07/11/2022

Fênix e a Primavera

Não foi uma vitória qualquer. Foi o desfecho de uma sequência de vitórias que começou pela sobrevivência à fome e à seca, à miséria, à perseguição que lhe impôs a ditadura militar, a consecutivas derrotas eleitorais e perdas dolorosas no âmbito pessoal; ao assassinato de reputação que tentou impor-lhe a mídia, servil ao poder econômico.

Empreenderam-lhe uma perseguição implacável. Foi processado, condenado e preso sem crime e sem prova por um juiz ladrão, corrupto, parcial e incompetente. Com Supremo e com tudo, impediram-no de vencer em 2018, mas em 2022 não resistiram à sua força descomunal.

Sábio, ele compreendeu que era preciso unir os diferentes para enfrentar o antagônico, o fascismo em franco desenvolvimento.

Generoso, foi ao fundo do poço do ostracismo e de lá resgatou antigo adversário para ser seu vice. Inovou na arte culinária e, para garantir a comemoração, fez do chuchu a cereja do bolo.

Gênio, foi preciso no cálculo e venceu.

De pária do sistema, sagrou-se o salvador da Pátria, o redentor da Democracia.

Sem ele, não haveria vitória. Tinha que ser, qualquer outro não teria vencido, mas cada aliado, do vice aos adversários de primeiro turno, passando pela militância, por cada apoiador famoso que se empenhou, ou anônimo como este humilde escrevinhador, todos fomos fundamentais para o êxito. A vitória é nossa e é especialmente dele.

O triunfo de um e de todos deu nó nas vísceras intestinas que formam o cérebro de uma espécie animal bípede e mamífera, semelhante aos primatas, que, incapaz de se adequar ao ambiente democrático, chegou a bloquear com caminhões as rodovias de todo o país.

Democraticamente, eles clamam pelo fim da Democracia. Querem uma ditadura que possam chamar de sua e que lhes cale a boca, para nunca mais clamarem por coisa alguma.

Essa gente abilolada comemorou três ou quatro “prisões em flagrante” do ministro do tribunal eleitoral e não cessa de festejar cada vez que a tia do WhatsApp informa que, de novo, “foi confirmada a fraude”, da qual o Micto há tempos insiste em dizer que “tem as provas”.

Uma turba amalucada que não se acanha de cantar o hino nacional para um pneu, tenta segurar caminhão na unha bancando o Super-Homem e se ajoelha no asfalto molhado para rezar um terço puxado por uma religiosa de festa junina, versão feminina do padre de “Arakelmon”.

A patuleia acredita com fervor que o Micto está mictando à ré, “mijando para trás”, em seus raros pronunciamentos, mas “de mentirinha”, apenas para enganar o ministro ingênuo, o mesmo que não para de ser preso em flagrante. E vai ao delírio cada vez que ouve que o Micto precisa de 72 horas para dar o golpe – tempo que se conta a partir de cada novo anúncio.

Revoltam-se quando informados de que Paulo Freire será o ministro da educação do novo governo, mas se reanimam quando lhes contam que o finado educador pernambucano também foi preso. Em flagrante, claro.

Vão em multidão à sede do exército do Rio de Janeiro ou em porciúnculas diante dos Tiros de Guerra, como, para minha vergonha, fizeram ridículos conterrâneos de minha amada Capivari, para marchar como soldados cabeças-de-papel, bater continência aos meninos fardados a cada vez que hasteiam e arriam a bandeira e pedir intervenção militar, a que chamam de “intervenção federal” (cuidem-se, governadores!) em defesa – pasme, caro leitor! – da “liberdade de expressão”.

Alucinação generalizada, alienação coletiva, “remake” tupiniquim do Templo dos Povos, seita liderada por Jim Jones em 1978 que, iniciada nos Estados Unidos, teve seus ramos em terras de Pindorama (Belo Horizonte e favelas do Rio) e desfecho trágico na Guiana.

A cada amigo que vejo mergulhado nesse transe coletivo – que lamentavelmente não são poucos – indago: já chorou? Já esperneou? Já lambeu as feridas? Fez bem. Agora engula esse choro, cesse os soluços, respire fundo e se prepare para a próxima, que já tem até data marcada: 4 de outubro de 2026. Assim é na Democracia. Aceite, que lhe será menor a dor.

Podaram uma rosa, podaram duas, podaram dez, mas não foram capazes de impedir que a Primavera retornasse triunfante. Com ela, a ave fênix, de exuberantes penas vermelhas e garras douradas, ressurgiu soberana das próprias cinzas.

Lula está eleito, babaca!

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, em 7 de novembro de 2022)

De Facas e de Cebolas

Eva preparava o almoço quando viu, pelo vitrô da cozinha, Jesus em pessoa defronte à sua residência. Ouviu-o falar em paz e amor e viu-o multiplicar peixes e pães, saciar a fome e a sede dos que encontrava pelo caminho, levar dignidade, esperança, oportunidades e vida em abundância a mais de trinta milhões antes condenados à exclusão social ou a morrer de inanição. Assustou-se, porém, ao notar que ele estava acompanhado de uma gente preta vinda das favelas, de miseráveis maltrapilhos, prostitutas, ex-prisioneiros e homens efeminados. Sentiu medo. Descansou a cebola e a faca sobre a pia e telefonou à polícia. Jesus foi preso.

Ao cair da tardinha, viu o próprio Capeta na calçada oposta. Olhos avermelhados de sangue e portando um tridente, ostentava ele vistosos chifres e serpenteava exuberante rabo de dimensões extraordinárias. Cercado de homens brancos e bombadões que gritavam "mito, mito", ele fazia arminha com as mãos e se dizia o Messias. Encantou-se Eva com o que viu e ouviu e, no ímpeto de ir ao encontro do outro, cortou-se ao livrar-se da faca e da cebola com que preparava o jantar. Às lágrimas e com sangue escorrendo entre seus dedos, juntou-se à turba e elegeu o Capiroto presidente da República.

Não tardou para que a nação começasse a sofrer na pele o resultado da escolha maligna. E quanto mais escura a pele, maior o sofrimento.

Por vingança dos céus ou mera coincidência, viu-se o mundo tomado por uma peste que só no país de Eva arrebatou setecentas mil almas, a maioria porque o Trevoso optou por incitar os compatriotas a enfrentarem a moléstia de peito aberto, em aglomerações em seu louvor e sem máscaras. Ele falava em imunização de rebanho enquanto negociava vantagens indecorosas para adquirir vacinas a peso de ouro.

Fingia enfrentar o mal nomeando diversos ministros que fizeram da pasta um autêntico ministério contra a saúde. Um a um foram todos caindo, do maneta ao pesadelo em forma de general, até que só sobrasse... "Que droga!", resignou-se o Tinhoso à falta de melhor opção.

Em seu governo, nada era a favor da nação. A regra era ser contra. Contra tudo e contra todos. A favor, só da família presidencial.

Os ministros contra a educação também se sucederam, culminando com uma tríade de pastores que, por inegável inspiração cristã, pediam oferendas para si como ouro, incenso e mirra para que verbas fossem liberadas.

Houve ministros contra a cultura, os quais desnudaram a ópera bufa que foi o governo do líder das Trevas. Começou com uma encenação de orgulhar Goebbles, passou pelo pum de talco espirrado da bunda do palhaço, e assim foi mudando de mãos e de bundas até terminar em malhação. Não a do Judas, das mais celebradas festividades populares. Malhação do próprio histrião que só soube fazer pum, mictar e defecar durante todo seu escatológico reinado.

O Cramulhão criou o Ministério Contra os Homens de Cor, para o qual nomeou seu mais fiel capitão do mato. Para o ministério contra a Justiça escolheu o juiz ladrão que trocava sentenças por cargos.

Seu ministro contra as relações exteriores foi um lunático que bradava contra o globalismo, na defesa de que a terra era plana. Se bem que quem passou os anos todos no mundo da lua foi o astronauta, ministro contra a ciência e tecnologia. Dizia-se à sorrelfa no baixo escalão que ambos dividiam a condição de ministros das relações extraterrestres.

Houve uma ministra contra a família e contra os Direitos Humanos que descria da laicidade das goiabeiras e do Estado e agia para que meninos usassem azul e meninas, rosa, zelosa para que estas, se estupradas, deixassem crescer a barriguinha.

O ministro contra o meio ambiente empenhou-se em passar o trator e a boiada, incendiar florestas, extrair árvores, pedras preciosas e peixes impunemente, inclusive matar índios e jornalistas mal vistos, enquanto o povo se distraía com a peste.

O mais importante foi o ministro contra a economia, apodado Posto Ipiranga pelo presidente em razão de seu gosto insaciável por elevar o preço dos combustíveis dia sim, dia também. Sabia ele como bem aplicar suas próprias economias, as quais mantinha no exterior, resguardadas da corrosão inflacionária, embora vulneráveis às frequentes oscilações da moeda internacional que ele mesmo controlava.

Ao fim de quatro anos, Eva estava satisfeita. Considerava que o Coisa Ruim havia feito o que pode para enfrentar a pandemia. Afinal, ele não poupara combustível em frequentes motociatas que organizava em homenagem a si próprio e para festejar suas vítimas. O importante, pensava Eva, é que a pátria estava salva, estreme de extremados extremismos extremos, embora ainda restasse enfrentar a extrema-imprensa e a Corte Extrema.

Até que veio a notícia de que o parlamento pretendia instalar comissões de inquérito. O governo então anunciou o contra-ataque: criaria uma comissão para investigar os oposicionistas. Sua intenção era desvendar tudo que pudesse ser alcançado, desde quem matou um insepultável prefeito, passando pelo crime da rua Toneleros e pelo assassínio de Júlio César pelos senadores, até quem matou quem nos primórdios da humanidade, se Caim a Abel ou vice e versa. Foi então que Eva ponderou que, naquele universo machista e misógino onde e quando ainda só havia quatro exemplares da espécie humana, talvez ela não devesse ter-se deixado encantar pela serpente que servia de rabo ao Capiroto.

Súbito, Eva compreendeu de quem era a culpa por toda a desgraça que se abateu sobre o país, desde o dia em que escorreram lágrimas de cebola de seus olhos e sangue de seus dedos.

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, madrugada de 7 de julho de 2022)

04/11/2022

A Mais Querida da Infância

Resposta a uma amiga conterrânea:

"M..., querida, como vai?

Já deu uma olhada em quem está do lado do seu Micto?

Sabe quem é Valdemar da Costa Neto? Lembra de Roberto Jéferson? De Eduardo Cunha? De todo o pessoal do tal Centrão - aquele mesmo sobre o qual o impoluto só-que-não general Heleno cantava "se gritar pega Centrão..."?

Já viu o patrimônio acumulado por seu Micto ao longo de três décadas só na exploração da franquia eleitoral do sobrenome da familícia?

Conhece Flávio Bolsonaro e sua mansão adquirida por 6 milhões de reais, por baixo, em plena pandemia? Jair Renan, sua mãe e respectiva mansarda?

E Fabrício Queiroz? Já descobriu por que ele depositou 89 mil reais na conta da Michele?

Já examinou a compatibilidade entre os rendimentos da familícia e a aquisição de C E N T O E S E T E imóveis, dos quais C I N Q U E N T A E U M foram pagos em dinheiro vivo?

Você faz ideia do porquê de pagar imóveis em dinheiro vivo?

Já calculou o volume de 6 milhões de reais em notas de cem?

Estimada, vire esse disco arranhado. Não se apequene tanto.

Não se iguale a essa gente abilolada que já comemorou três ou quatro "prisões em flagrante" do Alexandre de Moraes, que não cessa de festejar cada vez que a tia do WhatsApp informa que já "confirmaram a fraude" e que o Micto "tem as provas", as mesmas que há anos ele vem dizendo que tem.

Nao se imiscua com essa gente amalucada que canta o hino nacional para pneu, que tenta segurar caminhão na unha bancando o SuperHomem, que se ajoelha no asfalto molhado para rezar um terço puxado pela descompensada Cássia Kis, que vai ao delírio por ouvir que o Micto precisa de 72 horas para dar o golpe - e esse tempo que não passa!

Que acredita com fervor que o Micto está mictando à ré, ou seja, "mijando para trás", mas é só "de mentirinha", só para enganar o Alexandre de Moraes, o mesmo que não para de ser preso em flagrante...

Que vai em multidão à frente da sede do exército do Rio de Janeiro ou em porciúnculas diante dos Tiros de Guerra, como fizeram os ridículos conterrâneos desta amada Capivari, para pedir intervenção militar, a que chamam de "intervenção federal" (cuide-se, Rodrigo Garcia!) em defesa - pasme! - da "liberdade de expressão"!

Não lhe ocorre que algo muito errado não está certo nessa lambança toda? Nessa alucinação generalizada? Nessa alienação coletiva? Nesse "remake" do episódio da seita liderada por Jim Jones em 1978?

Olha com que tipo de gente você se envolveu, rasgando sua biografia a ponto de por em xeque sua reconhecida inteligência cartesiana!

Por falta de aviso meu é que não foi!!!

Não se prenda ao passado. 'Bora caminhar para a frente que a fila andou.

Lula venceu, vai governar pelos próximos quatro anos. O time do Micto vai para a oposição. É assim na Democracia!

Vamos pensar no futuro.

Vamos pensar no que interessa ao povo pobre, que quer comida na mesa, três refeições ao dia, emprego, salários valorizados. Dignidade, esperança, oportunidades e vida em abundância, como Lula já proveu aos mais necessitados nos dois primeiros mandatos, ao que Dilma deu sequência.

Deixe que a polícia e o Ministério Público cuidem das cuecas e dos pneus preenchidos com dólares, do ouro cobrado pelos pastores do ministério da educação para liberar recursos, da tentativa de faturar R$1 de propina por dose de vacina adquirida em plena mortandade da pandemia.

Já chorou? Já esperneou? Já lambeu as feridas? Fez bem.

Agora engula esse choro, cesse os soluços, respire fundo e se prepare para a próxima.

Que já tem até data marcada: 4 de outubro de 2026.

Aproveite este momento tragicamente hilário para reler "O Alienista" e boa sorte da próxima!

*************

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, madrugada de 4 de novembro de 2022)

24/10/2022

Ligando Pontos

Quatro experientes policiais federais foram tranquilamente à casa de um sujeito sabidamente armado, sabidamente disposto a tudo - como registrado por ele mesmo em farto material audiovisual espalhado pelas redes sociais - para prendê-lo.

Lá chegando, calmamente tocaram a campainha e esperaram que ele abrisse a porta, obviamente seguros de que ele se entregaria.

Todavia, algo deu errado e o meliante começou a usar seu espantoso arsenal bélico. Atirou cinquenta vezes contra os policiais e soltou duas granadas. Dois policiais foram feridos e correram risco de morrer.

Por que raios os policiais foram cumprir a ordem de prisão assim, de forma tão despreocupada? Sem reforço, sem retaguarda, a peito aberto, absolutamente expostos?

Quem viu as cenas ao vivo mostradas pelo próprio delinquente, vistas do monitor das câmeras posicionadas do lado de fora da porta da casa, sentiu que algo estava errado com aquela forma de abordagem. Eu senti.

Suspeito que tenha havido prévio acerto entre o ex-deputado, o presidente da República e o ministro da Justiça. BolsoNero chegou a anunciar publicamente que havia destacado o ministro para resolver o caso.

Tudo acertado, o ministro deve ter dito aos policiais: "vão lá tranquilos porque já negociamos e ele vai se entregar". Um acordo político que certamente precedeu ao cumprimento da ordem judicial.

Os policiais foram enviados para uma arapuca!

BolsoNero e seu ministro expuseram quatro agentes da polícia federal à fúria de um bandido ensandecido sabidamente disposto a tudo.

É por isso que a Polícia Federal hoje está em pé de guerra com o candidato BolsoNero.

Depois de desmoralizar as Forças Armadas, desta feita BolsoNero expôs todo seu descaso à polícia federal. Gravemente. De modo imperdoável.

(*) Em Jacareí, SP, aos 24 de outubro de 2022

17/10/2022

Insalubridade

Lula foi um herói no debate. Devia receber uma espécie de abono de insalubridade da Band por ter de ficar duas horas debatendo com um sujeito tóxico, mentiroso, irresponsável, inconsequente, incapaz de formular uma ideia que não tenha por base sua cultura de Facebook.

BolsoNero só fez reproduzir o conhecimento que recebeu da tia do WhatsApp.

Insistir em idiotices como fechamento de igreja na Nicarágua, ideologia de gênero, banheiro unissex é tiro no pé.

Lula fez bem em deixar o ogro falar sozinho por sete minutos, vomitando essas estultícias que já convenceram os estúpidos que se permitiram convencer e não agregam mais ninguém.

O povo quer é saber de salário, emprego, matar a fome, ter saúde e educação.

16/10/2022

Passou dos Limites

A campanha de BolsoNero e muitos de seus apoiadores têm por método de ação pegar vídeos de Lula, recortar falas e editá-los invertendo a ordem para criar feiquinius sobre o ex-presidente. Chegaram até a alterar rotação, deixando-o com voz arrastada para fazê-lo parecer bêbado. Pronta a peça danosa à honra de Lula e financiados por grandes empresários como o espalhafatoso palhaço de verde e amarelo Veidavan, gastam milhões de reais em modo caixa dois para espalhar a edição tosca.

Aí vem a público uma fala desastrosa de BolsoNero por inteiro, sem cortes, sem edição, como a entrevista de ontem em que ele confessa que passeava de moto num sábado de manhã por uma comunidade de Brasília quando viu na porta de uma casa algumas meninas venezuelanas de treze, catorze anos, bonitas e "bem arrumadinhas", circunstâncias que por força de seu preconceito o fizeram concluir que era para "ganhar a vida".

Na sequência, disse BolsoNero que "pintou um clima" e ele decidiu entrar na tal casa de prostituição das meninas venezuelanas. Foi ele que disse exatamente isso! Nessa exata ordem.

Na madrugada de ontem para hoje ele gravou um vídeo para explicar o caso. E o que foi que ele disse?

Que o PT recortou a fala dele e editou invertendo a ordem. E não explicou o que ele quis dizer com "pintou o clima".

Complementou que, na ocasião, em 2020, a título de demonstrar sua "indignação", ao invés de adotar as medidas institucionais cabíveis para denunciar a suposta exploração da prostituição e proteger as meninas, o autoproclamado "defensor da tradicional família brasileira" resolveu "fazer uma 'live' direto da casa". Nada mais.

Passou de todos os limites!

(*) Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, aos 16 de outubro de 2022.

08/10/2022

Para que Servem os Governos?

Em primeiro lugar, os governos servem para organizar a vida em sociedade.

Imagine que o mundo estivesse começando agora e se resumisse ao pessoal do seu bairro, da sua escola, ou mesmo da sua cidade, e que, por óbvio, não houvesse governo, nem sequer noção do que isso pudesse ser, por absoluta falta de experiência. Sim, claro, seria uma bagunça, um verdadeiro caos.

Feita a organização da sociedade, por meio de constituições, leis, regras de toda sorte, ainda resta identificar: para que servem os governos, além de organizar a sociedade?

A sociedade é um conjunto gigantesco de pessoas que convivem com suas diferenças, com suas deficiências, com suas virtudes e seus defeitos. Há os fracos e há os fortes, há os que têm mais inteligência e os menos dotados, há os sãos e há os doentes.

E há os ricos e há os pobres. Há os pobres remediados e há os extremamente pobres, que mal têm o que comer. E há os muito, muito ricos, que sequer enxergam os mais pobres, de qualquer nível.

Penso que a mais importante razão de existirem os governos é garantir que todos, indistintamente, possam viver, e viver com um mínimo de dignidade, o que aponta necessariamente para dar maior atenção aos pobres.

Em tempos de eleição é preciso partir dessa premissa para bem escolher o governante: os governos têm por finalidade organizar a vida em sociedade de modo a permitir a todos viverem condignamente.

Governos não existem espontaneamente, não surgem do nada. A Humanidade desenvolveu a Política como forma pacífica de resolver os conflitos e inventou a Democracia para que seus governantes fossem escolhidos por meio da consulta à vontade de todos e para que todos pudessem participar das decisões e delas se beneficiar.

Estamos às vésperas da realização do segundo turno da eleição mais importante de toda a História do Brasil.

É nosso dever avaliar qual dos dois candidatos, qual dos grupos políticos que disputam a eleição está efetivamente preocupado com o objetivo de organizar a sociedade de modo a garantir vida digna para todos.

O atual presidente já deu mostras mais que suficientes de que não se importa em criar empregos, por exemplo. Chegou a dizer, num de seus arroubos verborrágicos, que "eu não crio emprego", o que é apenas meia verdade. De fato, quem "cria" empregos são as empresas, a depender, porém, das demandas da sociedade.

Um bom presidente "cria", sim, empregos, como criou Lula em seus oito anos como presidente. Foram mais de vinte milhões de empregos, vencendo um quadro de desemprego similar ao atual, de 12% da mão-de-obra do país.

Não os criou à base de canetadas, evidentemente. Ele os criou por meio de políticas e ações que permitiram condições objetivas para que a economia do país crescesse.

Lula se preocupou, a partir do programa "Fome Zero" e depois pelo "Bolsa-Família", em garantir um mínimo de renda a todas as pessoas que viviam na extrema pobreza.

Com isso, ele permitiu que essas pessoas comprassem o arroz, o feijão, a carne, o leite, o pão nosso de cada dia. Garantiu a alimentação do povo e gerou demandas. Foi preciso produzir mais arroz, mais feijão, mais carne, mais leite, mais trigo e mais pão.

Os produtores - os pequenos agricultores, os empresários do agronegócio, do comércio, dos transportes - precisaram contratar mais trabalhadores na lavoura, na pecuária, mais caminhoneiros para transportar a produção, mais atendentes para o atacado e para o varejo.

Fez o que se chama girar a roda da economia.

Ao mesmo tempo, Lula criou o Minha Casa Minha Vida, que incrementou a demanda no âmbito da construção civil. Além de garantir moradia digna a milhões de brasileiros, foram gerados mais empregos para pedreiros, engenheiros civis, bancários, mais trabalho para corretores, pintores, eletricistas.

Com esse incremento, os trabalhadores passaram a ter necessidade de comprar mais roupas, mais sapatos, por exemplo.

A consequência é que, por todos os lados, os empregos cresceram, os salários se elevaram, a qualidade de vida do brasileiro melhorou efetivamente.

E o governo Lula foi além. Por meio do BNDES, abriu linhas de crédito para empresas - grandes, médias, pequenas - e para microempreendedores. As pessoas comuns passaram a frequentar aeroportos, a viajar para dentro e para fora do país. Os que antes acreditavam que faziam jus a certos privilégios chegaram até a reclamar que aeroporto estava parecendo rodoviária.

Noutro flanco, o governo Lula se preocupou em elevar o acesso ao ensino universitário. Através do aperfeiçoamento do FIES, da criação do Prouni, do Reuni, do SISU, das cotas, o Brasil saiu de 3,5 milhões de estudantes universitários antes de Lula chegar à presidência para mais de 8 milhões quando Dilma foi tirada pelo golpe dos corruptos de 16. Mais que dobrou o número de alunos do ensino superior.

Com o maior acesso dos filhos do pobre às universidades, estes melhoraram seu padrão de vida. Tornaram-se engenheiros, médicos, advogados. O filho do pobre pode também se tornar doutor - o que igualmente provocou a ira dos que achavam que diploma de curso superior era privilégio de sua casta.

Enquanto se preocupava com a economia e com a educação, Lula também avançava em áreas como saúde pública. Criou o SAMU, criou o programa Médico de Família, ampliou o número de leitos hospitalares. Dilma foi mais longe, criou o Mais Médicos, levando esses profissionais a rincões abandonados e à periferia das cidades do país, aonde o médico filho da elite se recusava a ir.

Lula levou energia elétrica aonde não havia, por meio do programa Luz para Todos, e as pessoas puderam adquirir geladeira, aparelhos elétricos e eletrônicos, elevando a qualidade de vida da população.

Levou cisternas para onde a seca era um problema e deu início à execução da transposição do Rio São Francisco, um projeto dos tempos do Império que nunca antes houvera saído do papel, para matar a sede dos nordestinos, obra que Dilma chegou a completar 95%. Tirada a ex-presidenta à força do poder, coube a Temer e, por último, ao atual presidente completar o pouquíssimo que faltava.

Lula ainda teve a oportunidade de recuperar a indústria naval brasileira e a expandir mundialmente a indústria da construção civil. Também pelo BNDES, financiou empresas BRASILEIRAS que foram construir obras mundo afora, dos Estados Unidos à África, gerando empregos para engenheiros e técnicos BRASILEIROS, financiamentos que exigiam das construtoras utilizar insumos produzidos no Brasil, criando ainda mais empregos no país e salários cada vez mais elevados.

Agora pegue lápis e papel - ou caneta BIC, como quiser, com tinta ou sem, tanto faz - e faça uma relação das ações e programas do governo BolsoNero que realmente tenham contribuído para organizar nossa sociedade de modo a permitir um mínimo de dignidade aos brasileiros.

Ao invés de se preocupar com a criação de empregos, ele lavou as mãos e disse que esse não era seu papel.

Ao invés de pensar na alimentação do povo, preocupou-se em armar a população.

Chegou a dizer algo como se o fuzil fosse mais necessário aos cidadãos do que o feijão.

O resultado é que se tornaram rotineiros crimes e acidentes com arma de fogo. Em Jacareí, por exemplo, um garoto matou o cunhado ao disparar a arma que este havia deixado no banco traseiro do automóvel. Em Taubaté, uma menina de treze anos matou a bala a amiga de doze após uma discussão. Armas não têm outra serventia senão tirar a vida de alguém.

Um presidente que defende e difunde o uso de armas pela população não só não pode se dizer cristão como atenta verdadeiramente contra as famílias, porque permite que elas se destruam ou sejam destruídas - como no caso do fanático de Foz do Iguaçu que invadiu uma festa de aniversário para matar quem não pensava como ele, politicamente. Ou do sujeito que deu um tiro num irmão de fé dentro de uma igreja, por divergência da mesma natureza.

Lula, por sinal, é cristão. Foi batizado, crismado e se casou três vezes na igreja católica. Sua primeira esposa faleceu no parto - ele perdeu a mulher e o filho. Casou-se depois com dona Marisa Letícia, com quem viveu 43 anos de uma linda história de amor. Dona Marisa faleceu em decorrência dos abusos da Lava Jato contra sua família. Recentemente, Lula casou-se de novo. E tem dito e repetido que é contra o aborto, embora seu adversário insista em difundir "feiquinius" em contrário (logo ele, que chegou a cogitar de abortar o filho Jair Renan).

O outro também casou-se três vezes. Todas, porém, estão vivas, e bem vivas, e muito ricas. Ele se habituou a trocar de esposa sempre que elas alcançavam o prazo de validade. Esse é o "conservador", o "cristão", o que dizem que defende a tradicional família brasileira.

Enfim, Lula sempre governou cuidando do povo brasileiro, garantindo a todos um mínimo de dignidade, permitindo que todos pudessem tomar o café da manhã com leite, pão e manteiga, almoçar e jantar pelo menos um prato de arroz com feijão, um bifinho com batatas fritas em cada refeição, todos os dias. E, claro, nos finais de semana todos podiam reunir a família e os amigos para comer uma picanha e tomar uma cervejinha, que ninguém é de ferro, afinal.

Em resumo, Lula levou água, pão, dignidade, esperança e oportunidades a todos os brasileiros.

Costumo dizer que, como bom e verdadeiro cristão, Lula cumpriu a missão dada por Jesus de levar "vida em abundância" ao seu povo.

Já o outro, negligenciando na hora de comprar vacinas durante a pandemia, sabotando acintosamente as regras internacionais de combate ao vírus, estimulando aglomerações e desestimulando o uso de máscaras enquanto debochava dos doentes, e difundindo o uso de armas, só nos trouxe morte e destruição das famílias brasileiras.

A decisão é sua.

Está em suas mãos decidir entre quem promove a paz em família e garante emprego, liberdade e segurança alimentar e quem, mais preocupado com motociatas e passeios de jet-ski na hora do expediente, descuida do seu povo e promove a destruição das famílias, prega o ódio e é incapaz de emitir uma palavra de amor.

Vote 13 e contribua para o retorno da paz e do amor aos nossos lares ou, votando no outro, para manter esse clima de ódio, de discórdia e guerra que acabará nos destruindo a todos.

Bom voto a todas e todos!

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 8 de outubro de 2022

08/09/2022

Papo a Três

CENA I

Em cena, estão MESSIAS, trajando terno e com uma Bíblia na mão, e JAIR, vestido com uma camiseta da seleção brasileira, número 17 às costas com seu nome em cima, calção verde, meia três quartos e bota de cano curto. Ambos estão sentados à mesa de reuniões e portam armas de brinquedo, que repousam sobre o móvel.

PRESIDENTE entra em cena, por uma porta à esquerda. Traja um terno com gravata verde-oliva em tons de camuflagem e a faixa presidencial cruzando o figurino em diagonal. Nas partes baixas veste um pijama e calça chinelos. Sob o braço segura um quepe. Mal aparece, logo para à porta, espreguiça-se estendendo o braço livre e boceja longamente.

PRESIDENTE: Falaí, rapaziada. Que que manda? Por que tão cedo aqui? Não é nem meio dia ainda. Que que tá pegando? Nem me falem de futebol hoje, talquei!? Ahahahaha!

JAIR: É, pois é. Essa eliminação do Palmeiras...

PRESIDENTE: (irritado) Cale a boca! Eu falei para não falar de futebol!

MESSIAS: Presidente, estamos preocupados. A repercussão do que aconteceu ontem não foi das melhores, meu irmão.

JAIR: Na verdade, foi péssima, meu Mito.

PRESIDENTE: Mas Messias, Jair, péssima por quê? Eu não saí das quatro linhas, saí? Não ataquei os canalhas do Supremo, não ameacei golpe, não... não...

MESSIAS: Não, não saiu das quatro linhas. Mas aquele coro, “imbrochável”, pegou mal, Irmão! Muito mal.

JAIR: Minha fraquejadinha de nove anos estava assistindo, presidente. Perguntou o que era "imbrochável”. Tive de explicar...

PRESIDENTE: Mas, Jair, eu sou imbrochável mesmo, p***a! Pergunte pra Michele!

JAIR: Não é bem isso que ela me diz.

PRESIDENTE: (bravo) Ela não diz porque não é com você que ela dorme. Ela dorme é com o Presidente! – diz, batendo as mãos sobre o próprio peito.

JAIR: Nós sabemos! Mas que pegou mal, pegou.

PRESIDENTE: Mas eu falei de Deus, Pátria e Família! Deus acima de todos, p***a! Falei que Ele me deu nova vida pra servir ao meu povo! Não falei, Messias?

MESSIAS: Meu irmão, nós reconhecemos, nessa você mandou bem, fez o povo lembrar da “feiqueada“...

PRESIDENTE: (irritado) Fale baixo, Messias! Não use essa palavra. Está proibida! Eu mesmo mandei censurar! E as paredes têm ouvido!

MESSIAS: Desculpe, desculpe. Não está mais aqui quem falou.

JAIR: Por falar em quatro linhas, Presidente, o que é que quer dizer essa figura de linguagem?

PRESIDENTE: Que figura de linguagem que nada, que eu não sou macho de ficar com frescura. O que eu tenho de falar eu falo na lata!

JAIR: Então...?!?

PRESIDENTE: (baixando o tom) Então... é que eu só li as quatro primeiras linhas da Constituição, talquei?!? (Voltando a gritar) Mas nunca saí delas, p***a!

MESSIAS: Não saiu, mas... digamos que... deu uma escapadinha. É fato que nós usamos uma solenidade oficial para fazer campanha política. Estão dizendo que isso vai dar problema, que podem cassar sua candidatura.

PRESIDENTE: (gritando) F**a-se minha candidatura! Não tô nem aí. Não nasci presidente, p***a! Messias, Jair, vocês me conhecem desde sempre. V,ocês acham que eu nasci com esta me*da desta faixa no corpo? Olha, eu já tô cansado dessa p***a toda, p***a! Não nasci pra isso. Eu gosto é de comer gente. Eu sou militar, minha especialidade é matar!

MESSIAS: Mas se você não for reeleito, seremos todos presos! Nós e toda a família!

PRESIDENTE: Só Deus me tira da minha cadeira de presidente!

JAIR: Mas as pesquisas, Mito, indicam...

PRESIDENTE: São todas compradas! Aquele nove dedos comprou todas!

MESSIAS: Nós sabemos, meu irmão, mas são muitas! Não é possível que todas estejam erradas. E custaria muito caro comprar todas!

PRESIDENTE: (em tom de deboche) Quanta ingenuidade, Messias. Quanta ingenuidade! Já esqueceu que o nove dedos roubou trilhões?

JAIR: Sabemos, presidente. Mas é fato que não encontraram nada, nenhum centavo com aquele cachaceiro miserável. E ele já saiu cobrando de nós. Quer saber com que dinheiro compramos 107 imóveis, 51 pagos em dinheiro vivo!

PRESIDENTE: E ele queria o quê, Jair? Que eu comprasse com dinheiro morto? Pra depois dizer que meu governo é o “governo da morte”, p***a!? Que foram 26 milhões em dinheiro vivo e, na pandemia, 680 mil mortos? É isso?

JAIR: Que contabilidade macabra, meu Mito. (Reflexivo) Não tinha pensado nesses termos antes...

MESSIAS: Essa coisa dos imóveis também está prejudicando nossa campanha, meu irmão presidente.

PRESIDENTE: E por falar nessa p***a aí dos imóveis, Messias, já providenciaram a certidão do marido daquela vaca jornalista?

JAIR: Presidente, esse é outro problema sério. Nós precisamos melhorar a imagem perante as mulheres. E chamar jornalista de vaca só piora as coisas.

PRESIDENTE: Mas eu nunca chamei jornalista de vaca, p***a!

MESSIAS: Acabou de chamar...

PRESIDENTE: Só aqui, entre nós. Lá fora é outra coisa. Até beijei Michele na boca, chamei de princesa e disse que ela é muito melhor do que aquela mocinha bonitinha que casou com o nove dedos!

JAIR: O beijo de língua também não pegou bem, presidente. A liturgia do cargo, essas frescuras de cerimonial... Mas pegou mal mesmo foi a cara de nojo que a Michele fez logo depois do beijo. Sem contar aquela discussão, antes, no carro...

MESSIAS: Aliás, quando ela pôs a cabeça para trás de sua orelha, pareceu que ela estava enxugando a boca no seu pescoço. E aquele sorrisinho amarelo, a cara de nojo que ela fez... Não ajudou nada!

PRESIDENTE: Jair e Messias, vocês estão exagerando, talquei! O evento foi ótimo, deu tudo certo, aquele mar de gente...

MESSIAS: Os caminhões não foram. O jipe sendo empurrado...

JAIR: Os paraquedistas que quase morreram...

MESSIAS: Os presidentes dos Poderes, as outras autoridades que não compareceram...

PRESIDENTE: Do que vocês estão falando, Jair e Messias? Até tive de aguentar aquele comunista do meu lado o tempo todo no palanque oficial.

JAIR: O Veidavan virou comunista? Bem que eu sempre desconfiei daquele Louro José!

PRESIDENTE: Que Veidavan que nada! Esse carequinha é meu bródi. Tô falando do presidente de Portugal. Não desgrudou de mim.

MESSIAS: E o pior, não deu nem para contar piada de português para ele.

PRESIDENTE: Ahahahaha! Verdade.

JAIR: Pelo menos ele trouxe o coração. Que piada!

PRESIDENTE: Olh'aqui. O DataPovo é a única pesquisa que não mente. Nós vamos vencer no primeiro turno, escute o que estou dizendo. A voz do povo...

MESSIAS: Não sei, meu irmão. Já não estou tão confiante. Precisamos pensar num plano B.

PRESIDENTE: Não tem plano B, p***a nenhuma! Só se for B de Bozo!

MESSIAS e JAIR (em coro): Como?!?

PRESIDENTE: Ops! Escapou. Mas não tem plano B coisa nenhuma, talquei!?

JAIR: Temos que pensar numa saída à francesa, meu Mito.

PRESIDENTE: Saída à francesa é coisa do Ciro Gomes, aquele nordestino cabeça chata de Pindamonhangaba, p***a!

JAIR: Hoje ele é nosso melhor aliado, presidente.

PR: Tem razão, Jair. Mas como assim, saída à francesa? O que quer dizer isso?

MESSIAS: Fugirmos. Podemos fugir para uma embaixada, para um país amigo. Arábia Saudita, pensei.

JAIR: Miami...

MESSIAS: Israel, a Terra Santa!

PRESIDENTE: Tenho grandes amigos no Oriente Médio. O xeique degolador de jornalista, por exemplo. Queria ver a Vera e a Amanda chegarem perto de mim, se teriam coragem de olhar para mim com aquele olhar canalha com que me encararam. (Imitando a Amanda): “Presidente, como o senhor explica a compra das p***as dos imóveis?” Aquele ar de deboche da Renata ao lado do Bonner. Aaaah, que ódio dessas va...! Dessas péssimas jornalistas. Devem sonhar comigo, ter orgasmos pensando em mim, todas elas.

MESSIAS: Na Arábia estaríamos a salvo dessa gentalha, meu irmão.

JAIR: Gentalha, gentalha!

MESSIAS: Porque de fato as pesquisas...

PRESIDENTE: (esbravejando) Não quero mais falar de pesquisas, p***a! Está encerrada a p***a desta entrevista!

(Bate forte à mesa e sai, muito irado)

CENA II

Passa-se no mesmo local, muitos anos depois.

ROSÂNGELA está em pé, trajando roupas sóbrias e a faixa presidencial cruzando o figurino em diagonal. Ao lado dela, também em pé, dois árabes com seus trajes tradicionais que trazem à mão um pote de vidro que oferecem a ela.

ÁRABE 1: Presidenta, vimos em nome do governo da Arábia Saudita.

ÁRABE 2: Nosso povo se sentirá muito honrado se Vossa Excelência aceitar esta oferenda de nosso povo.

ÁRABE 1: Muitos anos atrás, nosso país recebeu em exílio um presidente que fugiu do Brasil com sua família assim que perdeu a eleição para seu saudoso marido, Senhora!

ÁRABE 2: Como estamos às vésperas de mais um aniversário da Independência do Brasil, e a exemplo do que fez Portugal com o coração de Dom Pedro I por ocasião do bicentenário, nosso governo resolveu presentear seu povo com isto.

ÁRABE 1: Até para nos livrarmos dessa coisa...

(ÁRABE 2 cutuca acintosamente o colega e o repreende com o olhar)

ROSÂNGELA: Sei, me lembro muito bem daquele Coisa Ruim, o Inominável. Mas é o coração dele? Tão pequenininho...

ÁRABE 1: (tossindo) Não exatamente, Senhora!

ROSÂNGELA: (caminhando para o centro do palco, expondo o pote à plateia) Ei, mas isto é um pênis! E caído!

ÁRABE 2: Mas conservado em formol, Senhora!

(ROSÂNGELA começa a rir até que todos caem na gargalhada)

***FIM***

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, madrugada de 8 de setembro de 2022)

Link:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=418474310269323&id=100063202722778

24/06/2022

Busca e Apreensão de Versículos

Palavras literalmente reproduzidas ditas pelo ex-ministro da Educação de BolsoNero, Milton Ribeiro, em telefonema à filha:

"Hoje o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento, novamente, de que podem querer atingi-lo através de mim

“É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?"

“Ele acha que podem querer fazer uma busca e apreensão em casa. É muito triste”

Então é isso.

Por causa de uns versículos que o ex-ministro tem mandado para BolsoNero a Polícia Federal pode estar querendo atingir o presidente fazendo uma busca e apreensão na casa do religioso ex-assessor.

Pressentimento que o sensitivo BolsoNero já teve anteriormente.

Resumindo: a Polícia Federal está empenhada em fazer busca e apreensão de uns versículos na casa do ex-ministro de BolsoNero.

É só isso, gente maldosa.

14/05/2022

Convite à Reflexão

Dentre meus muitos amigos, queria destacar um em especial. .

Foi delegado de polícia por muitos anos. Conduta irreprovável!
Conhecemo-nos em Americana, eu advogado, ele delegado.
Foi suplente de vereador e, nessa condição, assumiu por longo período a vereança. Desde sempre no MDB, foi candidato a prefeito em 2020.
A convite de vereadores do PT, tornei-me assessor jurídico e tive oportunidade de auxiliá-lo em duas "CPI 's" (comissões especiais de inquérito, como são conhecidas em âmbito municipal), uma da qual ele foi o presidente, outra, o relator.
Ele gostou do meu trabalho.
Reeleito para a legislatura seguinte, desta feita como titular, tornou-se presidente da Câmara e me convidou para ser procurador da Casa. Aceitei a honraria.
De lá, saí para assumir o cargo de procurador municipal em outra cidade, este por concurso público (a saga para obter acesso ao cargo eu relato na "treta" objeto de recente publicação que fiz).
Esse meu amigo é homem honrado, digno da minha admiração.
Não é antipetista, por óbvio, mas ainda tem alguma reserva em relação a Lula.
Treinado para ser delegado de polícia, é compreensível que tenha pendores acusatórios, condenatórios de quem quer que seja acusado de algum crime.
Hoje ele interveio numa publicação que fiz - aquela mesma que rendeu a tal treta para lá de estressante com outro amigo.
De novo.
Eu postei que "sou brasileiro, voto Lula 13".
Ele interveio para dizer que esperava "melhor opção".
Objetei que ele tinha a melhor das melhores opções à disposição.
Fiz então o seguinte CONVITE À REFLEXÃO, que agora divido mais amplamente, na intenção de alcançar mais pessoas de bem que ainda não estão suficientemente esclarecidas sobre os fatos que envolveram Lula.
Aí vai:
*************
Meu querido e admirado amigo.
Eu entendo você. Não o recrimino, juro que não.
Sei como é difícil.
Você, como todos os brasileiros, passou esses anos todos, dia após dia, noite após noite, tendo a mente envenenada pela mídia, a Globo com aquela imagem diária de dutos gigantescos dos quais saíam rios de dinheiro; as capas infindáveis da Veja, da Istoé, incriminando Lula, associando-o a tudo de ruim que acontecia no país.
Essa gente é o que, senão porta-voz do poder econômico ao qual pertencem os próprios donos, os Marinhos, os Abravanel, os Civita e os Mesquita?
É preciso entender o jogo político, os interesses em jogo, que eu resumo em capital versus trabalho.
Eu entendo você e todos os que, vítimas desse envenenamento diuturno, deixaram se levar pelo preconceito que, adredemente, esses veículos de comunicação despertaram e alimentaram por esses anos todos.
Preconceito e ódio.
O preconceito diz respeito à origem de classe de Lula.
Um sujeito vindo da pobreza que resolve ser político, só pode estar em busca de se dar bem na vida.
Segue contra os sindicalistas.
Um trabalhador que tem a pretensão de liderar outros trabalhadores só pode ser por desejo de ter poder e, claro, enriquecer.
Esse preconceito chega à condição de político de Lula, pois com toda a certeza do mundo todo político é corrupto.
Você é político. Eu sou politico. Nós sabemos que esse senso comum reinante na sociedade é falso.
Ou eu estou enganado? Em relação a mim, sei que não. Estarei enganado em relação a você? Aposto que não.
A partir do preconceito, passou-se a lidar com o ódio.
Lula, que tanto fez pelo povo mais humilde, que sempre e tanto lutou para combater a corrupção, precisava ser abatido no quesito que ele tem por mais precioso: sua honestidade. Sua honra. Sua dignidade.
Moro, Dallagnol, essa direita concursada, achou que seria fácil.
Afinal, Lula veio da pobreza, meteu-se no sindicalismo, tornou-se político, foi presidente da república, comandou oito orçamentos anuais de mais de 1 trilhão de reais cada um, cada orçamento.
Vai ser moleza, pensaram.
É claro que ele é corrupto! Só pode ser corrupto!
Quebraram a cara. Deram com os burros n'água.
Porque, diferentemente deles próprios, corruptos (Moro vendeu a sentença por um cargo no ministério da justiça e expectativa de outro, no STF; Dallagnol comprou dois apartamentos de andar inteiro no bairro mais caro de Curitiba e sua mãe chegou a adverti-lo para não deixar tantos dólares debaixo da banheira), Lula é HONESTO.
O que me incomoda, meu amigo, é que, sabendo da correção do seu caráter, sabendo dos valores que você preza, que são os mesmos que eu prezo, você não consiga se libertar desse preconceito que lhe foi infundido e se deixe levar pelo ódio que você nutre sem sequer perceber.
Isso me incomoda.
Dê uma oportunidade à sua consciência. Ao seu caráter de pessoa correta, justa, honesta. Cristã, imagino.
Reflita sobre o que escrevi.
Avalie tudo o que houve e o que de fato restou.
Sérgio Cabral foi flagrado com o que desviou em seu favor. Eduardo Cunha foi flagrado com contas irregulares fora do país. Geddel foi flagrado com dólares escondidos num apartamento destinado exclusivamente a servir de esconderijo desses valores.
Contra Lula, o que há?
Cadê o fruto do tanto que ele "roubou"?
Cadê as joias, os quadros valiosos, os carrões? Os imóveis?
Cadê a ostentação?
Cadê os valores irregulares em contas-correntes, no Brasil ou no exterior, em nome dele, da falecida esposa, da futura esposa, dos filhos, das noras dos netos? Dos auxiliares, dos assessores, dos amigos, correligionários ou aliados?
Cadê o "laranja", o Fabrício Queiroz de Lula?
Um convite à reflexão racional (perdoe-me pela redundância) é tudo o que lhe faço.
Abraços. Bom final de semana.
(Luís Antônio Albiero, em Capivari, aos 14 de maio de 2022)

Não Há Demanda para a Humildade

Fiz uma postagem em que digo "sou brasileiro, voto em Lula 13".

Despertou a ira de alguns amigos, claro.

Um deles postou "não voto em ex-presidiário".

Eu o fiz ver que ex-presidiários existem aos montes, por injustiças históricas. Citei Jesus, Pedro, João, Ghandi Mandela e Martin Luther King. Depois acrescentei Tiradentes e os demais inconfidentes.

Ele disse que eram "devaneios" meus, que seriam frutos ou de "doença mental" ou de "interesses" que eu teria.

Interesses em defender Lula, naturalmente.

Disse ele que sabia quais eram meus "reais interesses" e que "parte" deles eu já havia conquistado.

Completou afirmando que conhecia a minha "história" e recheou a insinuação com uma sequência dos infaltáveis "kkk".

Veja que até aqui são afirmações. Não há pergunta alguma. Apenas afirmações, com evidentes insinuações.

Mais adiante ele indaga em "qual governo", e "qual partido", eu entrei no cargo que hoje ocupo.

Isso depois de eu já ter postado um longo comentário em que esclareço - observem que postei antes de qualquer indagação dele! - que eu prestei o concurso sob um governo do PSDB, que deveria ter sido convocado pelo mesmo governo do PSDB e que assumi o cargo, depois de uma batalha judicial que durou oito anos, quando de novo era governo o PSDB.

E que o PSDB me prejudicou exatamente por eu ser petista.

Eu pedi que ele se explicasse. Que pesquisasse e, se a consciência dele assim o determinasse, que se retratasse.

Mas humildade não é produto que se compra em supermercado, não é mesmo?

Ele fez as insinuações em público e me pediu desculpas em privado.

Enfim, abaixo publico a íntegra do meu comentário que ele se recusou a ler, que vale para qualquer um que tenha dúvida, interesse, preocupação ou, sei lá, até mesmo alguma pontinha de inveja do cargo que, honrosamente, hoje ocupo:

*************

Às vezes eu fico me perguntando: por que sempre que eu coloco alguém diante do espelho da sua própria consciência o sujeito fica nervosinho, como acabou de acontecer, acima, com meu amigo de longa data L* C* C*?

O que faz despertar nessas pessoas tamanho ódio, a ponto de sempre fazerem as mesmas insinuações, as mesmas ofensas?

Chamar de "devaneios" o que escrevo ou é incapacidade de compreender meu raciocínio - e eu me penitencio por talvez não conseguir me expressar de maneira inteligível - ou é puro desejo de me achincalhar, o que me conduz à ideia, talvez equivocada, de que faltem argumentos a essas pessoas.

Mas a ofensa mais evidente, na verdade, a pretensão mais evidente de me ofender reside nas insinuações que essas pessoas fazem acerca de um possível "interesse" de minha parte na vitória de Lula ou do PT.

A toda evidência, essas pessoas não se referem a interesse público. Decerto, não lhes passa pela mente pervertida pelo senso comum que meu interesse seja o de que tenhamos um Brasil governado por gente honesta e sinceramente empenhada em proporcionar dias melhores para todo nosso sofrido povo brasileiro. Certamente não é a esse interesse que essas pessoas se referem, porque, assim fosse, sequer mencionariam a palavra.

Suponho - e é mera suposição, espero estar enganado - que essas pessoas se refiram a interesse pessoal. Um cargo, por exemplo. Como se exercer um cargo em governos fosse demonstração de algo ruim, de mau-caratismo talvez. "Mamata", chamam a isso, a esses - perdoe-me, caro L* C* - a esses devaneios.

Não gosto de ser pedante, mas não posso deixar de mencionar e lembrar que sou procurador municipal concursado que, ao contrário desses devaneios de meus interlocutores, conquistei sem qualquer ajuda de quem quer que fosse.

Prestei o concurso quando o prefeito era um tucano. Deveria ter sido convocado por esse mesmo prefeito já no seu segundo mandato, mas esse prefeito, exatamente por eu ser petista, me prejudicou ao ponto de me atrasar oito anos na carreira, porque me obrigou a entrar na justiça para lutar pelo que era meu por direito, por merecimento (alô, meritocratas!).

Oito anos durou a luta judicial, o que me custou oito anos de salários que deixei de receber e o ingresso num plano de carreira piorado, em relação àquele em que eu deveria ter ingressado.

Esse é o cargo que ocupo, numa prefeitura que até mês passado era governado por outro tucano (que deixou o PSDB e renunciou ao cargo para disputar o de governador do estado de São Paulo pelo PSD, do Kassab).

E, sem ser pedante, como eu dizia, tenho um salário que me satisfaz e me permite uma vida bem confortável. Muito confortável.

Então, odientos que vivem a tentar me ofender com essas insinuações, não percam seu tempo. Não se deixem levar por essa irracionalidade.

Eu não preciso de outro cargo público para me "dar bem" na vida.

Engulam esse preconceito, esse ódio, essa inveja.

30/04/2022

Desinformados e Deformados

Postei há pouco comentário a uma postagem de um defensor do Micto, desses que ainda insistem em chamar Lula e todos nós petistas de "ladrões".

Nessa postagem ele confessa que sua crença vem em razão de "tudo o que a mídia mostrou dia após dia".

*************

Joao V., você se deixou desinformar e se deformar por uma mídia corrupta que tinha (e sempre terá) a clara intenção de derrubar um governo que interessava ao povo pobre e que não interessava aos poderosos.

A mídia é porta-voz da elite econômica, dos donos do grande capital, dos que mandam de verdade neste país - e você, sinto contar-lhe a verdade, você não faz parte dessa elite.

Procurei e não vi seu nome na lista dos brasileiros bilionários da Forbes.

Então, enxergue-se, enxergue o lado em que você está, veja qual é a parte que lhe cabe neste latifúndio e lute conosco, lute ao lado dos que representam de verdade o povo brasileiro - os miseráveis, os pobres, a classe média, os pequenos e médios empresários.

Observe as diferenças.

Quando foi a última vez que você ouviu o Micto falar em criar emprego, em gerar renda, em melhorar salários, em acabar com a fome?

Provavelmente, nem durante a campanha de 2018, nem em qualquer dia dos 28 anos do mandato inútil que ele exerceu antes do acidente que o tornou presidente da República.

E quais os programas que o Micto desenvolveu durante o mandato acidental de presidente da República para melhorar a vida do povo?

Reflita.

Não tenha medo de encarar a verdade, de lutar com sua própria consciência. Tenha coragem.

E tome seu lugar no transatlântico do Lula. Ajeite-se conosco e seja bem-vindo a bordo.

Você pode. Força!

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 30 de abril de 2022)

16/04/2022

Ô, Ignorante!

Não adianta você aí ficar chamando Lula de "luladrão", "lularápio", "presidiário", "ex-presidiário", "descondenado", essa bobajada toda.

Não é porque você deseja, com a força desse ódio todo acumulado em seu coração, que ele seja o que você quer que, chamando-o de "ladrão", em ladrão ele se transformará.

Sei bem que você raciocina assim, que se fosse você que tivesse administrado orçamentos trilionários como Lula administrou, você teria desviado alguns bilhões ou milhões em seu próprio favor.

Sei que você, que foi pobre como Lula, embora certamente não tão miserável como ele, deve pensar que se também chegasse à presidência iria roubar a mais não poder, já que, segundo seu preconceito, quem vem da pobreza entra na política só para se dar bem.

Que se você fosse político, e principalmente se fosse presidente da República de seu país, você roubaria mesmo, porque, afinal, segundo esse mesmo preconceito que embaça sua visão, todo político rouba, sempre foi assim e assim será por todos os séculos e séculos amém.

Vou dizer-lhe uma coisa, sabichão: nem todo mundo tem essa propensão à desonestidade que você tem. Nem todos são como você. Nem todo pobre quer se dar bem à custa do povo, como você gostaria que tivesse sido consigo mesmo. Nem todo político rouba, como você roubaria.

Então, pare de projetar no outro a maldade que conduz esse seu espírito peludo.

Pare de projetar em Lula seus desejos mais íntimos e inconfessáveis.

Lula foi investigado intensamente, por anos a fio. Ele, a falecida esposa, os filhos, as noras os amigos, até os netos mais pequeninos, os auxiliares próximos, os aliados distantes, e o que foi que encontraram de irregular?

Nada.

Absolutamente nada!

Tanto que foi preciso recorrer a um juiz venal, ladrão, com perversidade e cara-de-pau suficientes para condená-lo por uma reforma meia boca num apartamento meia boca que não era, nunca foi, não é e jamais será ou seria dele. E outra reforma num sítio de um amigo dele.

Duas reformas!

Em imóveis que não são dele!

No fundo, no fundo, bem lá no fundo dessa sua alma doente, você deve estar zombando de Lula. "Que idiota! Comandou oito orçamentos federais anuais, mais de dez trilhões de reais enquanto esteve presidente, e saiu da presidência apenas com duas reforminhas meia boca!"

Lá no fundo dessa sua alma invejosa, você certamente agasalha desejos como "ah, se fosse eu, roubaria muito mais!"

Ô, ignorante, permita-me dizer-lhe outra coisa.

Uma pessoa, ainda que pobre na origem, ainda que dedicada à Política, ainda que tenha tido sob sua responsabilidade alguns bons trilhões de reais, pode ser honesta sim.

Talvez seja difícil a você, que sabe das tentações que atormentam seu espírito, aceitar a hipótese de que possa existir uma pessoa honesta na face da terra. Um político honesto. Um governante honesto.

Pois vou lhe dizer, meu caro, minha cara: existem e não são poucos.

Vou lhe dizer mais uma coisa que talvez sua ignorância não lhe permita enxergar: quando uma pessoa sai do meio do povo e sinceramente se propõe a lutar em favor dos interesses desse mesmo povo, em acabar com a miséria, com a fome e com a sede, em levar esperança e oportunidades aos mais necessitados, em garantir direitos aos trabalhadores, em gerar empregos e assegurar salários valorizados, essa pessoa desagrada aos donos do poder.

Essa pessoa incomoda o sistema.

E então, o que fazem esses donos do poder? Como reage o sistema?

Eles, os donos do poder real, fazem de tudo para tentar desacreditar esse governante bom, honesto, competente e sinceramente empenhado em promover a justiça social.

E a maneira mais fácil de tentar desacreditar esse bom governante é acusando-o de ser corrupto.

De roubar o dinheiro que é do povo.

Porque um governante pode matar seu povo, como o atual vem fazendo, mas o que comove as pessoas é mexer com o dinheiro delas. Lembre-se que o confisco da poupança levou o povo a apoiar o impeachment de Collor, mas o genocídio praticado por BolsoNero não o tirou da cadeira presidencial.

Assim fizeram com Getúlio, assim fizeram com Juscelino, assim fizeram com Lula e tentaram fazer com Dilma.

Mas vou lhe contar outra coisa, e prometo ser a última, pois já lhe contei coisas demais e imagino que talvez não caibam em sua consciência ou em seu cérebro: a Verdade é como as águas do oceano.

Elas estão lá, silenciosas, ocultas nas profundezas do mar, mas estão em movimento e, em dado momento se agigantam, se fortalecem e quebram na praia como ondas imensas de um tsunâmi.

E arrebentam com a força da Verdade, e destroem toda mentira que se construiu como castelos de areia.

O que resiste, o que permanece em pé como rocha indestrutível, é apenas a Honestidade.

A Lava Jato, a operação comandada por procuradores e juízes mal intencionados, ladrões, corruptos - que hoje estão aí, sendo destruídos pelo tsunâmi da Verdade -, transformou-se num eloquente atestado de honestidade conferido ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva.

Por isso, não adianta insistir em chamá-lo disso ou daquilo.

A Verdade e a Honestidade são irmãs gêmeas.

Não será todo esse seu ódio, não será seu preconceito, tampouco essa sua indisfarçável inveja que as destruirão.

Luz na mente e amor no coração!

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, madrugada de 16 de abril de 2022)

05/04/2022

Incompatibilidade Parlamentar

Lula defendeu o diálogo entre os eleitores e seus representantes parlamentares.

Parlamentar existe para ""parlar"", para conversar. Tem obrigação de dialogar com aqueles que o elegeram.

Para se eleger, o parlamentar vai à casa do eleitor pedir o voto, expor seus projetos, suas pretensões e os posicionamentos que adotará no cargo.

Nada mais natural, portanto, que, eleito e no exercício do cargo, receba em sua casa o eleitor que o procura para dele cobrar e influenciar seu posicionamento na votação dos projetos. É da democracia.

Como vereador de Capivari por dois mandatos, muitas vezes fui procurado em minha casa, em meu escritório e até no banco onde eu trabalhava para tratar de minha atuação na Câmara.

Mas parlamentares bolsonarentos têm incompatibilidade com a atividade para a qual foram eleitos. Fascistas por excelência, só conhecem a bala como força argumentativa.

Os bolsonarentos adulteraram a fala de Lula e cortaram exatamente a parte em que ele menciona a necessidade do diálogo ("não é para xingar não, é para conversar com ele"). Eles têm dificuldade de dialogar exatamente porque estão sempre distorcendo a verdade e criando mentiras.

A "verdade" que os "liberta", preceito que BolsoNero furtou das sagradas escrituras e reduziu a mero bordão eleitoral, é a verdade da bala. São prisioneiros de sua própria monstruosidade e dela não querem se libertar.

O que me preocupa é que essa onda de deputados armados pipocando nas redes sociais e ameaçando matar Lula vai incutindo na mente frágil de muitos de seus eleitores a ideia de que eliminar o ex-presidente é natural, é justificável e justificado. Não faltará um abilolado desses que tentará fazê-lo.

Incompatíveis com a atividade parlamentar, os deputados covardes estão terceirizando um atentado político.

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 5 de abril de 2022)"

10/03/2022

Um Dia Muito Especial

Há dias especiais que marcam a vida da gente.

Lembro-me de um dia, início de 1971, quando apareceu em casa uma família cuja mulher havia sido colega de trabalho de minha mãe, chamada Hercília. Ela havia residido com minha mãe num pensionato na capital e, se eu não estiver enganado, ambas trabalharam numa indústria metalúrgica de São Bernardo do Campo (Vilares, se não for fruto de novo engano).

Vieram ela, o marido e um garoto da minha idade, chamado Rino. Foi, até hoje, o único dia na vida em que nos encontramos, mas a amizade repentina e breve ficou registrada no livro de história da minha vida como uma das páginas mais marcantes.

Eu tinha pouco mais de sete anos de idade e estava na iminência de iniciar meus estudos. Já havia comprado lápis e cadernos e eu me lembro de termos passado aquele dia, eu e Rino, desenhando. Também fomos passear pela cidade. Minha mãe e sua amiga Hercília foram visitar outras duas ex-colegas dos tempos paulistanos, Hilda e Teresinha Martins, que residiam – residem até hoje – em Capivari.

Ao final daquele dia – um domingo, provavelmente –, foram-se de volta para sua cidade, Santo André, e deixaram para trás um pacote. Era um bolo do tipo “Califórnia Pullmann” e uma faquinha plástica – um brinde oferecido pela fabricante que acompanhava o produto, muito útil, por sinal.

Minha mãezinha passou o resto de sua vida tentando reencontrar a amiga. Veio a internet e eu esgotei todas as possibilidades de pesquisa, pelo sobrenome e pelo nome incomum do garoto que se tornou meu amigo, Rino. Poucos meses depois que Cidinha – como era conhecida minha mãe – faleceu, eis que, numa nova tentativa, encontrei Rino aqui no Facebook. Quase quarenta anos de buscas!

Hoje cometi a indelicadeza de fazer um comentário numa postagem dele, em que ele compartilhava imagens de Lula e Dilma num ato político no qual houve uma performance artística em que dois homens se beijam. No mesmo mosaico de imagens, a cena em que Xuxa, aos dezoito anos, lá nos idos dos anos setenta ou início dos oitenta, insinua um ato sexual com um garotinho no célebre e desaparecido filme “Amor Estranho Amor” - que até agora não entendi o que tem a ver com os ex-presidentes petistas.

Na postagem, meu amigo comentava algo sobre o que fez o Messias que hoje nos preside ao exibir a degradante cena de “golden shower” ao mundo, como representativa do carnaval brasileiro, em comparação ao comportamento de Lula e Dilma, particularmente sobre palavras, ao seu ver impróprias, usadas pelo ex-presidente petista, como quando chamou o STF de “acovardado”.

Fiz a sequência de comentários adiante, entremeados com intervenções do meu amigo sobre Lula – que ele vê como alguém que “poderia ter sido um estadista”, mas que se teria perdido na corrupção, sobre Palocci e sobre o inesgotável caso Celso Daniel.

Compartilho para poder registrar o que pulsa vivo na minha memória e também porque outras pessoas, outros amigos, têm demonstrado as mesmas preocupações e feito a mesma comparação entre Lula e Bolsonaro, como se os comportamentos de ambos fossem idênticos ou tivessem igual importância.

**********

MEU PRIMEIRO COMENTÁRIO

“Meu amigo, tudo isso ele fez - se é que fez - foi no privado. Como quando chamou o supremo de acovardado - e cada vez mais isso se mostra real, preocupantemente verdadeiro. Foi durante um telefonema captado e vazado ilegalmente pelo juiz hoje premiado com o cargo de ministro, pelo serviço sujo prestado de prender o ex-presidente e assim pavimentar a estrada que levou à eleição desse débil mental que muitos insistem em defender...

Lula governou, Lula criou empregos, fez a economia girar, levou a economia brasileira de 14ª a sexta maior do mundo, matou a fome e levou esperança e oportunidades a mais de trinta milhões de brasileiros antes condenados a morrer de inanição ou à exclusão social. Por isso saiu do governo com aprovação de mais de 90% do povo brasileiro, elegeu e reelegeu sua sucessora.

Lula jamais interveio em questões privadas, jamais se preocupou em saber se você entrega seu corpo a outra pessoa, se do mesmo sexo ou não, enfim, jamais se meteu em questões de ordem absolutamente privada.

Já esse que hoje finge nos governar é incapaz de apresentar um discurso decorado por mais de seis minutos num fórum internacional e , em represália ao povo que nas ruas fez aquilo que a elite brasileira já havia feito com Dilma na abertura da Copa, fuçou e pinçou uma cena patética de depravação explícita e expôs ao mundo como se fosse uma cena do carnaval brasileiro. Quis, com isso, iniciar um processo para acabar com a maior tradição cultural deste país, que é o Carnaval. Felizmente a reação foi contrária ao que desejava esse imbecil, que passa o dia no Twitter como um aluno limítrofe de quinta série que se senta no fundão da classe e gasta o tempo a atirar papeizinhos picados (tuítes, no caso) contra os coleguinhas a quem odeia.

A ele, a mensagem de um célebre compositor brasileiro: ‘vai trabalhar, va ga bundo!’ “

**********

MEU SEGUNDO COMENTÁRIO, após ele ter comentado sobre o estadista que se deixou corromper.

“Essa de ele ter-se corrompido fica por conta e risco da sua consciência. Quem o condenou por ‘corrupção’ fez um serviço sujo e por isso hoje foi premiado com o cargo de ministro da justiça, a um passo de se tornar ministro do STF. E os procuradores da Lava Jato acabaram de ser agraciados com uma módica comissão de 2 BILHÕES e meio de reais, desviados da Petrobras, a empresa à qual diziam defender. A Operação se gaba de ter recuperado 2 bilhões de reais de toda a corrupção desviada por antigos diretores da companhia, mas se dá ao luxo de ficar com 2,5 bilhões para uma ‘fundação’ que, no fundo, funcionará como um partido político.

Sobre Lula, raciocine.

Ele administrou por oito anos este país. Cada ano teve um orçamento superior a 1 trilhão de reais. Mais de oito trilhões de reais, portanto, passaram pelo controle dele.

Imaginar que ele tenha se corrompido porque uma construtora fez uma reforma meia boca num apartamento que ele chegou a pensar em COMPRAR (veja bem: comprar!) mas de cuja compra DESISTIU é estar desconectado com a realidade. Um apartamento que nunca foi, não é e jamais será ou seria dele!

Sabe o que é que nossa elite não suporta? É que um peão vindo da pobreza tenha sido o melhor presidente da República e, pior ("pior" pela ótica dessa mesma elite), tenha sido COMPROVADAMENTE honesto!

Veja bem.

Não há áudio que prove corrupção de Lula. Não há imagens, vídeos, gravações. Não há dinheiro em contas, nem no Brasil, muito menos no exterior. Não há apartamento cheio de dólares, euros ou reais. Não há quadros valiosos, joias, carrões, iates.

Nunca houve ostentação, nem filhos se intrometendo nos assuntos do Estado brasileiro.

Aliás, um dos filhos acusado o tempo todo de ser "bilionário" acabou de perder um filho que, acometido de meningite, não foi levado ao Einstein ou a qualquer grande hospital, do Brasil ou do exterior, mas a um pequeno hospital de periferia de Santo André.

Esse é o ‘Lula corrupto’, essa é a família do "maior corrupto de todos os tempos".

A Lava Jato foi uma importante operação, sim, pois deixou a comprovação cabal de que um trabalhador, um homem comum do povo, pode ser presidente e pode ser um presidente competente e honesto.

Esse estadista existiu, existe, chama-se Luiz Inácio Lula da Silva e o Brasil o desperdiça, mantendo-o preso injustamente numa masmorra de Curitiba.

**********

MEU TERCEIRO COMENTÁRIO, após ele comentar sobre Palocci e Celso Daniel

“Palocci foi canalha, fez uma delação mentirosa, impactante, mas sem prova alguma, na esperança de ser agraciado com a liberdade. Foi um excepcional ministro, mas na hora do desespero mentiria até contra a própria mãe para sair da cadeia.

A morte de Celso Daniel foi mais do que explorada, até Sérgio Moro, o juiz sem limites, levou o caso para Curitiba, e acabou arquivando sem qualquer novidade.

O caso foi investigado pela polícia civil paulista, sob o comando dos governadores tucanos Serra e Alckmin, sob a supervisão do ministério público estadual paulista sabidamente tucano, e está satisfatoriamente esclarecido.

Tentam o tempo todo jogar o caso nas costas de Lula, Zé Dirceu, PT, mas o esquema que havia era restrito a políticos e empresários de Santo André.

O resto é ódio destilado pela Mara Gabrilli, cujo pai era um dos envolvidos no esquema de corrupção.”

******

Concluí enviando a ele – que certamente já deve ter sido eleitor de Paulo Maluf – um vídeo em que o insuspeito ex-governador (insuspeito de ser petista, “esquerdalha” etc.) diz à jornalista Mônica Bergamo que acreditar que Lula se corrompeu por duas reformas em propriedades que não são dele, após administrar orçamentos trilionários, é “pensar pequenininho”.

20/02/2022

Generalidades

Acordei na madrugada com sede, abri o armário para pegar um copo, saiu um general de dentro dele.

Abri a torneira e, em vez de água, escorreu outro general do filtro.

Abri a geladeira para beliscar alguma coisa, antes me beliscou um general que estava dentro dela.

Fui ao banheiro, dei a descarga, mais um fardado apareceu em meio à água da privada.

Abri a gaveta do gabinete para pegar o sabonete, lá estava outro sujeito com farda verde-oliva cheio de medalhas.

Voltei para a cama, ouvi um barulho estranho, achei que fossem baratas. Olhei debaixo dela, lá estava um agrupamento de generais.

Taqueoparel. Voticontá, tá difícil conviver com tanto general assim.

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, aos 20 de fevereiro de 2022)

15/02/2022

A Prova dos Nove

A persistência que a família Bolsonaro vem demonstrando para que a suposta facada de Juiz de Fora volte a ser usada como elemento de campanha eleitoral é a prova cabal de que tudo não passou mesmo de uma farsa.

Neste final de semana, o filho Carlos ""Zero Dois"", o vereador federal Carluxo, reproduziu e disseminou pelas redes sociais uma mensagem do perfil ""Anonymous"" que assegurava que Adélio Bispo teria prestado depoimento à polícia federal, gravado, em que teria dito que fora contratado pela campanha de Fernando Haddad para cometer o atentado contra o então candidato, hoje presidente Jair Mentiras BolsoNero.

A mentira, certamente mais uma produção do gabinete do ódio comandado pelo próprio Carluxo, não durou nem 48 horas. A polícia federal já desmentiu e até o juiz do caso se pronunciou, destacando a inimputabilidade de Adélio que o impossibilita de prestar depoimento, seja como réu ou como testemunha (link para a notícia no primeiro comentário).

Não satisfeitos, os membros do clã presidencial divulgaram hoje, quatro anos depois da falsa facada, um vídeo supostamente gravado em 7 de setembro de 2018, instantes após o então candidato ter retomado a consciência ao fim do procedimento cirúrgico a que fora supostamente submetido (link no segundo comentário). Nele, o presidente aparece deitado numa cama de hospital falando com normalidade, sem embaraço, mencionando ""deus"", ""jesus"", dizendo-se abençoado e escolhido para cumprir uma ""missão"", precedido por uma ""oração"" do farsante Magno Malta.

Especialista em enganar crédulos passando-se por pastor evangélico, Malta já produziu uma imagem ""fake"" em que inseriu a cabeça de Adélio em lugar da de outra pessoa que se encontrava em meio a uma multidão, tendo o ex-presidente Lula à frente. Malta sequer se preocupou com a desproporção notória da cabeça de Adélio, recortada e inserida em sobreposição à fotografia original, em relação a todas as demais pessoas presentes.

Essa persistência só reforça que tudo de fato é realmente falso, tudo é farsesco, a começar do próprio episódio da inverossímil facada. Qualquer pessoa, grupo, entidade, empresa ou partido político que quisesse realmente cometer um atentado contra um candidato a presidente da República jamais emcomendaria um crime de tal magnitude a um sujeito com visíveis distúrbios mentais e para praticá-lo em meio à multidão e a faca. Uma pessoa com um resquício de inteligência contrataria um franco-atirador, um ""sniper"", um especialista que disparasse o tiro a partir do teto ou da janela de um apartamento de um prédio qualquer, de onde o alvo se tornasse fácil de ser atingido e o atirador estivesse protegido, a salvo de ser identificado, contido pelos seguranças ou linchado pela turba enraivecida.

A par disso, há toda uma série de ""pontas soltas"" que envolvem o episódio, bem demonstradas no documentário produzido pelo portal Brasil 247 e apresentado pelo jornalista Joaquim de Carvalho, disponível no YouTube. A mais gritante é o fato de que, rodeado de diversos delegados da polícia federal que faziam a segurança do candidato, o limítrofe Adélio Bispo furou o cerco e, erguendo o braço direito sobre a cabeça de um dos seguranças, conseguiu o feito de atingir o abdômen de Bolsonaro com a força necessária para perfurá-lo e penetrá-lo gravemente. Detalhe intrigante: os delegados ali presentes, que falharam clamorosamente na missão de proteger o candidato, foram por este, depois de eleito e empossado, todos eles premiados com promoções. Fizeram por merecer, com certeza.

Enfim, nada em BolsoNero é verdadeiro. Tudo nele rescende a falsidade. E o seu desespero e dos que o cercam diante da preferência do eleitorado brasileiro, cada vez mais consolidada em favor do adversário petista, leva-os a cometerem erros primários como essa desastrada notícia falsa do depoimento que não existiu.

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, madrugada de 15 de fevereiro de 2022)"

11/02/2022

O Especialista

Jair Mentiras BolsoNero é a encarnação da mentira. Nada nele é verdadeiro, tudo soa a falsidade.

No auge da pandemia, questionado sobre o que efetivamente faria para enfrentá-la, ele disse ser um especialista em tirar vidas, não em salvá-las. “Sou capitão do Exército, fui treinado para matar”, disse ele na oportunidade.

No início desta semana, o valente especialista em matar recebeu, num encontro de nove torturantes minutos, dois ministros do STF, Luís Édson Fachim e o “canalha” do Alexandre de Morais - desqualificativo que lhe pespegou o próprio anfitrião. Foram, constrangidos, entregar ao (irc!) presidente da República um convite para a solenidade de posse de ambos no comando do TSE. Maior constrangimento parece ter sofrido o próprio BolsoNero que, sabe-se lá se para não passar sozinho pelo desconforto ou, quiçá, para botar pressão sobre o supremo inimigo, resolveu fazer-se acompanhar pelo ministro da Defesa, Braga Neto, e seus três soldados - no caso, um general, um tenente-brigadeiro e um almirante, ninguém menos que os comandantes das Forças Armadas.

Terminado o brevíssimo convescote e registrados em fotografias os sorrisos amarelos de parte a parte, BolsoNero não conteve sua pulsão de morte e seu autodeclarado talento para matar. Resolveu ir a uma academia de tiro, decerto para extravasar seus instintos mais primitivos, como dissera outrora a José Dirceu o hoje preso Roberto Jéferson, parceiro de ódio ao ministro Xandão. Ou terá sido para dar um recado duro ao desafeto togado, quem irá saber?

BolsoNero deve ter olhado para a cabeça do magistrado, a quem, na carta “vamos-dar-os-dedinhos” redigida por Michel Temer, houvera chamado de “brilhante” e imaginado que, ali tão próxima, tão ao seu alcance, exposta às inteiras, toda insinuante em sua reluzente nudez, ele não teria como errar aquele cocuruto gorduchinho. Foi, aliás, o que logo depois veio a dizer pelo Twitter a um rechonchudo influêncer das infovias que ousou fazer troça de sua, aspas, destreza.

Noutros tempos, segundo célebre fala do filho Flávio Mansões Bolsonaro, bastariam um cabo e um soldado para fechar todo o Supremo. O pai descobriu na prática quão dura é a realidade, pois nem com a quadra de fardados do mais elevado coturno ao seu lado foi capaz de controlar sequer um dos ministros da Suprema Corte. Xandão não perdeu tempo e já no dia seguinte determinou o compartilhamento de provas que comprometem o (argh!) presidente numa investigação de crime de vazamento de informações sigilosas.

O fato é que o especialista em armas, capitão reformado do Exército, acabou se revelando alguém que não sabe atirar, não tem habilidade para manejar sequer uma arma de pequeno porte. A cena ridícula fez-me lembrar do histórico do (eca!) presidente, não o de atleta, por ele mesmo tantas vezes lembrado em autolouvor, mas o de militar.

“O Especialista” é o nome de um filme dos anos 90 protagonizado por Silvester Stallone, que, contracenando com a estonteante Sharon Stone, vive um agente da CIA aposentado na função de perito em explosivos. Nos tempos em que permaneceu no Exército, nosso ainda (bleargh!) presidente, o “expert” em matar que não sabe atirar, chegou a ser preso e expulso das Forças Armadas por planejar explodir equipamentos da corporação. O plano de explosão não rendeu nem um traquezinho sequer e a ala mais extremista do Exército deu um jeito de promovê-lo e reformá-lo, evitando que se consolidasse a pena de expulsão. Ou seja, nem capitão ele jamais chegou a ser de verdade. Dali ele pulou para a Política, eleito vereador em 1988.

Da Câmara Municipal do Rio de Janeiro ele saltou para a dos Deputados, em Brasília, onde passou 28 anos de relativa discrição nos recônditos do baixo clero do legislativo federal enriquecendo-se à base de drenagem de dinheiro público por meio de assessores fantasmas (a chamada “rachadinha”, expediente para o qual encaminhou os três primeiros filhos e duas ex-esposas, criando assim a primeira franquia eleitoral dedicada a explorar o patronímico famoso), obscuridade que só foi quebrada por conta de seus arroubos autoritários, sua pregação de ódio, sua verborragia chula e sua valentia contra mulheres, em relação às quais costuma separar as que, conforme a beleza ou sua ausência - segundo seu juízo, claro -, são merecedoras de serem estupradas das indignas dessa “honraria”.

Súbito, transformou-se em “mito” - palavra que tem múltiplos sentidos, mas que basicamente reúne sinônimos como quimera, absurdo, aparência, devaneio, fábula, fantasia, faz de conta, ficção, ilusão, imaginação, invenção, lenda, sonho, utopia, visão, desatino e, por fim, mentira. Está tudo no Google, é só buscar por “mito sinõnimos”.

E foi nessa condição de “mito” que chegou à (grr!) presidência da República, por força de uma conjunção de fatores que incluem uma fakeada sem sangue em Juiz de Fora e uma enxurrada de “fake news” (preciso traduzir?) disparadas às vésperas das eleições pelas redes sociais, como os inexistentes “kit gay” e “mamadeira erótica” que seus apoiadores atribuíram ao adversário, especialmente pelo whattsapp, Vendeu sua imagem de não-político e não faltou quem a comprasse, a despeito de quase três décadas dormitando no Congresso, servindo-se do sistema que fingia combater. Ou seja, como cantam Maria Bethânia e a bolsonarenta Nana Caymmi, “mentira, foi tudo mentira que você contou”.

O tiro na academia saiu pela culatra, a pressão sobre o Supremo não funcionou, o golpe de 7 de setembro do ano passado já havia falhado, o plano de explosão das dependências do Exército também. Enfim, o que resta de verdadeiro em Jair BolsoNero é que, e essa é a única remota semelhança com o personagem de Stallone, o “Micto” é mesmo um estouro. Um especialista em traque.

(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, aos 11 de fevereiro de 2022)