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05/01/2022

O Segredo do Médico

Enquanto baianos e mineiros sofriam debaixo d'água em razão das enchentes, o Micto divertia-se em férias sem fim entre a gente catarinense, em passeios de jet-ski, iates e giros de automóvel. Desfrutou da mamata em grau tão elevado que ficou todo cheio de si e entupiu. Não conseguiu mais defecar, embora seja o que ele melhor saiba fazer no dia-a-dia.

Acostumado a excretar pela boca, o relativo silêncio que lhe foi imposto após o traquezinho do 7 de Setembro, anunciado aos céus e terras como uma bomba nuclear, fez com que o despresidente se tornasse cada vez mais enfezado. Leia-se, mais carregado de fezes, mais cheio de si.

Resultado: Sua Excrescência foi parar no hospital. Reuniram-se dezenas de médicos e nenhum conseguiu desentalar o esgoto acumulado nos intestinos presidenciais. Tiveram de recorrer ao profissional que o atendera por ocasião da "fakeada" que lhe dera Adélio.

Como uma diarreia que não se estanca, o mal explicado evento de Juiz de Fora tem rendido infinitas desculpas e simpatias ao excrementíssimo, que lhe têm servido para recuperar uns pontos positivos a cada vez que sua popularidade despenca nas pesquisas de opinião e de intenção de voto.

Correu à boca pequena que a razão da preferência pelo renomado oncologista - embora oncologista de fato não seja - deveu-se à sua capacidade de guardar segredos. O Micto sabe que o doutor não é um boca mole. Tem carreira a preservar, um nome a zelar, não há de ter por hábito dar com a língua nos dentes. O uso do cachimbo, afinal, é que faz a boca torta.

Interromperam-lhe as férias em Bahamas. Mandaram um avião buscá-lo. Ao chegar, o especialista correu ao quarto do moribundo, que choramingava feito guria de fraquejada achando que de fato estava a desfalecer. Mal cumprimentou os colegas e os familiares do enfermo aglomerados em torno do leito, no qual o constipado gemia em dolorosos mimimis.

Como um autêntico esculápio brasileiro, o profissional nem pôs a mão no corpo do paciente. Abriu a maleta, remexeu uns papéis, retirou algo que aos presentes pareceu uma fotografia e a mostrou ao indefecável. O Micto olhou e quase teve uma síncope, tal o susto que levou. Borrou-se todo e tingiu de marrom o lençol. Um creme nojento da cor de chocolate espalhou-se por toda a cama e pelo chão. Aliviou-se, enfim, da constipação, ao custo de empestear o ar de todo o hospital e adjacências.

O médico saiu como entrou, sem dizer palavra. Só mais tarde foi que, ao lado do paciente já recuperado, concedeu entrevista em que afirmou que o mal-estar devera-se a um camarão mal comido. Era para mastigar quinze vezes, mas o glutão engasgou na mordida de número treze.

Os jornalistas começaram a especular se, tendo ocorrido tamanho desconforto nacional por conta de um singelo camarão, como haveria de ser com Lula. O médico sorriu, embora ninguém tivesse notado. "Não dá para comparar. Os efeitos adversos são diversos", balbuciou, já saindo. Nenhum dos repórteres entendeu o comentário.

A senhora que fez a higiene do quarto estranhou uma fotografia que encontrou caída sob a cama. Era a imagem de Lula, com as coxas expostas coroadas por uma saliência colossal logo acima. Definitivamente, um santo remédio.

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 5 de janeiro de 2022)

2 comentários:

Luís Antônio Albiero disse...

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Unknown disse...

Muito bom, e vc foi sutil...ele é mais podre ainda...