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14/05/2022

Convite à Reflexão

Dentre meus muitos amigos, queria destacar um em especial. .

Foi delegado de polícia por muitos anos. Conduta irreprovável!
Conhecemo-nos em Americana, eu advogado, ele delegado.
Foi suplente de vereador e, nessa condição, assumiu por longo período a vereança. Desde sempre no MDB, foi candidato a prefeito em 2020.
A convite de vereadores do PT, tornei-me assessor jurídico e tive oportunidade de auxiliá-lo em duas "CPI 's" (comissões especiais de inquérito, como são conhecidas em âmbito municipal), uma da qual ele foi o presidente, outra, o relator.
Ele gostou do meu trabalho.
Reeleito para a legislatura seguinte, desta feita como titular, tornou-se presidente da Câmara e me convidou para ser procurador da Casa. Aceitei a honraria.
De lá, saí para assumir o cargo de procurador municipal em outra cidade, este por concurso público (a saga para obter acesso ao cargo eu relato na "treta" objeto de recente publicação que fiz).
Esse meu amigo é homem honrado, digno da minha admiração.
Não é antipetista, por óbvio, mas ainda tem alguma reserva em relação a Lula.
Treinado para ser delegado de polícia, é compreensível que tenha pendores acusatórios, condenatórios de quem quer que seja acusado de algum crime.
Hoje ele interveio numa publicação que fiz - aquela mesma que rendeu a tal treta para lá de estressante com outro amigo.
De novo.
Eu postei que "sou brasileiro, voto Lula 13".
Ele interveio para dizer que esperava "melhor opção".
Objetei que ele tinha a melhor das melhores opções à disposição.
Fiz então o seguinte CONVITE À REFLEXÃO, que agora divido mais amplamente, na intenção de alcançar mais pessoas de bem que ainda não estão suficientemente esclarecidas sobre os fatos que envolveram Lula.
Aí vai:
*************
Meu querido e admirado amigo.
Eu entendo você. Não o recrimino, juro que não.
Sei como é difícil.
Você, como todos os brasileiros, passou esses anos todos, dia após dia, noite após noite, tendo a mente envenenada pela mídia, a Globo com aquela imagem diária de dutos gigantescos dos quais saíam rios de dinheiro; as capas infindáveis da Veja, da Istoé, incriminando Lula, associando-o a tudo de ruim que acontecia no país.
Essa gente é o que, senão porta-voz do poder econômico ao qual pertencem os próprios donos, os Marinhos, os Abravanel, os Civita e os Mesquita?
É preciso entender o jogo político, os interesses em jogo, que eu resumo em capital versus trabalho.
Eu entendo você e todos os que, vítimas desse envenenamento diuturno, deixaram se levar pelo preconceito que, adredemente, esses veículos de comunicação despertaram e alimentaram por esses anos todos.
Preconceito e ódio.
O preconceito diz respeito à origem de classe de Lula.
Um sujeito vindo da pobreza que resolve ser político, só pode estar em busca de se dar bem na vida.
Segue contra os sindicalistas.
Um trabalhador que tem a pretensão de liderar outros trabalhadores só pode ser por desejo de ter poder e, claro, enriquecer.
Esse preconceito chega à condição de político de Lula, pois com toda a certeza do mundo todo político é corrupto.
Você é político. Eu sou politico. Nós sabemos que esse senso comum reinante na sociedade é falso.
Ou eu estou enganado? Em relação a mim, sei que não. Estarei enganado em relação a você? Aposto que não.
A partir do preconceito, passou-se a lidar com o ódio.
Lula, que tanto fez pelo povo mais humilde, que sempre e tanto lutou para combater a corrupção, precisava ser abatido no quesito que ele tem por mais precioso: sua honestidade. Sua honra. Sua dignidade.
Moro, Dallagnol, essa direita concursada, achou que seria fácil.
Afinal, Lula veio da pobreza, meteu-se no sindicalismo, tornou-se político, foi presidente da república, comandou oito orçamentos anuais de mais de 1 trilhão de reais cada um, cada orçamento.
Vai ser moleza, pensaram.
É claro que ele é corrupto! Só pode ser corrupto!
Quebraram a cara. Deram com os burros n'água.
Porque, diferentemente deles próprios, corruptos (Moro vendeu a sentença por um cargo no ministério da justiça e expectativa de outro, no STF; Dallagnol comprou dois apartamentos de andar inteiro no bairro mais caro de Curitiba e sua mãe chegou a adverti-lo para não deixar tantos dólares debaixo da banheira), Lula é HONESTO.
O que me incomoda, meu amigo, é que, sabendo da correção do seu caráter, sabendo dos valores que você preza, que são os mesmos que eu prezo, você não consiga se libertar desse preconceito que lhe foi infundido e se deixe levar pelo ódio que você nutre sem sequer perceber.
Isso me incomoda.
Dê uma oportunidade à sua consciência. Ao seu caráter de pessoa correta, justa, honesta. Cristã, imagino.
Reflita sobre o que escrevi.
Avalie tudo o que houve e o que de fato restou.
Sérgio Cabral foi flagrado com o que desviou em seu favor. Eduardo Cunha foi flagrado com contas irregulares fora do país. Geddel foi flagrado com dólares escondidos num apartamento destinado exclusivamente a servir de esconderijo desses valores.
Contra Lula, o que há?
Cadê o fruto do tanto que ele "roubou"?
Cadê as joias, os quadros valiosos, os carrões? Os imóveis?
Cadê a ostentação?
Cadê os valores irregulares em contas-correntes, no Brasil ou no exterior, em nome dele, da falecida esposa, da futura esposa, dos filhos, das noras dos netos? Dos auxiliares, dos assessores, dos amigos, correligionários ou aliados?
Cadê o "laranja", o Fabrício Queiroz de Lula?
Um convite à reflexão racional (perdoe-me pela redundância) é tudo o que lhe faço.
Abraços. Bom final de semana.
(Luís Antônio Albiero, em Capivari, aos 14 de maio de 2022)

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