Sempre me veio à mente, imediatamente: "esse líder é Lula!"
E com a mesma imediatidade me vinham os freios: mas BolsoNero responderá pela presidência até 31 de dezembro de 2022; mas mesmo que seja cassado, o novo presidente será escolhido pelo Congresso, indiretamente; mas mesmo que haja eleições, Lula está inelegível...
Uma sucessão de "mas" que tornava irrealizável o desejo de que o único líder capaz de unificar o país e o recolocar nos trilhos - e dar alívio ao mundo, porque hoje o Brasil é uma ameaça biológica à Humanidade - voltasse a governar.
Aí veio a interferência do imponderável.
Fachin, que há cinco anos vem sendo soldado da Lava Jato no STF, solta uma decisão que nem o mais otimista jurista ou advogado, ainda que militante do PT, como eu, poderia sonhar e anula todas as sentenças que tornavam Lula inelegível.
Resultado prático imediato: Lula está elegível! Não tem nada, hoje, que impeça sua candidatura a qualquer cargo, de vereador a presidente da República!
Mas ainda restavam os outros "mas". BolsoNero segue presidente e as eleições presidenciais só se realizarão daqui a vinte meses. Que desalento...
Só que um líder autêntico não depende de cargo público ou mandato para que seus atos sejam efetivos.
É ver o que aconteceu quase que imediatamente após o pronunciamento - sim, pois não foi discurso, nem entrevista, mas verdadeiro pronunciamento! - que Lula fez no dia seguinte ao anúncio de que sua liberdade agora é plena.
No mesmo dia, o "despresidente", que vinha fazendo campanha - incrível! Mas é a pura verdade - contra o uso de máscara, cuidado primaríssimo no enfrentamento da pandemia em que a doença se alastra pelas vias aéreas, eis que aparece em evento público, pela primeira vez em meses, devidamente emascarado.
Mas não só isso. Esqueceu tudo o que disse contra a vacina e tomou atitudes concretas para promover a vacinação em massa. Já se fala até em exonerar o "desministro" Pazuello, um primor na arte da "lojística" (com "j" mesmo, de "loja", da "lojinha" da 25 de Março que lhe restará administrar, se tanto).
E ainda não foi tudo! O Brasil descobriu que há três meses - ou seja, muito antes da inimaginável liberdade plena - Lula já vinha intercedendo junto aos governos da China (desta intervenção eu já sabia; só não entendo por que não repercutiu na época. Lula enviou uma carta a Xi Jinping, secretário geral da China) e da Rússia, com vistas à destinação das vacinas aos brasileiros. Para tanto, Lula fez valer sua respeitabilidade e sua credibilidade na geopolítica internacional, ambiente em que BolsoNero perambula como um pária.
Como escrevi aqui, em tom jocoso, não sei se Lula é santo, mas é fato que, em três horas de pronunciamento ele fez alguns "milagres": levou BolsoNero a usar máscara e seu governo, finalmente, a priorizar a vacinação. E, de quebra, fez com que ele colocasse um globo terrestre na mesa, durante a "Deus me Live" da última quinta feira, e isso porque Lula o chamou de "terraplanista".
E agora sabemos que o milagre de São Lula foi muito maior!
Não, Lula não é santo. Nem precisa. Gostaria muito de conhecer o grau de "santidade" de cada sujeito estúpido que cobra isso dele. Lula é um ser humano, demasiadamente humano. Do tipo que chora com as famílias dos 270 mil brasileiros mortos pela pandemia, e não dessa espécie que ri e debocha da desgraça de seu próprio povo, como fez o sociopata "despresidente".
Como ser humano, Lula é o mais preparado, dentre os oito bilhões de almas que caminham por este planeta, para gerir uma crise gravíssima e inigualável, no plano histórico, como a atual pandemia.
Porque o humano Lula é um autêntico líder.
Mais que isso, Lula é um estadista.
(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, aos 13 de março de 2021)