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14/05/2022

Não Há Demanda para a Humildade

Fiz uma postagem em que digo "sou brasileiro, voto em Lula 13".

Despertou a ira de alguns amigos, claro.

Um deles postou "não voto em ex-presidiário".

Eu o fiz ver que ex-presidiários existem aos montes, por injustiças históricas. Citei Jesus, Pedro, João, Ghandi Mandela e Martin Luther King. Depois acrescentei Tiradentes e os demais inconfidentes.

Ele disse que eram "devaneios" meus, que seriam frutos ou de "doença mental" ou de "interesses" que eu teria.

Interesses em defender Lula, naturalmente.

Disse ele que sabia quais eram meus "reais interesses" e que "parte" deles eu já havia conquistado.

Completou afirmando que conhecia a minha "história" e recheou a insinuação com uma sequência dos infaltáveis "kkk".

Veja que até aqui são afirmações. Não há pergunta alguma. Apenas afirmações, com evidentes insinuações.

Mais adiante ele indaga em "qual governo", e "qual partido", eu entrei no cargo que hoje ocupo.

Isso depois de eu já ter postado um longo comentário em que esclareço - observem que postei antes de qualquer indagação dele! - que eu prestei o concurso sob um governo do PSDB, que deveria ter sido convocado pelo mesmo governo do PSDB e que assumi o cargo, depois de uma batalha judicial que durou oito anos, quando de novo era governo o PSDB.

E que o PSDB me prejudicou exatamente por eu ser petista.

Eu pedi que ele se explicasse. Que pesquisasse e, se a consciência dele assim o determinasse, que se retratasse.

Mas humildade não é produto que se compra em supermercado, não é mesmo?

Ele fez as insinuações em público e me pediu desculpas em privado.

Enfim, abaixo publico a íntegra do meu comentário que ele se recusou a ler, que vale para qualquer um que tenha dúvida, interesse, preocupação ou, sei lá, até mesmo alguma pontinha de inveja do cargo que, honrosamente, hoje ocupo:

*************

Às vezes eu fico me perguntando: por que sempre que eu coloco alguém diante do espelho da sua própria consciência o sujeito fica nervosinho, como acabou de acontecer, acima, com meu amigo de longa data L* C* C*?

O que faz despertar nessas pessoas tamanho ódio, a ponto de sempre fazerem as mesmas insinuações, as mesmas ofensas?

Chamar de "devaneios" o que escrevo ou é incapacidade de compreender meu raciocínio - e eu me penitencio por talvez não conseguir me expressar de maneira inteligível - ou é puro desejo de me achincalhar, o que me conduz à ideia, talvez equivocada, de que faltem argumentos a essas pessoas.

Mas a ofensa mais evidente, na verdade, a pretensão mais evidente de me ofender reside nas insinuações que essas pessoas fazem acerca de um possível "interesse" de minha parte na vitória de Lula ou do PT.

A toda evidência, essas pessoas não se referem a interesse público. Decerto, não lhes passa pela mente pervertida pelo senso comum que meu interesse seja o de que tenhamos um Brasil governado por gente honesta e sinceramente empenhada em proporcionar dias melhores para todo nosso sofrido povo brasileiro. Certamente não é a esse interesse que essas pessoas se referem, porque, assim fosse, sequer mencionariam a palavra.

Suponho - e é mera suposição, espero estar enganado - que essas pessoas se refiram a interesse pessoal. Um cargo, por exemplo. Como se exercer um cargo em governos fosse demonstração de algo ruim, de mau-caratismo talvez. "Mamata", chamam a isso, a esses - perdoe-me, caro L* C* - a esses devaneios.

Não gosto de ser pedante, mas não posso deixar de mencionar e lembrar que sou procurador municipal concursado que, ao contrário desses devaneios de meus interlocutores, conquistei sem qualquer ajuda de quem quer que fosse.

Prestei o concurso quando o prefeito era um tucano. Deveria ter sido convocado por esse mesmo prefeito já no seu segundo mandato, mas esse prefeito, exatamente por eu ser petista, me prejudicou ao ponto de me atrasar oito anos na carreira, porque me obrigou a entrar na justiça para lutar pelo que era meu por direito, por merecimento (alô, meritocratas!).

Oito anos durou a luta judicial, o que me custou oito anos de salários que deixei de receber e o ingresso num plano de carreira piorado, em relação àquele em que eu deveria ter ingressado.

Esse é o cargo que ocupo, numa prefeitura que até mês passado era governado por outro tucano (que deixou o PSDB e renunciou ao cargo para disputar o de governador do estado de São Paulo pelo PSD, do Kassab).

E, sem ser pedante, como eu dizia, tenho um salário que me satisfaz e me permite uma vida bem confortável. Muito confortável.

Então, odientos que vivem a tentar me ofender com essas insinuações, não percam seu tempo. Não se deixem levar por essa irracionalidade.

Eu não preciso de outro cargo público para me "dar bem" na vida.

Engulam esse preconceito, esse ódio, essa inveja.