17/12/2017

Diálogo com um Coxinha Querido

Um coxinha muito próximo e querido me enviou a seguinte mensagem, pelo Whatsapp:

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"15 anos de Lulismo deixaram o país nesta situação. Mas estamos voltando aos trilhos. Um pouco de crescimento este ano ano que vem previsão de 3% de aumento do PIB e inflação próxima a meta e dólar baixo"

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Respondi:

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"J., não seja desonesto.

Lula nos levou à condição de sexta economia do mundo. Com Dilma, houve desemprego zero até 2015.

Quem nos levou a 'essa situação' foi Eduardo Cunha, que em parceria com Aécio Neves tudo fez para que ela não não pudesse governar.

Você já se esqueceu das 'pautas bombas'? Esqueceu que a dupla se uniu a Temer para dar o golpe?

Tudo o que Lula e Dilma construíram em treze anos - não foram 15, foram pouco mais de treze - Michel Temer destruiu em menos de dois anos.

Destruiu o legado de Lula e destruiu o legado de Getúlio Vargas.

E entregou nossas riquezas e nosso futuro para as petrolíferas estrangeiras.

J., J., você continua me decepcionando..."

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Ele replicou:

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"Albiero vamos trabalhar política não nos enche a barriga vamos trabalhar e ganhar dinheiro não somos ricos ainda temos que batalhar pois esses políticos estão todos nadando em dinheiro Vamos trabalhar amigo e deixar bens para os nossos Estes ladrões já deixaram para a quinta geração Se liga você é inteligente"

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Eu trepliquei:

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"J., eu trabalho e trabalho pra caramba. Trabalho de dia, de noite, de madrugada. Trabalho para mim, para minha família e dedico também um tanto do meu tempo, do que a natureza me deu de inteligência e capacidade de raciocínio em favor dos outros, dos que precisam mais do que eu.

Eu vim de baixo, do nada, da miséria, de não ter o que comer. Eu sei o que é você ter esperança no futuro e não ter ajuda de ninguém. Sei o que é viver sob governos que não olham para os de baixo. Superei tudo sozinho, eu, minha mãe e minha irmã. Conquistei o que conquistei por esforço próprio. Poderia muito bem ter-me acomodado, cuidar da minha vida, enaltecer a tal da 'meritocracia', e deixar o resto que se explodisse.

Mas não.

Desde cedo eu tomei consciência do que é a vida, do que é a sociedade em que vivemos, do que é a Política. Eu acompanho a política do país desde meus sete anos de idade.

Por isso lutei para que um dia este país tivesse um governo que de fato representasse os de baixo, como eu estive lá embaixo, lá na base da pirâmide social. Que enxergasse os invisíveis, o faxineiro que passa por você e você nem nota. O gari, o cortador de cana, o morador de rua, o negro da periferia.

Eu sabia que se eu chegasse à presidência da república eu olharia para essa gente. Eu não cheguei, nem chegaria, mas ajudei um cara excepcional que me representou nessa missão.

Esse cara se chama Luís Inácio Lula da Silva.

E ele não me decepcionou. Ele olhou para os de baixo. Ele salvou da miséria, da morte pela fome, ou da exclusão social, 36 milhões de brasileiros.

Você tem noção do que isso significa? Do que significa você não ter o que comer, estar condenado a comer calango ou gabiru, como nos tempos de FHC, e passar a poder fazer três refeições por dia?

Você tem ideia do que seja uma família nordestina, acostumada à seca, passar a ter uma cisterna em sua propriedade? E foram um milhão de cisternas que o governo, desse cara que você acha que é ladrão porque a Globo diz que é, fez. Um milhão de cisternas!

Você tem ideia do que sejam cinco milhões de jovens que antes não tinham oportunidade de estudar, passarem a ser universitários? Você sabe quantos universitários o Brasil tinha antes de Lula? Eram 3 milhões, Lula botou mais 5 milhões de jovens nas universidades. Mais que dobrou!

Aí, porque um empresário quis fazer um agrado a ele, oferecendo a ele um triplex - ou seja, três apartamentos de 70m2 um em cima do outro - numa praia como o Guarujá, tipo classe média, e ele RECUSOU, você segue a manada liderada pela Globo e o chama de 'ladrão'.

Porque vem outro empresário e oferece a ele um terreno, e ele de novo RECUSA, você o chama de 'ladrão', "corrupto".

Lula foi condenado por corrupção passiva, sabe por quê? Porque recusou propina! RECUSOU!

Você mesmo chegou a acreditar que Lula ou Lulinha fosse dono da Friboi. Hoje, depois de tudo o que houve na JBS, ninguém mais se dispõe a passar vergonha e dizer uma estupidez como essa!

Sim, eu luto e lutarei para que esse 'ladrão' volte a ser presidente da república. Eu ponho em risco meu emprego, meu cargo, onde tenho um salário invejável e invejado, mas não abro mão de lutar por esse objetivo. Porque não luto por mim, luto pelos que estão na mesma condição em que eu me encontrava quarenta anos atrás e não tinha um prefeito, um governador, um presidente da república que efetivamente pensasse em mim e nos meus iguais.

Por isso, meu caro, Lula vale a luta!

Não será esse discursinho pronto, feito pelo Merval e pelo Sardenberg, pelo racista do Waack ou pelo imbecil do Bonner, pela Míriam Leitão ou pela Eliane Cantanhêde, todos capachos da família Marinho, que vai me fazer mudar minhas convicções.

Não perca seu tempo tentando me convencer. Contra fatos, contra dados oficiais, contra reconhecimentos da ONU e da comunidade internacional, contra o sentimento do povo agradecido, nada me convencerá. Nem a mim, nem a esse povo que sabe bem o que está acontecendo com seu presidente, com nosso querido presidente Lula.

Ao contrário, gaste um pouco do seu tempo e do seu cérebro para pensar no que era o Brasil antes de Lula e no que se tornou, de fato e de verdade. Dedique um pouco de seu tempo e de suas faculdades mentais para olhar para essas pessoas que passam invisíveis perto de você.

Seja mais humano, mais solidário, mais honesto consigo mesmo, mais conectado à realidade que o cerca. Seja mais inteligente!

Não se deixe levar pelo preconceito, pelo ódio de classe, pelo efeito manada promovido pela Globo, Veja e outros meios de comunicação interessados apenas em se manter no topo da pirâmide social.

E não me venha mais dizer para eu trabalhar, porque isso eu já faço, todos os dias, e desde meus sete anos de idade. Minha infância praticamente foi perdida justamente porque fui obrigado a trabalhar para garantir um mínimo de sustento para mim e minha família."

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PS.: A quatréplica dele foi: "Chega"

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(Em Americana, SP, aos 17 de dezembro de 2017)

18/07/2017

Laís Ficou me Devendo

Uma velha amiga da família e vizinha de infância ficou me devendo resposta ao seguinte questionamento, que fiz em resposta a um comentário com o qual ela me honrou numa postagem minha de 18 de julho de 2017 sobre o presidente Lula.

Ela havia comentado "Só para lembrar, esse 'cara' de madeira que não é de lei, chefiou o maior esquema de corrupção da HISTÓRIA DESTE PAIS" - concluindo assim, em letras maiúsculas, como quem estivesse gritando.

Eis minha resposta:

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Laís, querida, como vai? Tudo bem?

Acredita que dia desses sonhei com você? Ontem ou anteontem, não me lembro bem, mas muito recentemente. E olha que coincidência, eis você aqui, comentando uma postagem minha!

Vou aproveitar que você me honrou com um comentário e também o fato de que você me conhece desde os meus tempos de calças curtas, desde o “Bar do Tota”, no bom e velho “Buraco da Onça”, para lhe fazer uma pergunta. Quero que você me ajude a raciocinar, você que é uma pessoa que conheço há tanto tempo, de quem sei da boa índole e do seu conhecimento sobre política – na verdade, imagino que troque impressões a esse respeito com meu querido amigo Osvaldo, um expert no assunto.

A pergunta é simples. Por que, afinal de contas, as pessoas – muitas pessoas, e não falo de você, porque a vejo muito acima da linha dessa mediocridade reinante – não conseguem admitir, sequer por hipótese (nem por “remota hipótese”, como gostamos de dizer, nós advogados, em petições, quando queremos raciocinar pela ótica do adversário; “por epítrope”, diria a ministra Rosa Weber), essas pessoas não conseguem admitir que um sujeito que venha de baixo – como eu vim –, que se torne político – como eu me tornei –, que chegue à presidência da República, que seja reeleito, que em seguida eleja sua sucessora e depois a reeleja, possa ser um homem honesto?

Simplificando a questão: por que essas pessoas têm dificuldade em admitir que o outro seja honesto?

Pense no conjunto dessas pessoas, na média dessas pessoas: são pessoas simples, de boa índole, formadas na cultura cristã, que prega a noção de honestidade, de justiça, de amor ao próximo, de solidariedade e, ao fim e ao cabo – para aqueles que erram, que “pecam” –, prega a possibilidade de regeneração (a partir da noção do perdão). Essas pessoas, portanto, cristãs que são, ao meu ver deveriam partir da ideia de que os outros são honestos, até prova em contrário. Não é mesmo? Da ideia do não prejulgamento (afinal de contas, o exemplo mais marcante de toda a História da Humanidade de um erro de julgamento está na raiz do cristianismo, correto?).

Pois é. Aí é que eu fico me perguntando. Por que essas pessoas têm uma dificuldade intransponível de admitir que aquele sujeito que veio de baixo e chegou ao posto mais elevado de governante de seu país possa ser aquilo que todos nós devemos ser: honesto. Por quê?

Será só por preconceito? Se o sujeito era pobre, ficou poderoso, ”só pode” ter aproveitado para roubar. Se entrou para política, “só pode” ter sido para roubar. Afinal, esse cara governou um país, comandou ao longo de oito anos orçamentos que, somados, dão algumas dezenas de trilhões de reais (ou dólares, ou euros... tanto faz, trilhão é trilhão em qualquer moeda). Então, “só pode!”

Ou será que essas pessoas – repito, não incluo você, obviamente, pois sei da sua índole – projetam nesse sujeito, no “outro”, nas outras pessoas, as vontades, as intenções, os desejos delas próprias? Tipo, “ah, se fosse eu, metia a mão mesmo!” Será que é isso? Será que honestidade é mesmo só uma falta de oportunidade?

Outra coisa. Proporcionalidade. Na minha adolescência, eu me destacava em matemática. Hoje, mergulhado no Direito, só me restam noções da “mágica dos números”, dentre elas a da proporcionalidade.

Um sujeito desonesto, ladrão contumaz, que governasse seu país e tivesse sob seu controle trilhões de reais (ou dólares, ou euros...), sairia desse governo para voltar a morar no mesmo apartamento onde morava antes? Sairia desse governo com um apartamento no Guarujá do qual não tem a chave, nunca usou, nunca alugou, nunca cedeu a um casal de amigos sequer, que não está em seu nome, que não pode vender, não pode deixar de herança para os filhos...

Ah, verdade! Não é só isso. Tem o sítio de Atibaia... Mas esse sítio é anterior à presidência, é de amigos, sócios de um de seus filhos. Portanto, ele não recebeu por propina e, ainda que disso se tratasse, também não pode vender, não pode doar, não pode emprestar ou alugar, não tem como deixar de herança... porque também não está no seu nome!

Será mesmo que o comandante dos trilhões, seja de que moeda for, sendo um corrupto ladravaz incorrigível, sairia desse governo com um sitiozinho e um apartamento que não são dele, que ele não pode negociar, e nada mais?

Ah, tem também o terreno do instituto... que também não é dele, nem jamais foi! Ah, o apartamento alugado para guardar as quinquilharias da presidência... Também!

Enfim, que raio de corrupto ladrão é esse que comanda orçamentos trilionários e sai apenas com dois pedalinhos e dois barquinhos de lata num lago de um sítio de amigos?

Ah! Mas tem as provas. As provas que o juiz disse que estão no processo e, por causa delas, condenou esse sujeito a nove anos e meio... Um contrato não assinado, as palavras de um empresário que ficou dois anos preso até que lhe batesse o desespero e ele pudesse, enfim, delatar até a própria mãe, e notícias de jornal. Do jornal “O Globo”.

Então, se nosso glorioso "Correio de Capivari" publicar que o casarão dos Lembo é meu, eu vou poder reivindicá-lo na justiça, porque, afinal, é meu, já que a imprensa está dizendo que é?

Essas são as tais “provas”. Do triplex, no caso. Que não está em nome dele, onde ele nunca pernoitou sequer por uma noite, do qual ele nem ao menos recebeu as chaves. Que ele não pode vender, doar, alugar, emprestar, deixar de herança.

Voltamos à estaca zero, concorda?

Ah! Sem querer abusar, mas já abusando, me ajude a pensar noutra coisa. Agora o sentido é inverso ao da proposição que lhe fiz anteriormente. É possível que haja um juiz desonesto?

Bom, nessa área, confesso minha dificuldade de raciocinar. Sou dos que medem os outros pela própria régua. Sei do meu caráter e presumo sempre que todos sejam honestos, até prova em contrário. Assim ajo e raciocino por minha formação cristã, como lhe disse, pelo que aprendi desde o berço com minha mãe, que você tão bem conheceu, como conhece toda minha família. E também por minha formação jurídica. E não só eu raciocino assim, mas a Constituição também. É, ela mesma, nossa gloriosa Constituição. Sabia que uma Constituição é formada de raciocínios, de modos de pensar? Pois é. Ela raciocina, e nos diz: todos são inocentes (vale dizer, todos somos honestos) até prova em contrário. Então, para mim, é difícil pensar especificamente num juiz desonesto.

Mas deve haver, não deve? Juízes desonestos devem ser como bruxas. ¡"No creo em las brujas, pero que las hay, las hay!"

E uma pessoa desonesta não é necessariamente alguém que “roube”, que se “corrompa”. Um juiz que deliberadamente julga de modo injusto, sem levar em conta as provas, só para prejudicar alguém, só para favorecer alguém, é uma pessoa desonesta, não é?

Mas, enfim, essa é uma hipótese na qual prefiro não acreditar, nem me aprofundar em pensamentos. É minha índole, já lhe disse.

Espero muito por sua ajuda, Laís, para me auxiliar a compreender esses dramas existenciais que me atormentam, a mim e – creio – a toda nossa amada nação brasileira.

Resumindo, para facilitar para você: por que as pessoas não conseguem admitir que uma pessoa, vinda da miséria, que chegue ao governo de seu país, possa ser honesta?

E mais: pode existir um juiz desonesto?

Beijão, querida. Lembranças para o Osvaldo, para o Álisson (veja que não me esqueci!), para a menina (ih! Minha memória agora falhou...).

15/03/2017

Fez um Cocozinho e Voou

PARA REGISTRO

Sabem aquele meu amigo de Piracicaba, que foi meu colega de faculdade e hoje advoga em Brasília? Ele me enviou pelo whattsapp​ uma sequência de memes reportando bilhões de dólares que o governo Dilma teria "doado" a países "comunistas" via BNDES, acompanhado de um vídeo com a imagem daquele bando de aloprados que invadiu uma sessão da câmara de deputados para pedir intervenção militar.

Eu me recusei a entrar nesse jogo tolo e respondi a ele:

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"Meodeos! É nesse tipo de gente e de informações que você se fia? Muito pior do que eu pensava... Lamento profundamente.

Amigo, parodiando a velha canção, 'podemos ser amigos simplesmente, coisas *da política* nunca mais...' "

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Ele retrucou dizendo que eu estava "fugindo". Anteriormente, já me havia dito : "você perdeu!"

Respondi a ele, enfim:

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"Eu não fujo, não. Quem foge é quem faz comentário e em seguida deleta, sai voando, como passarinho que fez cocozinho e sumiu... Kkk

Sou de enfrentar, sou homem de debate, pau pra toda obra. Mas não tenho mais saco para ficar rebatendo argumentos tão pueris, tão tolos como essas coisas de "bolivarianismo", "intervenção militar" (jura que você é adepto dessa tolice?). Data venia, data máxima venia, preclaro colega, não dá. Nem Reinaldo Azevedo está mais nesse patamar.

Por outro lado, não sou do tipo que busca desqualificar o debatedor, porque tenho respeito, e peço desde logo perdão pelo parágrafo anterior. Foi necessário me explicar.

Então, em respeito a você, que não quero ver na condição desses tolos, como essa senhora histriônica e seu bando que invadiram o congresso para pedir "intervenção militar", e em respeito a mim mesmo, à minha sanidade intelectual, paro por aqui.

Nada do que eu lhe disser vai convencê-lo. Nada do que você me disser, nesse nível rasteiro, nesse modo primário de encarar a Política, vai me convencer. Então, amigo, é inútil, absolutamente inútil, continuarmos discutindo.

Você disse a mim, lá em cima, "perdeu!". Perguntei o que foi que eu perdi, você não me respondeu, mas é óbvio que eu entendi o que você quis dizer. Você estava numa disputa comigo, e eu não sabia, e se soubesse não a teria alimentado, porquanto estéril.

Não, amigo. Eu não "perdi" absolutamente nada. Ao contrário, debater com quem quer que seja já é, para mim, sempre, um ganho, um aprendizado. No mínimo, porque serve ao aprimoramento da minha capacidade argumentativa. Não faço de um debate, de uma discussão qualquer, sobretudo sobre Política, que é o que mais me empolga, uma "disputa". Não quero "vencer" ninguém. Quero apenas, se possível, colaborar com o crescimento do meu interlocutor e tirar proveito do que ele me diz, aprender com ele.

Meu conceito de viver em sociedade é o que determina esse meu comportamento.

Se tudo o que eu digo não serve para engrandecimento daquele com quem debato e se tudo o que ele me oferece - por favor, estou falando genericamente, não se ofenda - são tolices que superei já na infância, eu prefiro me retirar. Como lhe disse acima, e parodiando a música que lhe enviei, "podemos ser amigos simplesmente"... Coisas da política, não mais.

Grande abraço!"

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Enfim, só queria registrar e compartilhar.

PS.: Acabo de ver a última fala dele. Vejam o nível:

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Você sabe que está errado! Admita, os amiguinhos comunas do Lula tem tudo. Empresários brasileiros fecham as portas porque o BNDS não lhes dá crédito. Esse é o Lula. O brasileiro!!!!!"

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PS2: minha resposta derradeira (não me aguentei):

----------------------------------------------------------------------------------------- Para afagar seu ego e provar que sou seu amigo até debaixo d'água, vou lhe deixar essa sua fala como última palavra. Vai alimentar sua sensação de que me "venceu". Vai lhe fazer bem ao espírito.

Então tá.

Um dia, quem sabe, você mesmo venha a descobrir a verdade sobre o BNDES, sobre os empréstimos - empréstimos! - que concede dentro e fora do Brasil,.

Descobrirá o que era a indústria naval brasileira durante seu idolatrado governo militar, o que fez com ela o governo do PSDB, o que fizeram com ela os governos Lula e Dilma e o que acabaram de fazer com esse importante e estratégico segmento da economia brasileira a Operação Lava Jato e o governo Temer.

Descobrirá​ o que era a construção civil até FHC, o que foi feito com ela de Lula a Dilma e como se acabou nas mãos de Sérgio Moro.

O que era a Petrobras até FHC, o que houve com ela nos últimos três anos e como foi que Sérgio Moro contribuiu decisivamente com suas concorrentes internacionais.

Vai entender o que era o "conteúdo nacional" que Lula fez questão de prestigiar e incentivar por meio de leis e que acabou nas mãos de Temer.

Mas não sou eu que vou lhe dizer isso tudo. Não adiantará nada mesmo. Você não me acreditará.

Você mesmo um dia compreenderá. Um dia.

Grande abraço.

Ah! E parabéns! Você venceu! Indiscutivelmente, você venceu. -----------------------------------------------------------------------------------------

05/02/2017

A Inveja é a Mãe do Ódio

Tudo o que é bom é invejado, não é mesmo?

Há a inveja boa – a confessada, a que na verdade é admiração – e há a perversa, que produz engulhos na alma, que a corrói e leva o invejoso a sentir ódio daquele a quem, inconfessadamente, no silêncio de sua mente perturbada, tem por paradigma inatingível.

Eu, por exemplo, invejo – e confesso – quem tem o dom da escrita. Invejo, porque os admiro, Machado de Assis, Luís Fernando Veríssimo, José Saramago, Chico Buarque, por exemplo. Deles faço meus paradigmas na hora de escrever. Sei das minhas limitações, mas sei que, quanto mais os tiver como exemplo, como guias, melhor produzirei meus textos. Essa é a inveja boa, que nos impulsiona para a frente e para o alto.

Agora pense nos portadores da inveja perniciosa. Do sujeito que inveja o outro com a consciência de que jamais o alcançará e, por isso, se revolta contra ele. O fracasso diante do paradigma o leva a odiá-lo. Vejo aí, na inveja nociva, a origem desse ódio descomunal que as pessoas têm de Lula.

Lula é um homem simples, veio da miséria e, por seus próprios méritos, sem ajuda governamental alguma, chegou aonde chegou. Imagine a inveja que isso não causa nos defensores da meritocracia. Deve ser duro medir-se por ele e ver que, com tão poucos recursos, comendo o pão que o diabo amassou – aliás, pão que ele só conheceu e comeu aos sete anos de idade –, ele conquistou o cargo mais importante da República. Foi eleito, reeleito, fez a sucessora e a refez. Não deve ser fácil suportar essa comparação.

Imagine a inveja que dele não sentem os que passam horas e dias contemplando suas dezenas de diplomas que ostentam orgulhosos nas paredes de casa ou do escritório ao constatarem que, sem possuir nenhum, a não ser o de torneiro mecânico, Lula conquistou milhões de pessoas, no Brasil e mundo afora. Conquistou respeito e condecorações de governantes, lideranças e universidades, nacionais e internacionais, que lhe concederam dezenas – eu disse dezenas! – de títulos de Doutor Honoris Causa.

Até a honestidade causa inveja. Como é possível um sujeito entregar-se de corpo e alma à Política e ser honesto? Não ostentar pelo menos um iate, uma fazenda, um jatinho, uma mísera Lamborghini? Não, as pessoas não descreem – sentem inveja! Porque Lula põe à prova, a todo instante, o limite da honestidade de cada um. Quantos desses que o acusam sem fatos concretos, sem provas e a despeito de todas as provas em favor dele produzidas nos processos, quantos desses teriam tido força suficiente para resistir às inevitáveis tentações sobre quem tem, como Lula teve, sob seu comando trilhões em orçamentos? E tanto faz se são trilhões de reais, de dólares ou de euros. Um trilhão é um senhor trilhão em qualquer dessas moedas. Quantos desses teriam resistido à oferta de uma propinazinha, zero vírgula zero zero zero alguma coisa por cento, sobre um contratinho barato da Petrobras? É, essa força, essa capacidade de resistência de Lula é outro insuspeito objeto de inveja.

Quem, com todos os cursos e todo o conhecimento da língua portuguesa e de tantas outras línguas, de seus recursos linguísticos, das bibliotecas que pôs abaixo e devorou, dos romances e dos poemas que leu, das músicas que ouviu e filmes a que assistiu, pode suportar indiferente à capacidade oratória de Lula? Às suas múltiplas, inventivas e envolventes figuras de linguagem? Coisa do diabo? Não, coisa de Jesus! Não era Jesus que falava em parábolas? Pois é.

Quantos honrados pais de família, defensores da família e das tradições, suportam constatar que, ao contrário da realidade dos seus próprios lares, Lula viveu intensamente, por 43 longos anos, um casamento que é um verdadeiro conto de fadas? Você que me lê viu a foto dele, já de barbas brancas, abraçando Marisa, tendo ao fundo uma paisagem iluminada (na minha ignorância, confesso que não reconheci o lugar), beijando-a apaixonadamente? É a capa do meu perfil, veja lá. Viu o sorriso dela? Típica cena de filme de Hollywood! O que terão sentido, ao vê-la, esses que falsamente cultuam a família como valor?

A solidariedade é outro elemento de inveja. Solidariedade é a filha madura da caridade, essa coisa que os cristãos inventaram para aliviar a alma e o peso na consciência dos que muito têm e nada, ou quase nada, querem repartir. Solidariedade é o nobre sentimento que inspira um governante a criar um programa que tira mais de trinta milhões de pessoas da linha da miséria, que salva vidas, que leva um mínimo de dignidade às famílias, sem que elas precisem mendigar uma ajuda nos semáforos ou nas portas de restaurantes e igrejas à espera da caridade dos que vão à missa ou ao culto fingir-se de cristãos.

Integridade, tenacidade, sabedoria, inteligência, respeito à família, amor ao próximo e ao distante. Lula reúne todas essas qualidades. É muita coisa boa num homem só. Ele não pode ser real. Se é, como de fato é, eles o odeiam. E o odeiam visceralmente, porque o invejam e estão conscientes de que não conseguem e jamais conseguirão alcançá-lo.

Luís Antônio Albiero, 5 de fevereiro de 2017.

https://www.facebook.com/luis.albiero