17/11/2021

Tentativa de Despertar Empatia

Sem jeito para despachar uma pessoa que andava me aperreando, por quem nutria e nutro sincera simpatia, enviei a ele a carta que segue, para só depois bloqueá-lo.

É um empresário de minha cidade, cuja identidade prefiro preservar. Nossa troca de mensagens começou no perfil de um amigo comum, da vida real e daqui do Facebook, mas foi em infinitas mensagens privadas que eu perdi a paciência.

Foram meses em que eu dizia a ele verdades sobre Lula, que toda pessoa de bom senso e razoavelmente informada já sabe, mas ele não só se recusa a reconhecê-las como insiste em ofender o ex-presidente.

Achei esse jeito de me despedir sem fechar de vez as portas, tentando despertar nele empatia através da inversão especular dos personagens, em que ele próprio passa a ser a vítima das mentiras que ele vive a espalhar sobre Lula.

Osvaldo é nome fictício, evidentemente. Só o prenome, se eu publicasse, todo mundo de Capivari reconheceria.

A resposta que ele me deu foi inacreditável. Estou tentando encontrar um jeito de publicar, mantendo o sigilo de sua identidade. Por ora, segue apenas minha "carta", que enviei ao "Osvaldo".

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"Meu caro Osvaldo,

Ontem precisei bloquear um amigo no meu Facebook, e por sua causa. Para você ter uma ideia, ele veio me dizer umas coisas a seu respeito que eu não gostei. E você sabe a estima que tenho por amigos como você.

Começou chamando você de "novidedo". Não sei o que significa "novidedo", mas ficou na cara que ele quis ofender você.

Depois passou a chamar você de ladrão, de corrupto. Até criou um apelido pra você, "osvaladrão". Claro que aí já encrespei. Disse a ele que você não é nada disso. Até perguntei "ladrão por quê? O que foi que ele roubou? Quais as provas?" Ele não soube dizer, mas continuou acusando você.

Quando eu disse que você foi absolvido em dezoito processos, ele rebateu jurando que foi graças aos amigos que você tem no STF. Também foi em vão que eu lembrei a ele que esses tais amigos deixaram você preso em Curitiba por 580 dias, mesmo tendo consciência de que o juiz que o condenou era suspeito, parcial e incompetente. Um "juiz ladrão", como disse o deputado. Juiz ladrão que acertava as jogadas com o técnico do time adversário, aquele dalanholzinho metido, de faces róseas e traços longílineos, muito honesto, tão honesto que esconde dólares debaixo da banheira - segundo a mãe dele, mas como confiar na palavra de uma mãe quando se refere ao próprio filho, não é mesmo?

Ele - esse meu amigo que bloqueei por sua causa - disse então que você tinha sido condenado em duas instâncias. Eu insisti que os processos foram anulados, ele insistiu em dizer que os juízes eram seus amigos. Tentei argumentat que você foi absolvido em quatorze processos, todos julgados por juízes de primeiro grau, todos de carreira, concursados e que não devem nada a você, como nada devem a prefeito, governador, presidente ou empresário algum. E que só outros quatro haviam sido anulados por seus "muy amigos" do STF.

Não adiantou. Ele finge não entender. Ou não entende mesmo. Suspeito que ele tenha algum déficit cognitivo, uma certa dificuldade de compreender raciocínios complexos.

Ele é desse tipo de gente que acredita na justiça do país só até a página dois. Acredita no juiz de Curitiba e no TRF 4. Quando chega no Supremo, não vale mais, ele desacredita.

E ficou repetindo e repetindo que você é ladrão, é corrupto, é "novidedo" e o chamando de "osvaladrão". E de cachaceiro, imagine você!

Bloqueei. Sem dó.

Ah! Parabéns pelo discurso de ontem no Parlamento Europeu. Achei ótimo você lembrar que aqueles parlamentares representavam países que num passado recente viviam em guerra uns contra os outros, mas que em um dado momento foram capazes de compreender suas diferenças, aparar as arestas, e ali estavam juntos, civilizadamente, mostrando que a paz é possível, que um mundo novo é possível.

Vibrei quando vi aqueles parlamentares todos aplaudindo você em pé, e por vários minutos.

Legal ver você, um brasileiro, levando essa mensagem de paz mundo afora. Dá um orgulho na gente.

Gostei também do seu discurso no instituto SciencesPo. Você estava leve, solto, como se conversasse em casa com amigos. E com a habilidade de um professor falando com seus alunos. E na casa do Saber! Da nata da intelectualidade francesa e de todo o mundo. Você é o cara, Osvaldo! Obama estava mais que correto.

E depois o encontro com o Macron, o presidente da França! Com a prefeita de Paris! E amanhã com o primeiro-ministro da Espanha. E já esteve com o chanceler alemão que vai substituir a Angela Merkel. Você não é fraco, não. Enquanto isso, o outro desperdiça tempo e dinheiro público passeando em Dubai e tramando com ditadores. E fazendo arminha, claro.

Sabe, Osvaldo, bloqueei o cara só por sua causa, mas não tenho raiva dele, não. Sei que só está com o coração amargurado, por alguma razão lá da vida pessoal dele, que não me interessa. O sujeito angustiado, frustrado, que visivelmente morre de inveja de você, acaba cultivando a planta venenosa do ódio no próprio coração. Avisei a ele: esse seu ódio não fará mal algum ao Osvaldo. O Osvaldo nem sabe da sua existência. Tanto rancor só fará mal a você mesmo.

E ele se diz cristão. Do tipo que vai à missa (disse que faz três anos que não vê Fernando Haddad na missa, e eu nem sabia que Haddad era católico e que frequentava a igreja ali do bairro onde ele mora, no interior) e faz caridade. E que faz questão de propagandear a caridade que faz. "Não saiba a mão esquerda o bem que faz a direita", eu disse a ele.

Bloqueei. Gosto dele, gostaria de aprofundar a amizade, ele me parece bastante simpático e pelo jeito está precisando de amigos sinceros, mas temo acabar me contaminando com essa toxicidade que ele emana pelos poros.

Abraços, Osvaldo. Beijos à Janja. É bonito ver vocês dois juntinhos, esbanjando amor e alegria. Não se esqueça de me convidar para o casamento. E ano que vem, já sabe, o Brasil inteiro sabe: é Osvaldo lá!

Do seu amigo de sempre,

Luís Antônio Albiero, de São José dos Campos, sp, aos 17 de novembro de 2021."

15/11/2021

Pérolas na Minha Página

Onde eu treto mesmo, a valer e com gosto, é na minha página "Crônicas & Agudas".

Tudo o que lá posto eu compartilho aqui e em diversos grupos dos quais faço parte, voluntariamente ou neles incluído sem minha prévia permissão.

Além disso, algumas das crônicas eu impulsiono, ou seja, pago um valor ínfimo, vinte ou trinta reais, e o Facebook promove uma "propaganda" do texto, que aparece nos perfis com a marca de "publicidade". A crônica obtém um alcance muito maior, com garantia de bom retorno. Só que, por mais que eu tenha restringido o alcance desse mecanismo a um contingente que o próprio Facebook chama de "público inteligente", invariavelmente a "propaganda" vai além desses contornos e chega a leitores nem tão dotados assim da inteligência esperada.

Vocês precisam ver as pérolas que me aparecem! E, modéstia às favas, as respostas que dou, sempre procurando interagir de modo civilizado com quem nem sempre cultua a civilidade.

Este é só um exemplo, e me deixou severas preocupado.

Vocês vão entender a razão.

Na imagem, o comentário de alguém de nome Meire Menezes, que é público e, por isso, não vou me preocupar em resguardar sua identidade.

Abaixo, minha resposta:

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Meire, de que grupo você fala?!?

Compartilhei o link em diversos grupos dos quais faço parte, na maioria "enfiado" neles sem minha vontade, que não faço ideia de em qual deles eu pareceria "infiltrado".

De todo modo, sua fala, recheada de pré-concepções e coalhada de "feiquinius", me deixou realmente preocupado.

Afinal, você diz que falo "como um de direita". E a direita, pelo tanto e pouco que vi, deu para perceber que é o seu "lugar de fala".

Se você me reconheceu entre os seus iguais, Deus me livre!, é de fato preocupante. Tomara que seja só pela empatia que usualmente procuro empregar em meus relacionamentos.

De todo modo, preciso repensar ao menos meu modo de me expressar, para não parecer que me deixei contaminar pelo modo de ser da direita... Tesconjuro!

Enfim, muito obrigado por ligar minha luz de alerta.

E também por acessar o link que deixei no seu grupo e vir à minha página prestigiar minha despretensiosa crônica.

Fique à vontade, volte sempre que quiser.

É do diálogo que se faz a luz.

Beijo no coração.

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