O Leandro Karnal diz, numa de suas palestras disponíveis na internet, que quando alguém o chama de "filho da puta", a reação dele é de indiferença, pois sua genitora não é prostituta e, portanto, o chamamento não é para ele. E, se ela fosse, o sujeito estaria apenas fazendo a constatação de um dado da realidade, de modo que não o ofenderia.
Eu não sou comunista, de modo que, ao se referir a mim como tal, o mal educado não me afeta, pois não me diz respeito, e passa longe de me ofender. E se eu fosse mesmo comunista, só me caberia responder civilizadamente ao cumprimento a quem aos berros me chama porque, afinal, está - estaria, fosse o caso - me reconhecendo em meio à multidão, seja esta real ou virtual. "Olá! Tudo bem?", retribuiria eu, com serenidade.
Ou seja, nada mais inócuo do que xingar alguém do que quer que seja. Puro desperdício de bile, adrenalina e saliva. Ou de movimentos dos dedos. O malcriado só expõe mesmo é a pobre mãe e o próprio pai, que decerto terão falhado na criação de tão infeliz rebento.
O que será, afinal, que esses doentes entendem por comunismo? Ontem vi um vídeo incrível em que um exemplar dessa espécime "denunciava" o McDonald's, templo sagrado do capitalismo, de "comunista", porque construiu banheiros individuais em seu estabelecimento de Bauru, SP. Isso mesmo. Banheiros individuais, para homem, para mulher e para terceira via. E a prefeita de lá, bolsonarista igualmente enferma, endossou e formalizou a denúncia!
Fosse guerrinha entre o delicioso bauru, lanche que, a despeito do nome, nasceu numa conhecida lanchonete da capital paulista (como referência a um freguês natural da cidade interiorana que o adquiria frequentemente), e o importado e nocivo BigMac, meu nacionalismo nada extremado até me levaria a hipotecar todo meu apoio, mas não é o caso.
Quando me mandam "morar em Cuba" ou na Venezuela, eu respondo que sou brasileiro, acentuo que sou feliz onde moro e indago por que raios eu deveria me mudar. E por que não me mandar para a China, Japão, Portugal, EUA, Argentina, Chile, Austrália, Egito, Afeganistão...? O mundo é tão grande, ora pois pois!
Esse povo tem é fetiche por Cuba e Venezuela. Deveriam eles, pois, mudar-se para lá. Ou ao menos ir a passeio, coisa que ainda pretendo fazer no tempo que me resta sobre esta Terra, que não é plana, a despeito da convicção dessa gente que adora se deixar enganar.
Se forem, me mandem notícias. Ao menos um cartão postal. E sejam felizes. Vou quando puder. E se quiser. E lá ficarei o tempo que me aprouver.
(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, aos 13 de novembro de 2021)