15/09/2024

Banho de Literatura

Descobrimos que os ingressos para a Bienal do Livro de São Paulo, no Anhembi, estavam esgotados somente quando chegamos na bilheteria do evento.

Estacionei o carro no Sambódromo, ao preço de R$70,00, e dali caminhamos uns 2km até a bilheteria.
No caminho, cruzei com o deputado federal do PSol Ivan Valente e o cumprimentei. Lembrei a ele que recentemente participamos juntos de uma videoconferência, a que eu inadvertidamente me me referi como "live" -- eu, ele, o também deputado federal Chico Alencar, do PSol do Rio de Janeiro, a advogada Talitha Camargo da Fonseca e mais uma pessoa (misssshtério!), mas me pareceu que ele não se lembrou de mim. E eu, claro, me esqueci de tirar uma foto! Mais um exemplo da minha deficiência no campo da tietagem, sobre a qual falei na postagem anterior.
Só depois de tudo isso foi que descobri que os ingressos estavam esgotados.
Felizmente eu não descobri antes. Porque, por óbvio, eu teria desistido de ir.
Na portaria, logo também descobri que eu não precisava pagar, porque sou... (argh!) idoso! Pessoas com idade acima dos sessenta não pagam (eu ainda não me acostumei com essa tal "melhor idade").
Mas minha esposa, por ser praticamente uma criança, porque "di menor" de sessenta anos, ainda teria de pagar e dependíamos de aparecer um ingresso.
Então fomos informados que muita gente pagou sem precisar (mais essa descoberta: eu não era o único desinformado a respeito) e que daria para negociar o ingresso de Luciana com eventuais desistentes.
Bem rapidamente, por sorte, chegou uma família que tinha meia entrada disponível, por conta de alguém que havia desistido de ir, e que outro da família que pagaria meia havia pagado por uma entrada inteira. Ou algo assim. Sei que fiz um PIX de 35,00 pro marido, entrei de graça, pela minha dolorosa "idosidade", e Luciana entrou no vácuo da meia já paga e da meia pela qual reembolsei o simpático sujeito, ou sei lá que cálculo foi usado. Sei que entramos.
Logo de cara, outra feliz coincidência. Num estande, vi uma menina de feições conhecidas conversando com um rapaz, um visitante, como nós. Achei que ela fosse, e era mesmo, a "booktuber" Isabella Lubrano e me aproximei. Também já falei a respeito desse encontro na postagem anterior.


Recentemente, compartilhei uma postagem do ex-ministro Renato Janine Ribeiro em que ele comentava que na abertura da Bienal, uma semana atrás, havia muito mais gente do que no fracassado 7 de Setembro de BolsoNero e do pastor e empresário da má-fé Silas MalaCheia, o que, dizia eu, era um bom sinal. E, de fato, pude comprovar, com estes olhos que um dia o formol há de preservar (pelamordidela, não inventem de me cremar! Quero ter a oportunidade de experienciar o "caro data vermibus" e ser eternamente lembrado pelo "verme que primeiro roer as frias carnes de meu cadáver", para assim homenagear Brás Cubas, o das "Memórias Póstumas" escritas por Machado de Assis), que o evento atraiu grande público, parecendo desmentir a crença de que brasileiro não lê, que não gosta de livros. Ora, como tudo no tal mercado, há nichos para todos os gostos e necessidades e o da literatura não é nada desprezível.
Caminhamos por mais de duas horas e nem o chão acarpetado do local, que muito aliviou o peso do meu corpo sobre meu fraquejado espírito, impediu que conseguíssemos ver apenas pouco mais da metade dos estandes. Foi o suficiente para nos cansarmos. Tomamos dois cafés e comemos dois pães de queijo no Fran's Café a R$80,00 (é, todos os avisos diziam que os preços dos alimentos eram elevados na Bienal...) e decidimos partir.
Antes, porém, vimos um interessante estande sobre Machado de Assis, com originais manuscritos e datilografados de seus textos e seu tabuleiro de xadrez, que se veem nas fotos adiante.


Num outro estande apinhado de gente, a maioria jovens, consegui comprar pelo menos "O Avesso da Pele", de Jefferson Tenório, e "Um Sopro de Vida", de Clarice Lispector. Só não comprei mais por conta, mesmo, do cansaço.
E não foi nada fácil a longa caminhada de retorno até o Sambódromo, onde, na parte mais distante, eu havia deixado o automóvel.
Na véspera, havíamos ido a um encontro presencial do meu pessoal do curso de escrita criativa "Preparando o Romance", comandado pelo professor e escritor Tiago Novaes, realizado no Teatro Casa das Utopias, na Lapa. Na parte da manhã, chegamos muito atrasados e nos deram cadeiras para nos sentarmos no corredor, e me pareceu tudo bem, bastante confortável. Após o almoço, porém, embora acomodados em poltronas como todos os demais, minhas costas passaram a doer muito. Eu não achava uma posição confortável e Luciana chegou a me advertir que eu estava com o "semblante muito pesado". De tanta dor que sentia.
Acabamos não indo ao esperado "happy hour", onde certamente poderíamos bater um papo mais descontraído com os colegas de minha turma. Fomos ao hotel e eu não resisti. Deitei-me na cama e só me levantei na manhã de hoje, para irmos à Bienal e passarmos por toda essa saga.
Foram dois dias difíceis, por conta dos efeitos da minha "idosidade", mas o banho de literatura que tomamos foi altamente reconfortante e suficiente para a plena recomposição dos ânimos.
Agradeço de coração à minha amada esposa Luciana, que se dispôs a me acompanhar nesse périplo, sem a qual eu não teria vivenciado esses dois dias da mais pura alegria e felicidade.
A fé na literatura é que me proporciona grande esperança nessa luta incessante contra o monstro do fascismo que nos assombra de quando em quando ao longo da História.


(A última foto é da frase que recebi no "biscoito da sorte" que veio com o frango xadrez que pedimos ao "China em Caixa" -- vocês sabem, já ouviram falar, certamente já consumiram algo dessa famosa rede de comida rápida chinesa, não preciso fazer a propaganda --, no hotel, na noite de sábado).

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Luís Antônio Albiero

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