Como quem soltasse gases ou fosse acometido de sudorese, ele soltava palavras. Era incapaz de represá-las em suas entranhas, tinha necessidade fisiológica de as libertar, fosse como fosse, estivesse onde estivesse.
Começou, como qualquer um, soltando as palavras pela boca. Na infância, ele as expelia por meio de correspondências que trocava com distantes desconhecidos; bem mais tarde, com o advento do computador e do celular, passou a evacuá-las por e-mail, por blogues, pelo Facebook e X-Twitter. Arrotava-as ao ar livre ou por microfones. Preferia os meios que as levassem mais longe, para que mais pessoas pudessem senti-las.
Escrevia versos e frases soltas em guardanapos de papel, que esquecia em bares, lanchonetes, restaurantes, ou espalhava pelos bancos de ônibus, praças e igrejas. Poltrão, todavia, não foi capaz de ceder ao desejo de pichá-las no alto dos prédios, tampouco em paredes e portas de banheiros.
Por algum desarranjo intestino, era um soltador de palavras compulsivo. Sonhava, entrementes, poder um dia aprisionar as palavras que excretava sem método e as confinar num livro.
Um dia, enfim, decidiu buscar ajuda de profissionais.
(Perdoem-me se conspurco o ambiente)
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Escrita e postada originariamente no grupo de alunos do curso "Escrita Criativa", ministrado pelo escritor Tiago Novaes.
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Luís Antônio Albiero
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