia. Dizia-se à sorrelfa no baixo escalão que ambos dividiam a condição de ministros das relações extraterrestres.

Houve uma ministra contra a família e contra os Direitos Humanos que descria da laicidade das goiabeiras e do Estado e agia para que meninos usassem azul e meninas, rosa, zelosa para que estas, se estupradas, deixassem crescer a barriguinha.

O ministro contra o meio ambiente empenhou-se em passar o trator e a boiada, incendiar florestas, extrair árvores, pedras preciosas e peixes impunemente, inclusive matar índios e jornalistas mal vistos, enquanto o povo se distraía com a peste.

O mais importante foi o ministro contra a economia, apodado Posto Ipiranga pelo presidente em razão de seu gosto insaciável por elevar o preço dos combustíveis dia sim, dia também. Sabia ele como bem aplicar suas próprias economias, as quais mantinha no exterior, resguardadas da corrosão inflacionária, embora vulneráveis às frequentes oscilações da moeda internacional que ele mesmo controlava.

Ao fim de quatro anos, Eva estava satisfeita. Considerava que o Coisa Ruim havia feito o que pode para enfrentar a pandemia. Afinal, ele não poupara combustível em frequentes motociatas que organizava em homenagem a si próprio e para festejar suas vítimas. O importante, pensava Eva, é que a pátria estava salva, estreme de extremados extremismos extremos, embora ainda restasse enfrentar a extrema-imprensa e a Corte Extrema.

Até que veio a notícia de que o parlamento pretendia instalar comissões de inquérito. O governo então anunciou o contra-ataque: criaria uma comissão para investigar os oposicionistas. Sua intenção era desvendar tudo que pudesse ser alcançado, desde quem matou um insepultável prefeito, passando pelo crime da rua Toneleros e pelo assassínio de Júlio César pelos senadores, até quem matou quem nos primórdios da humanidade, se Caim a Abel ou vice e versa. Foi então que Eva ponderou que, naquele universo machista e misógino onde e quando ainda só havia quatro exemplares da espécie humana, talvez ela não devesse ter-se deixado encantar pela serpente que servia de rabo ao Capiroto.

Súbito, Eva compreendeu de quem era a culpa por toda a desgraça que se abateu sobre o país, desde o dia em que escorreram lágrimas de cebola de seus olhos e sangue de seus dedos.

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, madrugada de 7 de julho de 2022)

04/11/2022

A Mais Querida da Infância

Resposta a uma amiga conterrânea:

"M..., querida, como vai?

Já deu uma olhada em quem está do lado do seu Micto?

Sabe quem é Valdemar da Costa Neto? Lembra de Roberto Jéferson? De Eduardo Cunha? De todo o pessoal do tal Centrão - aquele mesmo sobre o qual o impoluto só-que-não general Heleno cantava "se gritar pega Centrão..."?

Já viu o patrimônio acumulado por seu Micto ao longo de três décadas só na exploração da franquia eleitoral do sobrenome da familícia?

Conhece Flávio Bolsonaro e sua mansão adquirida por 6 milhões de reais, por baixo, em plena pandemia? Jair Renan, sua mãe e respectiva mansarda?

E Fabrício Queiroz? Já descobriu por que ele depositou 89 mil reais na conta da Michele?

Já examinou a compatibilidade entre os rendimentos da familícia e a aquisição de C E N T O E S E T E imóveis, dos quais C I N Q U E N T A E U M foram pagos em dinheiro vivo?

Você faz ideia do porquê de pagar imóveis em dinheiro vivo?

Já calculou o volume de 6 milhões de reais em notas de cem?

Estimada, vire esse disco arranhado. Não se apequene tanto.

Não se iguale a essa gente abilolada que já comemorou três ou quatro "prisões em flagrante" do Alexandre de Moraes, que não cessa de festejar cada vez que a tia do WhatsApp informa que já "confirmaram a fraude" e que o Micto "tem as provas", as mesmas que há anos ele vem dizendo que tem.

Nao se imiscua com essa gente amalucada que canta o hino nacional para pneu, que tenta segurar caminhão na unha bancando o SuperHomem, que se ajoelha no asfalto molhado para rezar um terço puxado pela descompensada Cássia Kis, que vai ao delírio por ouvir que o Micto precisa de 72 horas para dar o golpe - e esse tempo que não passa!

Que acredita com fervor que o Micto está mictando à ré, ou seja, "mijando para trás", mas é só "de mentirinha", só para enganar o Alexandre de Moraes, o mesmo que não para de ser preso em flagrante...

Que vai em multidão à frente da sede do exército do Rio de Janeiro ou em porciúnculas diante dos Tiros de Guerra, como fizeram os ridículos conterrâneos desta amada Capivari, para pedir intervenção militar, a que chamam de "intervenção federal" (cuide-se, Rodrigo Garcia!) em defesa - pasme! - da "liberdade de expressão"!

Não lhe ocorre que algo muito errado não está certo nessa lambança toda? Nessa alucinação generalizada? Nessa alienação coletiva? Nesse "remake" do episódio da seita liderada por Jim Jones em 1978?

Olha com que tipo de gente você se envolveu, rasgando sua biografia a ponto de por em xeque sua reconhecida inteligência cartesiana!

Por falta de aviso meu é que não foi!!!

Não se prenda ao passado. 'Bora caminhar para a frente que a fila andou.

Lula venceu, vai governar pelos próximos quatro anos. O time do Micto vai para a oposição. É assim na Democracia!

Vamos pensar no futuro.

Vamos pensar no que interessa ao povo pobre, que quer comida na mesa, três refeições ao dia, emprego, salários valorizados. Dignidade, esperança, oportunidades e vida em abundância, como Lula já proveu aos mais necessitados nos dois primeiros mandatos, ao que Dilma deu sequência.

Deixe que a polícia e o Ministério Público cuidem das cuecas e dos pneus preenchidos com dólares, do ouro cobrado pelos pastores do ministério da educação para liberar recursos, da tentativa de faturar R$1 de propina por dose de vacina adquirida em plena mortandade da pandemia.

Já chorou? Já esperneou? Já lambeu as feridas? Fez bem.

Agora engula esse choro, cesse os soluços, respire fundo e se prepare para a próxima.

Que já tem até data marcada: 4 de outubro de 2026.

Aproveite este momento tragicamente hilário para reler "O Alienista" e boa sorte da próxima!

*************

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, madrugada de 4 de novembro de 2022)

24/10/2022

Ligando Pontos

Quatro experientes policiais federais foram tranquilamente à casa de um sujeito sabidamente armado, sabidamente disposto a tudo - como registrado por ele mesmo em farto material audiovisual espalhado pelas redes sociais - para prendê-lo.

Lá chegando, calmamente tocaram a campainha e esperaram que ele abrisse a porta, obviamente seguros de que ele se entregaria.

Todavia, algo deu errado e o meliante começou a usar seu espantoso arsenal bélico. Atirou cinquenta vezes contra os policiais e soltou duas granadas. Dois policiais foram feridos e correram risco de morrer.

Por que raios os policiais foram cumprir a ordem de prisão assim, de forma tão despreocupada? Sem reforço, sem retaguarda, a peito aberto, absolutamente expostos?

Quem viu as cenas ao vivo mostradas pelo próprio delinquente, vistas do monitor das câmeras posicionadas do lado de fora da porta da casa, sentiu que algo estava errado com aquela forma de abordagem. Eu senti.

Suspeito que tenha havido prévio acerto entre o ex-deputado, o presidente da República e o ministro da Justiça. BolsoNero chegou a anunciar publicamente que havia destacado o ministro para resolver o caso.

Tudo acertado, o ministro deve ter dito aos policiais: "vão lá tranquilos porque já negociamos e ele vai se entregar". Um acordo político que certamente precedeu ao cumprimento da ordem judicial.

Os policiais foram enviados para uma arapuca!

BolsoNero e seu ministro expuseram quatro agentes da polícia federal à fúria de um bandido ensandecido sabidamente disposto a tudo.

É por isso que a Polícia Federal hoje está em pé de guerra com o candidato BolsoNero.

Depois de desmoralizar as Forças Armadas, desta feita BolsoNero expôs todo seu descaso à polícia federal. Gravemente. De modo imperdoável.

(*) Em Jacareí, SP, aos 24 de outubro de 2022

17/10/2022

Insalubridade

Lula foi um herói no debate. Devia receber uma espécie de abono de insalubridade da Band por ter de ficar duas horas debatendo com um sujeito tóxico, mentiroso, irresponsável, inconsequente, incapaz de formular uma ideia que não tenha por base sua cultura de Facebook.

BolsoNero só fez reproduzir o conhecimento que recebeu da tia do WhatsApp.

Insistir em idiotices como fechamento de igreja na Nicarágua, ideologia de gênero, banheiro unissex é tiro no pé.

Lula fez bem em deixar o ogro falar sozinho por sete minutos, vomitando essas estultícias que já convenceram os estúpidos que se permitiram convencer e não agregam mais ninguém.

O povo quer é saber de salário, emprego, matar a fome, ter saúde e educação.

16/10/2022

Passou dos Limites

A campanha de BolsoNero e muitos de seus apoiadores têm por método de ação pegar vídeos de Lula, recortar falas e editá-los invertendo a ordem para criar feiquinius sobre o ex-presidente. Chegaram até a alterar rotação, deixando-o com voz arrastada para fazê-lo parecer bêbado. Pronta a peça danosa à honra de Lula e financiados por grandes empresários como o espalhafatoso palhaço de verde e amarelo Veidavan, gastam milhões de reais em modo caixa dois para espalhar a edição tosca.

Aí vem a público uma fala desastrosa de BolsoNero por inteiro, sem cortes, sem edição, como a entrevista de ontem em que ele confessa que passeava de moto num sábado de manhã por uma comunidade de Brasília quando viu na porta de uma casa algumas meninas venezuelanas de treze, catorze anos, bonitas e "bem arrumadinhas", circunstâncias que por força de seu preconceito o fizeram concluir que era para "ganhar a vida".

Na sequência, disse BolsoNero que "pintou um clima" e ele decidiu entrar na tal casa de prostituição das meninas venezuelanas. Foi ele que disse exatamente isso! Nessa exata ordem.

Na madrugada de ontem para hoje ele gravou um vídeo para explicar o caso. E o que foi que ele disse?

Que o PT recortou a fala dele e editou invertendo a ordem. E não explicou o que ele quis dizer com "pintou o clima".

Complementou que, na ocasião, em 2020, a título de demonstrar sua "indignação", ao invés de adotar as medidas institucionais cabíveis para denunciar a suposta exploração da prostituição e proteger as meninas, o autoproclamado "defensor da tradicional família brasileira" resolveu "fazer uma 'live' direto da casa". Nada mais.

Passou de todos os limites!

(*) Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, aos 16 de outubro de 2022.

08/10/2022

Para que Servem os Governos?

Em primeiro lugar, os governos servem para organizar a vida em sociedade.

Imagine que o mundo estivesse começando agora e se resumisse ao pessoal do seu bairro, da sua escola, ou mesmo da sua cidade, e que, por óbvio, não houvesse governo, nem sequer noção do que isso pudesse ser, por absoluta falta de experiência. Sim, claro, seria uma bagunça, um verdadeiro caos.

Feita a organização da sociedade, por meio de constituições, leis, regras de toda sorte, ainda resta identificar: para que servem os governos, além de organizar a sociedade?

A sociedade é um conjunto gigantesco de pessoas que convivem com suas diferenças, com suas deficiências, com suas virtudes e seus defeitos. Há os fracos e há os fortes, há os que têm mais inteligência e os menos dotados, há os sãos e há os doentes.

E há os ricos e há os pobres. Há os pobres remediados e há os extremamente pobres, que mal têm o que comer. E há os muito, muito ricos, que sequer enxergam os mais pobres, de qualquer nível.

Penso que a mais importante razão de existirem os governos é garantir que todos, indistintamente, possam viver, e viver com um mínimo de dignidade, o que aponta necessariamente para dar maior atenção aos pobres.

Em tempos de eleição é preciso partir dessa premissa para bem escolher o governante: os governos têm por finalidade organizar a vida em sociedade de modo a permitir a todos viverem condignamente.

Governos não existem espontaneamente, não surgem do nada. A Humanidade desenvolveu a Política como forma pacífica de resolver os conflitos e inventou a Democracia para que seus governantes fossem escolhidos por meio da consulta à vontade de todos e para que todos pudessem participar das decisões e delas se beneficiar.

Estamos às vésperas da realização do segundo turno da eleição mais importante de toda a História do Brasil.

É nosso dever avaliar qual dos dois candidatos, qual dos grupos políticos que disputam a eleição está efetivamente preocupado com o objetivo de organizar a sociedade de modo a garantir vida digna para todos.

O atual presidente já deu mostras mais que suficientes de que não se importa em criar empregos, por exemplo. Chegou a dizer, num de seus arroubos verborrágicos, que "eu não crio emprego", o que é apenas meia verdade. De fato, quem "cria" empregos são as empresas, a depender, porém, das demandas da sociedade.

Um bom presidente "cria", sim, empregos, como criou Lula em seus oito anos como presidente. Foram mais de vinte milhões de empregos, vencendo um quadro de desemprego similar ao atual, de 12% da mão-de-obra do país.

Não os criou à base de canetadas, evidentemente. Ele os criou por meio de políticas e ações que permitiram condições objetivas para que a economia do país crescesse.

Lula se preocupou, a partir do programa "Fome Zero" e depois pelo "Bolsa-Família", em garantir um mínimo de renda a todas as pessoas que viviam na extrema pobreza.

Com isso, ele permitiu que essas pessoas comprassem o arroz, o feijão, a carne, o leite, o pão nosso de cada dia. Garantiu a alimentação do povo e gerou demandas. Foi preciso produzir mais arroz, mais feijão, mais carne, mais leite, mais trigo e mais pão.

Os produtores - os pequenos agricultores, os empresários do agronegócio, do comércio, dos transportes - precisaram contratar mais trabalhadores na lavoura, na pecuária, mais caminhoneiros para transportar a produção, mais atendentes para o atacado e para o varejo.

Fez o que se chama girar a roda da economia.

Ao mesmo tempo, Lula criou o Minha Casa Minha Vida, que incrementou a demanda no âmbito da construção civil. Além de garantir moradia digna a milhões de brasileiros, foram gerados mais empregos para pedreiros, engenheiros civis, bancários, mais trabalho para corretores, pintores, eletricistas.

Com esse incremento, os trabalhadores passaram a ter necessidade de comprar mais roupas, mais sapatos, por exemplo.

A consequência é que, por todos os lados, os empregos cresceram, os salários se elevaram, a qualidade de vida do brasileiro melhorou efetivamente.

E o governo Lula foi além. Por meio do BNDES, abriu linhas de crédito para empresas - grandes, médias, pequenas - e para microempreendedores. As pessoas comuns passaram a frequentar aeroportos, a viajar para dentro e para fora do país. Os que antes acreditavam que faziam jus a certos privilégios chegaram até a reclamar que aeroporto estava parecendo rodoviária.

Noutro flanco, o governo Lula se preocupou em elevar o acesso ao ensino universitário. Através do aperfeiçoamento do FIES, da criação do Prouni, do Reuni, do SISU, das cotas, o Brasil saiu de 3,5 milhões de estudantes universitários antes de Lula chegar à presidência para mais de 8 milhões quando Dilma foi tirada pelo golpe dos corruptos de 16. Mais que dobrou o número de alunos do ensino superior.

Com o maior acesso dos filhos do pobre às universidades, estes melhoraram seu padrão de vida. Tornaram-se engenheiros, médicos, advogados. O filho do pobre pode também se tornar doutor - o que igualmente provocou a ira dos que achavam que diploma de curso superior era privilégio de sua casta.

Enquanto se preocupava com a economia e com a educação, Lula também avançava em áreas como saúde pública. Criou o SAMU, criou o programa Médico de Família, ampliou o número de leitos hospitalares. Dilma foi mais longe, criou o Mais Médicos, levando esses profissionais a rincões abandonados e à periferia das cidades do país, aonde o médico filho da elite se recusava a ir.

Lula levou energia elétrica aonde não havia, por meio do programa Luz para Todos, e as pessoas puderam adquirir geladeira, aparelhos elétricos e eletrônicos, elevando a qualidade de vida da população.

Levou cisternas para onde a seca era um problema e deu início à execução da transposição do Rio São Francisco, um projeto dos tempos do Império que nunca antes houvera saído do papel, para matar a sede dos nordestinos, obra que Dilma chegou a completar 95%. Tirada a ex-presidenta à força do poder, coube a Temer e, por último, ao atual presidente completar o pouquíssimo que faltava.

Lula ainda teve a oportunidade de recuperar a indústria naval brasileira e a expandir mundialmente a indústria da construção civil. Também pelo BNDES, financiou empresas BRASILEIRAS que foram construir obras mundo afora, dos Estados Unidos à África, gerando empregos para engenheiros e técnicos BRASILEIROS, financiamentos que exigiam das construtoras utilizar insumos produzidos no Brasil, criando ainda mais empregos no país e salários cada vez mais elevados.

Agora pegue lápis e papel - ou caneta BIC, como quiser, com tinta ou sem, tanto faz - e faça uma relação das ações e programas do governo BolsoNero que realmente tenham contribuído para organizar nossa sociedade de modo a permitir um mínimo de dignidade aos brasileiros.

Ao invés de se preocupar com a criação de empregos, ele lavou as mãos e disse que esse não era seu papel.

Ao invés de pensar na alimentação do povo, preocupou-se em armar a população.

Chegou a dizer algo como se o fuzil fosse mais necessário aos cidadãos do que o feijão.

O resultado é que se tornaram rotineiros crimes e acidentes com arma de fogo. Em Jacareí, por exemplo, um garoto matou o cunhado ao disparar a arma que este havia deixado no banco traseiro do automóvel. Em Taubaté, uma menina de treze anos matou a bala a amiga de doze após uma discussão. Armas não têm outra serventia senão tirar a vida de alguém.

Um presidente que defende e difunde o uso de armas pela população não só não pode se dizer cristão como atenta verdadeiramente contra as famílias, porque permite que elas se destruam ou sejam destruídas - como no caso do fanático de Foz do Iguaçu que invadiu uma festa de aniversário para matar quem não pensava como ele, politicamente. Ou do sujeito que deu um tiro num irmão de fé dentro de uma igreja, por divergência da mesma natureza.

Lula, por sinal, é cristão. Foi batizado, crismado e se casou três vezes na igreja católica. Sua primeira esposa faleceu no parto - ele perdeu a mulher e o filho. Casou-se depois com dona Marisa Letícia, com quem viveu 43 anos de uma linda história de amor. Dona Marisa faleceu em decorrência dos abusos da Lava Jato contra sua família. Recentemente, Lula casou-se de novo. E tem dito e repetido que é contra o aborto, embora seu adversário insista em difundir "feiquinius" em contrário (logo ele, que chegou a cogitar de abortar o filho Jair Renan).

O outro também casou-se três vezes. Todas, porém, estão vivas, e bem vivas, e muito ricas. Ele se habituou a trocar de esposa sempre que elas alcançavam o prazo de validade. Esse é o "conservador", o "cristão", o que dizem que defende a tradicional família brasileira.

Enfim, Lula sempre governou cuidando do povo brasileiro, garantindo a todos um mínimo de dignidade, permitindo que todos pudessem tomar o café da manhã com leite, pão e manteiga, almoçar e jantar pelo menos um prato de arroz com feijão, um bifinho com batatas fritas em cada refeição, todos os dias. E, claro, nos finais de semana todos podiam reunir a família e os amigos para comer uma picanha e tomar uma cervejinha, que ninguém é de ferro, afinal.

Em resumo, Lula levou água, pão, dignidade, esperança e oportunidades a todos os brasileiros.

Costumo dizer que, como bom e verdadeiro cristão, Lula cumpriu a missão dada por Jesus de levar "vida em abundância" ao seu povo.

Já o outro, negligenciando na hora de comprar vacinas durante a pandemia, sabotando acintosamente as regras internacionais de combate ao vírus, estimulando aglomerações e desestimulando o uso de máscaras enquanto debochava dos doentes, e difundindo o uso de armas, só nos trouxe morte e destruição das famílias brasileiras.

A decisão é sua.

Está em suas mãos decidir entre quem promove a paz em família e garante emprego, liberdade e segurança alimentar e quem, mais preocupado com motociatas e passeios de jet-ski na hora do expediente, descuida do seu povo e promove a destruição das famílias, prega o ódio e é incapaz de emitir uma palavra de amor.

Vote 13 e contribua para o retorno da paz e do amor aos nossos lares ou, votando no outro, para manter esse clima de ódio, de discórdia e guerra que acabará nos destruindo a todos.

Bom voto a todas e todos!

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 8 de outubro de 2022

08/09/2022

Papo a Três

CENA I

Em cena, estão MESSIAS, trajando terno e com uma Bíblia na mão, e JAIR, vestido com uma camiseta da seleção brasileira, número 17 às costas com seu nome em cima, calção verde, meia três quartos e bota de cano curto. Ambos estão sentados à mesa de reuniões e portam armas de brinquedo, que repousam sobre o móvel.

PRESIDENTE entra em cena, por uma porta à esquerda. Traja um terno com gravata verde-oliva em tons de camuflagem e a faixa presidencial cruzando o figurino em diagonal. Nas partes baixas veste um pijama e calça chinelos. Sob o braço segura um quepe. Mal aparece, logo para à porta, espreguiça-se estendendo o braço livre e boceja longamente.

PRESIDENTE: Falaí, rapaziada. Que que manda? Por que tão cedo aqui? Não é nem meio dia ainda. Que que tá pegando? Nem me falem de futebol hoje, talquei!? Ahahahaha!

JAIR: É, pois é. Essa eliminação do Palmeiras...

PRESIDENTE: (irritado) Cale a boca! Eu falei para não falar de futebol!

MESSIAS: Presidente, estamos preocupados. A repercussão do que aconteceu ontem não foi das melhores, meu irmão.

JAIR: Na verdade, foi péssima, meu Mito.

PRESIDENTE: Mas Messias, Jair, péssima por quê? Eu não saí das quatro linhas, saí? Não ataquei os canalhas do Supremo, não ameacei golpe, não... não...

MESSIAS: Não, não saiu das quatro linhas. Mas aquele coro, “imbrochável”, pegou mal, Irmão! Muito mal.

JAIR: Minha fraquejadinha de nove anos estava assistindo, presidente. Perguntou o que era "imbrochável”. Tive de explicar...

PRESIDENTE: Mas, Jair, eu sou imbrochável mesmo, p***a! Pergunte pra Michele!

JAIR: Não é bem isso que ela me diz.

PRESIDENTE: (bravo) Ela não diz porque não é com você que ela dorme. Ela dorme é com o Presidente! – diz, batendo as mãos sobre o próprio peito.

JAIR: Nós sabemos! Mas que pegou mal, pegou.

PRESIDENTE: Mas eu falei de Deus, Pátria e Família! Deus acima de todos, p***a! Falei que Ele me deu nova vida pra servir ao meu povo! Não falei, Messias?

MESSIAS: Meu irmão, nós reconhecemos, nessa você mandou bem, fez o povo lembrar da “feiqueada“...

PRESIDENTE: (irritado) Fale baixo, Messias! Não use essa palavra. Está proibida! Eu mesmo mandei censurar! E as paredes têm ouvido!

MESSIAS: Desculpe, desculpe. Não está mais aqui quem falou.

JAIR: Por falar em quatro linhas, Presidente, o que é que quer dizer essa figura de linguagem?

PRESIDENTE: Que figura de linguagem que nada, que eu não sou macho de ficar com frescura. O que eu tenho de falar eu falo na lata!

JAIR: Então...?!?

PRESIDENTE: (baixando o tom) Então... é que eu só li as quatro primeiras linhas da Constituição, talquei?!? (Voltando a gritar) Mas nunca saí delas, p***a!

MESSIAS: Não saiu, mas... digamos que... deu uma escapadinha. É fato que nós usamos uma solenidade oficial para fazer campanha política. Estão dizendo que isso vai dar problema, que podem cassar sua candidatura.

PRESIDENTE: (gritando) F**a-se minha candidatura! Não tô nem aí. Não nasci presidente, p***a! Messias, Jair, vocês me conhecem desde sempre. V,ocês acham que eu nasci com esta me*da desta faixa no corpo? Olha, eu já tô cansado dessa p***a toda, p***a! Não nasci pra isso. Eu gosto é de comer gente. Eu sou militar, minha especialidade é matar!

MESSIAS: Mas se você não for reeleito, seremos todos presos! Nós e toda a família!

PRESIDENTE: Só Deus me tira da minha cadeira de presidente!

JAIR: Mas as pesquisas, Mito, indicam...

PRESIDENTE: São todas compradas! Aquele nove dedos comprou todas!

MESSIAS: Nós sabemos, meu irmão, mas são muitas! Não é possível que todas estejam erradas. E custaria muito caro comprar todas!

PRESIDENTE: (em tom de deboche) Quanta ingenuidade, Messias. Quanta ingenuidade! Já esqueceu que o nove dedos roubou trilhões?

JAIR: Sabemos, presidente. Mas é fato que não encontraram nada, nenhum centavo com aquele cachaceiro miserável. E ele já saiu cobrando de nós. Quer saber com que dinheiro compramos 107 imóveis, 51 pagos em dinheiro vivo!

PRESIDENTE: E ele queria o quê, Jair? Que eu comprasse com dinheiro morto? Pra depois dizer que meu governo é o “governo da morte”, p***a!? Que foram 26 milhões em dinheiro vivo e, na pandemia, 680 mil mortos? É isso?

JAIR: Que contabilidade macabra, meu Mito. (Reflexivo) Não tinha pensado nesses termos antes...

MESSIAS: Essa coisa dos imóveis também está prejudicando nossa campanha, meu irmão presidente.

PRESIDENTE: E por falar nessa p***a aí dos imóveis, Messias, já providenciaram a certidão do marido daquela vaca jornalista?

JAIR: Presidente, esse é outro problema sério. Nós precisamos melhorar a imagem perante as mulheres. E chamar jornalista de vaca só piora as coisas.

PRESIDENTE: Mas eu nunca chamei jornalista de vaca, p***a!

MESSIAS: Acabou de chamar...

PRESIDENTE: Só aqui, entre nós. Lá fora é outra coisa. Até beijei Michele na boca, chamei de princesa e disse que ela é muito melhor do que aquela mocinha bonitinha que casou com o nove dedos!

JAIR: O beijo de língua também não pegou bem, presidente. A liturgia do cargo, essas frescuras de cerimonial... Mas pegou mal mesmo foi a cara de nojo que a Michele fez logo depois do beijo. Sem contar aquela discussão, antes, no carro...

MESSIAS: Aliás, quando ela pôs a cabeça para trás de sua orelha, pareceu que ela estava enxugando a boca no seu pescoço. E aquele sorrisinho amarelo, a cara de nojo que ela fez... Não ajudou nada!

PRESIDENTE: Jair e Messias, vocês estão exagerando, talquei! O evento foi ótimo, deu tudo certo, aquele mar de gente...

MESSIAS: Os caminhões não foram. O jipe sendo empurrado...

JAIR: Os paraquedistas que quase morreram...

MESSIAS: Os presidentes dos Poderes, as outras autoridades que não compareceram...

PRESIDENTE: Do que vocês estão falando, Jair e Messias? Até tive de aguentar aquele comunista do meu lado o tempo todo no palanque oficial.

JAIR: O Veidavan virou comunista? Bem que eu sempre desconfiei daquele Louro José!

PRESIDENTE: Que Veidavan que nada! Esse carequinha é meu bródi. Tô falando do presidente de Portugal. Não desgrudou de mim.

MESSIAS: E o pior, não deu nem para contar piada de português para ele.

PRESIDENTE: Ahahahaha! Verdade.

JAIR: Pelo menos ele trouxe o coração. Que piada!

PRESIDENTE: Olh'aqui. O DataPovo é a única pesquisa que não mente. Nós vamos vencer no primeiro turno, escute o que estou dizendo. A voz do povo...

MESSIAS: Não sei, meu irmão. Já não estou tão confiante. Precisamos pensar num plano B.

PRESIDENTE: Não tem plano B, p***a nenhuma! Só se for B de Bozo!

MESSIAS e JAIR (em coro): Como?!?

PRESIDENTE: Ops! Escapou. Mas não tem plano B coisa nenhuma, talquei!?

JAIR: Temos que pensar numa saída à francesa, meu Mito.

PRESIDENTE: Saída à francesa é coisa do Ciro Gomes, aquele nordestino cabeça chata de Pindamonhangaba, p***a!

JAIR: Hoje ele é nosso melhor aliado, presidente.

PR: Tem razão, Jair. Mas como assim, saída à francesa? O que quer dizer isso?

MESSIAS: Fugirmos. Podemos fugir para uma embaixada, para um país amigo. Arábia Saudita, pensei.

JAIR: Miami...

MESSIAS: Israel, a Terra Santa!

PRESIDENTE: Tenho grandes amigos no Oriente Médio. O xeique degolador de jornalista, por exemplo. Queria ver a Vera e a Amanda chegarem perto de mim, se teriam coragem de olhar para mim com aquele olhar canalha com que me encararam. (Imitando a Amanda): “Presidente, como o senhor explica a compra das p***as dos imóveis?” Aquele ar de deboche da Renata ao lado do Bonner. Aaaah, que ódio dessas va...! Dessas péssimas jornalistas. Devem sonhar comigo, ter orgasmos pensando em mim, todas elas.

MESSIAS: Na Arábia estaríamos a salvo dessa gentalha, meu irmão.

JAIR: Gentalha, gentalha!

MESSIAS: Porque de fato as pesquisas...

PRESIDENTE: (esbravejando) Não quero mais falar de pesquisas, p***a! Está encerrada a p***a desta entrevista!

(Bate forte à mesa e sai, muito irado)

CENA II

Passa-se no mesmo local, muitos anos depois.

ROSÂNGELA está em pé, trajando roupas sóbrias e a faixa presidencial cruzando o figurino em diagonal. Ao lado dela, também em pé, dois árabes com seus trajes tradicionais que trazem à mão um pote de vidro que oferecem a ela.

ÁRABE 1: Presidenta, vimos em nome do governo da Arábia Saudita.

ÁRABE 2: Nosso povo se sentirá muito honrado se Vossa Excelência aceitar esta oferenda de nosso povo.

ÁRABE 1: Muitos anos atrás, nosso país recebeu em exílio um presidente que fugiu do Brasil com sua família assim que perdeu a eleição para seu saudoso marido, Senhora!

ÁRABE 2: Como estamos às vésperas de mais um aniversário da Independência do Brasil, e a exemplo do que fez Portugal com o coração de Dom Pedro I por ocasião do bicentenário, nosso governo resolveu presentear seu povo com isto.

ÁRABE 1: Até para nos livrarmos dessa coisa...

(ÁRABE 2 cutuca acintosamente o colega e o repreende com o olhar)

ROSÂNGELA: Sei, me lembro muito bem daquele Coisa Ruim, o Inominável. Mas é o coração dele? Tão pequenininho...

ÁRABE 1: (tossindo) Não exatamente, Senhora!

ROSÂNGELA: (caminhando para o centro do palco, expondo o pote à plateia) Ei, mas isto é um pênis! E caído!

ÁRABE 2: Mas conservado em formol, Senhora!

(ROSÂNGELA começa a rir até que todos caem na gargalhada)

***FIM***

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, madrugada de 8 de setembro de 2022)

Link:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=418474310269323&id=100063202722778

24/06/2022

Busca e Apreensão de Versículos

Palavras literalmente reproduzidas ditas pelo ex-ministro da Educação de BolsoNero, Milton Ribeiro, em telefonema à filha:

"Hoje o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento, novamente, de que podem querer atingi-lo através de mim

“É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?"

“Ele acha que podem querer fazer uma busca e apreensão em casa. É muito triste”

Então é isso.

Por causa de uns versículos que o ex-ministro tem mandado para BolsoNero a Polícia Federal pode estar querendo atingir o presidente fazendo uma busca e apreensão na casa do religioso ex-assessor.

Pressentimento que o sensitivo BolsoNero já teve anteriormente.

Resumindo: a Polícia Federal está empenhada em fazer busca e apreensão de uns versículos na casa do ex-ministro de BolsoNero.

É só isso, gente maldosa.

14/05/2022

Convite à Reflexão

Dentre meus muitos amigos, queria destacar um em especial. .

Foi delegado de polícia por muitos anos. Conduta irreprovável!
Conhecemo-nos em Americana, eu advogado, ele delegado.
Foi suplente de vereador e, nessa condição, assumiu por longo período a vereança. Desde sempre no MDB, foi candidato a prefeito em 2020.
A convite de vereadores do PT, tornei-me assessor jurídico e tive oportunidade de auxiliá-lo em duas "CPI 's" (comissões especiais de inquérito, como são conhecidas em âmbito municipal), uma da qual ele foi o presidente, outra, o relator.
Ele gostou do meu trabalho.
Reeleito para a legislatura seguinte, desta feita como titular, tornou-se presidente da Câmara e me convidou para ser procurador da Casa. Aceitei a honraria.
De lá, saí para assumir o cargo de procurador municipal em outra cidade, este por concurso público (a saga para obter acesso ao cargo eu relato na "treta" objeto de recente publicação que fiz).
Esse meu amigo é homem honrado, digno da minha admiração.
Não é antipetista, por óbvio, mas ainda tem alguma reserva em relação a Lula.
Treinado para ser delegado de polícia, é compreensível que tenha pendores acusatórios, condenatórios de quem quer que seja acusado de algum crime.
Hoje ele interveio numa publicação que fiz - aquela mesma que rendeu a tal treta para lá de estressante com outro amigo.
De novo.
Eu postei que "sou brasileiro, voto Lula 13".
Ele interveio para dizer que esperava "melhor opção".
Objetei que ele tinha a melhor das melhores opções à disposição.
Fiz então o seguinte CONVITE À REFLEXÃO, que agora divido mais amplamente, na intenção de alcançar mais pessoas de bem que ainda não estão suficientemente esclarecidas sobre os fatos que envolveram Lula.
Aí vai:
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Meu querido e admirado amigo.
Eu entendo você. Não o recrimino, juro que não.
Sei como é difícil.
Você, como todos os brasileiros, passou esses anos todos, dia após dia, noite após noite, tendo a mente envenenada pela mídia, a Globo com aquela imagem diária de dutos gigantescos dos quais saíam rios de dinheiro; as capas infindáveis da Veja, da Istoé, incriminando Lula, associando-o a tudo de ruim que acontecia no país.
Essa gente é o que, senão porta-voz do poder econômico ao qual pertencem os próprios donos, os Marinhos, os Abravanel, os Civita e os Mesquita?
É preciso entender o jogo político, os interesses em jogo, que eu resumo em capital versus trabalho.
Eu entendo você e todos os que, vítimas desse envenenamento diuturno, deixaram se levar pelo preconceito que, adredemente, esses veículos de comunicação despertaram e alimentaram por esses anos todos.
Preconceito e ódio.
O preconceito diz respeito à origem de classe de Lula.
Um sujeito vindo da pobreza que resolve ser político, só pode estar em busca de se dar bem na vida.
Segue contra os sindicalistas.
Um trabalhador que tem a pretensão de liderar outros trabalhadores só pode ser por desejo de ter poder e, claro, enriquecer.
Esse preconceito chega à condição de político de Lula, pois com toda a certeza do mundo todo político é corrupto.
Você é político. Eu sou politico. Nós sabemos que esse senso comum reinante na sociedade é falso.
Ou eu estou enganado? Em relação a mim, sei que não. Estarei enganado em relação a você? Aposto que não.
A partir do preconceito, passou-se a lidar com o ódio.
Lula, que tanto fez pelo povo mais humilde, que sempre e tanto lutou para combater a corrupção, precisava ser abatido no quesito que ele tem por mais precioso: sua honestidade. Sua honra. Sua dignidade.
Moro, Dallagnol, essa direita concursada, achou que seria fácil.
Afinal, Lula veio da pobreza, meteu-se no sindicalismo, tornou-se político, foi presidente da república, comandou oito orçamentos anuais de mais de 1 trilhão de reais cada um, cada orçamento.
Vai ser moleza, pensaram.
É claro que ele é corrupto! Só pode ser corrupto!
Quebraram a cara. Deram com os burros n'água.
Porque, diferentemente deles próprios, corruptos (Moro vendeu a sentença por um cargo no ministério da justiça e expectativa de outro, no STF; Dallagnol comprou dois apartamentos de andar inteiro no bairro mais caro de Curitiba e sua mãe chegou a adverti-lo para não deixar tantos dólares debaixo da banheira), Lula é HONESTO.
O que me incomoda, meu amigo, é que, sabendo da correção do seu caráter, sabendo dos valores que você preza, que são os mesmos que eu prezo, você não consiga se libertar desse preconceito que lhe foi infundido e se deixe levar pelo ódio que você nutre sem sequer perceber.
Isso me incomoda.
Dê uma oportunidade à sua consciência. Ao seu caráter de pessoa correta, justa, honesta. Cristã, imagino.
Reflita sobre o que escrevi.
Avalie tudo o que houve e o que de fato restou.
Sérgio Cabral foi flagrado com o que desviou em seu favor. Eduardo Cunha foi flagrado com contas irregulares fora do país. Geddel foi flagrado com dólares escondidos num apartamento destinado exclusivamente a servir de esconderijo desses valores.
Contra Lula, o que há?
Cadê o fruto do tanto que ele "roubou"?
Cadê as joias, os quadros valiosos, os carrões? Os imóveis?
Cadê a ostentação?
Cadê os valores irregulares em contas-correntes, no Brasil ou no exterior, em nome dele, da falecida esposa, da futura esposa, dos filhos, das noras dos netos? Dos auxiliares, dos assessores, dos amigos, correligionários ou aliados?
Cadê o "laranja", o Fabrício Queiroz de Lula?
Um convite à reflexão racional (perdoe-me pela redundância) é tudo o que lhe faço.
Abraços. Bom final de semana.
(Luís Antônio Albiero, em Capivari, aos 14 de maio de 2022)

Não Há Demanda para a Humildade

Fiz uma postagem em que digo "sou brasileiro, voto em Lula 13".

Despertou a ira de alguns amigos, claro.

Um deles postou "não voto em ex-presidiário".

Eu o fiz ver que ex-presidiários existem aos montes, por injustiças históricas. Citei Jesus, Pedro, João, Ghandi Mandela e Martin Luther King. Depois acrescentei Tiradentes e os demais inconfidentes.

Ele disse que eram "devaneios" meus, que seriam frutos ou de "doença mental" ou de "interesses" que eu teria.

Interesses em defender Lula, naturalmente.

Disse ele que sabia quais eram meus "reais interesses" e que "parte" deles eu já havia conquistado.

Completou afirmando que conhecia a minha "história" e recheou a insinuação com uma sequência dos infaltáveis "kkk".

Veja que até aqui são afirmações. Não há pergunta alguma. Apenas afirmações, com evidentes insinuações.

Mais adiante ele indaga em "qual governo", e "qual partido", eu entrei no cargo que hoje ocupo.

Isso depois de eu já ter postado um longo comentário em que esclareço - observem que postei antes de qualquer indagação dele! - que eu prestei o concurso sob um governo do PSDB, que deveria ter sido convocado pelo mesmo governo do PSDB e que assumi o cargo, depois de uma batalha judicial que durou oito anos, quando de novo era governo o PSDB.

E que o PSDB me prejudicou exatamente por eu ser petista.

Eu pedi que ele se explicasse. Que pesquisasse e, se a consciência dele assim o determinasse, que se retratasse.

Mas humildade não é produto que se compra em supermercado, não é mesmo?

Ele fez as insinuações em público e me pediu desculpas em privado.

Enfim, abaixo publico a íntegra do meu comentário que ele se recusou a ler, que vale para qualquer um que tenha dúvida, interesse, preocupação ou, sei lá, até mesmo alguma pontinha de inveja do cargo que, honrosamente, hoje ocupo:

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Às vezes eu fico me perguntando: por que sempre que eu coloco alguém diante do espelho da sua própria consciência o sujeito fica nervosinho, como acabou de acontecer, acima, com meu amigo de longa data L* C* C*?

O que faz despertar nessas pessoas tamanho ódio, a ponto de sempre fazerem as mesmas insinuações, as mesmas ofensas?

Chamar de "devaneios" o que escrevo ou é incapacidade de compreender meu raciocínio - e eu me penitencio por talvez não conseguir me expressar de maneira inteligível - ou é puro desejo de me achincalhar, o que me conduz à ideia, talvez equivocada, de que faltem argumentos a essas pessoas.

Mas a ofensa mais evidente, na verdade, a pretensão mais evidente de me ofender reside nas insinuações que essas pessoas fazem acerca de um possível "interesse" de minha parte na vitória de Lula ou do PT.

A toda evidência, essas pessoas não se referem a interesse público. Decerto, não lhes passa pela mente pervertida pelo senso comum que meu interesse seja o de que tenhamos um Brasil governado por gente honesta e sinceramente empenhada em proporcionar dias melhores para todo nosso sofrido povo brasileiro. Certamente não é a esse interesse que essas pessoas se referem, porque, assim fosse, sequer mencionariam a palavra.

Suponho - e é mera suposição, espero estar enganado - que essas pessoas se refiram a interesse pessoal. Um cargo, por exemplo. Como se exercer um cargo em governos fosse demonstração de algo ruim, de mau-caratismo talvez. "Mamata", chamam a isso, a esses - perdoe-me, caro L* C* - a esses devaneios.

Não gosto de ser pedante, mas não posso deixar de mencionar e lembrar que sou procurador municipal concursado que, ao contrário desses devaneios de meus interlocutores, conquistei sem qualquer ajuda de quem quer que fosse.

Prestei o concurso quando o prefeito era um tucano. Deveria ter sido convocado por esse mesmo prefeito já no seu segundo mandato, mas esse prefeito, exatamente por eu ser petista, me prejudicou ao ponto de me atrasar oito anos na carreira, porque me obrigou a entrar na justiça para lutar pelo que era meu por direito, por merecimento (alô, meritocratas!).

Oito anos durou a luta judicial, o que me custou oito anos de salários que deixei de receber e o ingresso num plano de carreira piorado, em relação àquele em que eu deveria ter ingressado.

Esse é o cargo que ocupo, numa prefeitura que até mês passado era governado por outro tucano (que deixou o PSDB e renunciou ao cargo para disputar o de governador do estado de São Paulo pelo PSD, do Kassab).

E, sem ser pedante, como eu dizia, tenho um salário que me satisfaz e me permite uma vida bem confortável. Muito confortável.

Então, odientos que vivem a tentar me ofender com essas insinuações, não percam seu tempo. Não se deixem levar por essa irracionalidade.

Eu não preciso de outro cargo público para me "dar bem" na vida.

Engulam esse preconceito, esse ódio, essa inveja.