Fico triste quando vejo pessoas que outrora estiveram comigo, ombro a ombro, panfletando de casa em casa, na construção de um partido de raízes populares e prática democrática e na preparação para que quando este chegasse ao poder representasse, de fato, os interesses da classe trabalhadora e dos mais necessitados, que desse atenção aos eternos esquecidos por aqueles que nos governaram por quinhentos anos, e que, depois do objetivo alcançado, renegaram a luta e a própria maneira de pensar. E que se permitiram abater por uma evidente e cruel campanha de adversários políticos e inimigos na histórica luta de classes que culminou no golpe dos corruptos de 16.
Acabo de ver uma publicação já antiga de uma pessoa com esse perfil, em que ela compartilhava a notícia de então sobre o "power point" de Deltan Dallagnol em que este apontava, falsamente, Lula como chefe de um esquema de corrupção. "A casa caiu de verdade", consta da publicação.
A casa da verdade foi que desmoronou.
Hoje sabemos quem são os verdadeiros criminosos, quem fez de um enganoso combate à corrupção um meio de ganhar holofotes e rios de dinheiro com palestras, em pleno exercício de cargos públicos, quando não na forma de promessas (parcialmente já cumpridas) de cargos como o de ministro da justiça hoje e do STF amanhã.
De fato, a casa caiu mesmo, e foi a partir das revelações do site The Intercept Brasil, do jornalista Glenn Greenwald, que trouxeram a público as verdadeiras intenções da organização criminosa que se formou em Curitiba em torno da grife Lava Jato. As pessoas a quem me refiro, no entanto, parecem ter optado por fechar os olhos. A impressão que me resta é a de que escolheram não acreditar, preferiram se deixar enganar pela narrativa construída pela mídia tradicional.
Compreendo as limitações humanas. Sei que nem todos têm a mesma capacidade de discernimento e de percepção, a mesma fibra e igual firmeza. Sou, porém, dos que acreditam no ser humano, na sua capacidade de refletir, de separar o joio do trigo, de recuperar a coerência e de ter a dignidade e a humildade de reconhecer a verdade.
Gostaria imensamente de ver de volta os valorosos companheiros que, levados pela onda sem resistir, sucumbiram ao massacre diuturno e sem trégua da mídia burguesa e das facções do Estado a serviço dos poderosos, como partes podres da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Estou, aliás, estamos dispostos a recebê-los de braços abertos.
A luta há de continuar!
(Luís Antônio Albiero, em Capivari-SP, 26 de janeiro de 2020).