25/07/2021

Borba Gato Subiu no Telhado

Sinal dos tempos. Ando me comunicando muito por memes. Criei no Facebook uma sequência deles somente tendo por tema o incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato.

Gostemos ou não, trata-se de uma obra de arte. Um artista - um falecido escultor de nome Júlio Guerra - empreendeu seu talento, sua técnica, seu imaginário, sua visão particular de mundo e a concebeu. Deve ter-lhe custado horas, dias, meses até completá-la.

O mesmo Júlio Guerra é autor, por exemplo, da bela escultura "Mãe Preta", localizada no Largo do Paiçandu, também na capital paulista. Bela e significativa. Contradição? Talvez.

Obras de arte são bens juridicamente protegidos. Existe até lei especial para isso, a dos direitos autorais. Tem tipo específico no Código Penal (art. 184) para a violação dos direitos de autor, como é o caso da destruição de obra de arte. Dá cadeia, embora o valor do bem que a lei visa proteger pareça infimo, já que a pena é das mais brandas: detenção, de 3 meses a um ano. Isso sem contar, claro, que se trata de depredação de patrimônio público, mas aí já é outra história.

Penso que estátuas e obras que enaltecem genocidas e outros criminosos históricos - ditadores sanguinários, por exemplo - deveriam ser todas retiradas, mas não destruídas e, sim, levadas a um museu. Alguém sugeriu o "Museu da Vergonha". Concordo.

Ou, se mantidas expostas em praças públicas, deveriam estar acompanhadas de grandes painéis em que letras garrafais denunciassem as atrocidades que o "homenageado" cometeu. A sugestão é de meu amigo jornalista e radialista Wilson Reganelli. Pelo menos foi ele quem me passou. Seria uma denúncia constante e um desagravo permanente às vítimas.

A estátua de Borba Gato representa, antes de tudo, a figura nefasta do genocida que escravizou e seviciou sem piedade índios e negros. Tal qual fizeram com a obra que o homenageia, o bandeirante incendiou aldeias indígenas e quilombos. Matou e torturou. Foi responsável por atrocidades impublicáveis que resultaram numa limpeza étnica em nome do desenvolvimento econômico.

Não vejo sentido ético no clamor, que em maioria vem curiosamente da direita, por conta do que foi feito contra a estátua quando os incêndios que ele praticou na sua atividade, digamos, profissional foram muito mais graves e exterminaram vidas humanas, não apenas objetos de pedra e ferro, sem alma, sem sangue. Os índios e negros que nas mãos dele sucumbiram, é bom lembrar, eram de carne, osso e espírito.

Essa inusitada gritaria é algo tão surreal que só faltou essa gente, absolutamente indiferente às vítimas do genocida e de genocídios em geral - como este que vivenciamos em terras tupiniquins -, passar a defender os direitos humanos do próprio Borba Gato. Ou, pior, de sua estátua.

Por outro lado, o episódio pode ser visto como uma legítima manifestação de um segmento da sociedade identificado com as vítimas do sertanista exterminador, indignado com a permanência incômoda em praça pública de uma obra que o exalta como heroi.

Mas será que o ato tem mesmo esse grau de legitimidade? Será que os autores são de fato integrantes do segmento social identificado com os alvos preferenciais das ações eugenistas e higienistas do (mais um...) falso heroi nacional?

Coincidentemente, a ação se deu num dia de manifestações contra o genocida de carne e osso que insiste em atear fogo em nossas matas e nos matar. Que vem nos matando de roldão e baciada diariamente, há dois anos e meio, por conta de sua inatividade e de sua passividade próprias de uma estátua.

Coincidentemente, a guarda civil metropolitana, que guarda diuturnamente a estátua, não estava lá.

Coincidentemente, a polícia militar nada fez.

Parece que havia um propósito. Era a cena de vandalismo e violência que não havia, que faltava nas manifestações, marcadas pela pacificidade.

Parece que era preciso introduzir esses ingredientes na narrativa pró-presidencial.

Parece. Não sei, não tenho certeza, não tenho como afirmar.O que sei e que importa é que os genocidas começaram a cair.

Há uma vetusta piada de português (perdoe-me o leitor se soa politicamente incorreto) em que um gajo lusitano deixa com o compadre, em terras d'além-mar, seu gatinho de estimação, enquanto vem ao Brasil a passeio. Súbito, na praia, ele recebe uma ligação do outro que o informa da morte do gato. Indignado, o português repreende o compadre pelo susto que quase o mata. Este o indaga sobre como, afinal, deveria ter dado a notícia. "Primeiro, tu me dizes que o gato subiu no telhado", diz o viajor. "Mais tarde, tu me ligas para dizer que o gato passa mal", prossegue. "Só depois tu me contas da tragédia!". Passados mais uns dias, o turista recebe nova ligação do amigo: "compadre, tua mãe subiu no telhado!"

Supondo que os autores do incêndio da estátua sejam mesmo manifestantes contra o que ela representa, parece que o Gato bandeirante subiu no telhado. Que seja prenúncio da queda do genocida que nos desgoverna. E que nos mata com a indiferença das estátuas.

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Capivari, SP, aos 25 de julho de 2021)

Esse Seu "Ladrão" Roubou o Quê?

Notícias sobre minha incursão pelo mundo do agrobusiness. O negócio agora é mexer com escondidinho de patinho moído. Esse descongelou.

Na postagem de um amigo comum, meu antigo colega de trabalho fez o comentário que aparece na imagem.

Enviei-lhe a seguinte resposta:

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"Meu querido e honrado amigo e vizinho José Cláudio *** Cláudio , se você me disser, com provas sérias , idôneas, o que foi afinal que esse SEU "LADRÃO que dizem ser ex-presidiário" roubou, eu agradeço.

Porque se for quem eu estou pensando, ele foi investigado exaustivamente desde que entrou na vida pública - ou seja, por mais de QUARENTA ANOS! - e, na Lava Jato, foi investigado por TODOS os meios, legais e ILEGAIS, e não encontraram NADA! Nem um centavo irregular numa mísera conta no exterior ou no Brasil, nem em nome dele, nem dos familiares, nem de amigos, assessores ou laranjas - tanto que um juiz corrupto, parcial e incompetente vendeu uma sentença e o condenou por uma singela REFORMA num apartamento classe média que nunca foi, não é e jamais será ou seria dele.

Em TODOS os outros processos que o juiz corrupto NÃO PÔS as mãos sujas, ele foi absolutamente ABSOLVIDO - e não por ministros "amigos" do STF, mas por diferentes JUÍZES DE CARREIRA, concursados. E os únicos dois em que esse juiz pôs as mãos e que resultaram em condenação, e mais dois outros não concluídos, foram TODOS anulados pela mais alta Corte do país em razão da parcialidade do juiz corrupto.

Se você me apontar e me disser o número do processo e o trânsito em julgado d roubo que ele fez e a respeito do qual SÓ VOCÊ talvez saiba - e imagino que tenha provas -, você estará fazendo um favor a mim, à nação brasileira e se livrando da acusação de estar sendo leviano.

Porque eu me recuso a acreditar que o amigo, colega e vizinho Claudinho, a quem conheço de longa data, tenha perdido na trajetória da vida aquele senso de justiça, aquele apego à verdade do qual eu sou e serei sempre testemunha."

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Em réplica, ele fugiu do cerne da questão e, previsivelmente, me repreendeu por ter-me intrometido numa conversa para a qual, de fato, não fui chamado. Mas era uma conversa pública, no perfil de um amigo comum, e que chegou até mim...

Eis a réplica dele:

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"Luís Antônio Albiero caro amigo, agradeço às considerações, você sabe que sempre houve reciprocidade de minha parte, pois nunca tive motivo algum para que fosse diferente. Me assusta no entanto, sua imposição impetuósa em minha direção, visto que fiz um comentário numa postagem de outra pessoa amiga, onde não marquei ninguém e, muito menos fiz referência a alguém. Logo, meu caro amigo, o Sr. tirou suas próprias conclusões. Pelo respeito mútuo, espero que aceite meu posicionamento, assim como sempre aceitei o seu e de todos. Afinal uma amizade sincera e, de longa data não pode ser abalada por suposições. Abraço."

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Minha tréplica:

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"Meu caro e educado amigo, colega e vizinho Cláudio ***. Foi com absoluto respeito que me dirigi a você, e o fiz com serenidade, com educação, com reconhecimento do seu bom caráter.

Não fiz em tom afrontoso, não fiz com acinte, não agi com a impetuosidade a que o amigo se refere.

Ao contrário, fiz com humildade, no desejo sincero de saber o que, afinal de contas, o seu "ladrão" roubou.

Nem foi um desafio a você - desafio que tenho feito a muitos, e há muito tempo, e sigo sem resposta -, mas com a humildade sincera de quem quer saber a verdade que talvez você saiba, justamente porque o conheço há tantos anos, pessoa digna de minha mais absoluta admiração, que duvido que se permitisse um comportamento leviano de chamar alguém de ladrão sem saber de fatos e provas concretas.

É com humildade que espero por sua resposta. Humildade de quem sabe que não tem o monopólio da verdade e está disposto a ceder as próprias convicções em face de provas reais, fatos bem definidos.

Confesso que não esperava essa sua resposta, que me causa muita estranheza.

De fato você não se dirigiu a mim, nem marcou ninguém nesse seu comentário, mas o fez publicamente, numa postagem de um amigo comum, nosso bom e velho Jorge *** *** .

E ele - seu comentário - chegou até mim, resplandesceu diante de meus olhos, sobretudo por conta da desproporção entre o que contém de mentira e a honestidade do seu autor - a sua honestidade!

E foi em nome de nossa velha, sincera e franca amizade que me achei no direito - perdoe-me pelo abuso - de questioná-lo com uma pergunta que é básica e que exige uma resposta singela: que o tal ladrão roubou isto, e a prova é esta.

Enfim, o amigo não me marcou, nem me chamou para o debate, mas seu comentário invadiu minha visão e me impôs a necessidade de restabelecer a verdade.

Nada obstante, continuo sem saber e deixo aqui a pergunta, singela, a exigir resposta de igual singeleza: afinal, o que foi que esse seu "ladrão" roubou?

E mais. Quando? Quanto? Onde está o fruto desse "roubo"? Qual ou quais as provas?!? Qual o processo? A sentença? O trânsito em julgado?!?

Aguardo serenamente."

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Sigo aguardando.

Serenamente.

Pacientemente...

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P.S.: DESDOBRAMENTOS DA TRETA

Ele me respondeu. Não, não respondeu o que o tal "ladrão" roubou, mas para dizer que eu o chamei de "leviano". Ou melhor, que eu o estaria assim chamando caso ele não atendesse ao meu questionamento.

Respondi:

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Cláudio, meu amigo, bom dia.

Hoje estou de folga, é feriado em São José dos Campos, por isso tenho tempo para respondê-lo (embora, a despeito do feriado, há prazos correndo e vou cuidar deles daqui a pouco, aqui de casa mesmo).

Não o acusei, em momento algum, de ser leviano. Longe de mim ter com você um comportamento leviano como o que eu critico nos outros.

Você apontou com tanta convicção que o personagem em tela é "ladrão" que quase me convenceu, e eu só lhe pedi para me indicar fatos concretos e provas idôneas, já que, depois de quarenta anos de Investigação, depois de toda ilegalidade praticada contra ele na lava jato, nada encontraram.

E eu fiquei convencido de que você teria esses elementos de prova que faltaram à justiça.

Eu não disse que você seria leviano caso não atendesse ao meu questionamento.

Eu só disse uma coisa óbvia: que sair por aí chamando alguém de ladrão sem um fato concreto, sem prova, é leviandade.

Ou não é?

Como você qualificaria a conduta - a conduta, não o caráter - de quem saísse por aí dizendo "ah, o Claudinho é ladrão!" ?

A primeira coisa que eu diria a quem me dissesse uma barbaridade como essa seria "duvido", porque conheço você, meu amigo.

Mas a segunda - ou mesmo a primeira, supondo que eu não o conhecesse tanto assim - seria: "mas ladrão por quê? Roubou o quê? De quem? Quando? Quanto? Como foi? Onde está o fruto desse roubo?"

E eu diria ao seu acusador "ou você me dá essas respostas ou vou concluir que não passa de leviandade de sua parte".

Será que eu estaria agindo mal, nessa hipótese?

Eu, por exemplo, posso lhe dizer concretamente por que acuso o juiz incompetente, parcial e corrupto de ser incompetente, parcial e corrupto. "Juiz ladrão", como bem definiu o deputado Glauber Braga, fazendo analogia ao futebol.

Incompetente porque não tinha competência para julgar um caso que, como ele próprio reconheceu em embargos declaratórios, não envolvia recursos da Petrobras (uma questão técnica; se você estiver disposto, posso dissertar a respeito); que dizia respeito a fatos supostamente ocorridos em Brasília e que envolviam imóveis em Guarujá e Atibaia - absolutamente fora, portanto, do raio jurisdicional de um juiz de Curitiba. E a incompetência foi reconhecida, ao fim e ao cabo, pelo STF, que por ampla maioria referendou a decisão monocrática do ministro Edson Fachin.

O Fachin, você sabe, é de Curitiba e, no Supremo, foi o tempo todo ardoroso defensor da Lava Jato (lembra dos meninos da Orcrim da Lava Jato, especialmente Deltan Dallagnol, comemorando com o já célebre bordão "aha, uhu, o Fachin é nosso!" ?). Pois é...

Parcial porque ele agiu o tempo todo com inescondível parcialidade. Que também restou reconhecida pela maioria da 2ª turma do STF, que anulou os quatro processos em que esse juiz pôs as mãos sujas - decisão também referendada pelo plenário do Supremo.

E corrupto porque condenou um réu sem crime real, sem prova, de olho numa vantagem indevida - um cargo vitalício no STF. E que entre o primeiro e o segundo turnos negociou essa "propina" (o cargo no STF, depois; primeiro, o cargo de Ministro da Justiça) com o então futuro ministro da fazenda, Paulo Guedes. Que, como combinado, às vésperas da eleição tornou pública uma delação sem pé nem cabeça que nem o MPF (no caso, a Orcrim da Lava Jato), nem a polícia federal levaram a sério, e com isso pavimentou a avenida que levou à eleição de BolsoNero.

E que, logo em seguida, serviço sujo feito, foi efetivamente buscar a propina e aceitou "de prima", sem pestanejar, o cargo de Ministro da Justiça, abandonando vinte anos de magistratura, cargo (o de juiz federal) que lhe garantia ganhos elevados, estabilidade e vitaliciedade (depois levou um belo pé no traseiro, única atitude digna de aplausos de BolsoNero).

Esses são os fatos que me permitem chamar o "juiz ladrão" de incompetente, parcial e corrupto. Que hoje, cinicamente, colhe os frutos de ter, com suas decisões, destruído a indústria naval e a construção civil do Brasil, e a própria Petrobras, para favorecer interesses de empresas estadunidenses. (Digo cinicamente porque hoje trabalha para recuperar as empresas que ele próprio, na condução da Lava Jato, destruiu).

É isso que espero de você: que me diga, como eu fiz, que o tal "ladrão" é ladrão porque roubou isto e as provas são estas...

Só isso!

Qual a dificuldade, afinal?

Meu caro Cláudio, eu só quis mesmo provocar a sua consciência.

Acredito no seu bom caráter e o reafirmo; acredito na sua honestidade, inclusive a chamada honestidade intelectual.

Eu sei que você não é leviano e que, portanto, não sairia (nem mais sairá) por aí espalhando o que hoje se dá o nome pomposo de "fake news", mas que não passa da velha e nada boa "mentira", ainda mais uma mentira que prejudica a honra alheia. E prejudicar a honra alheia, você sabe: é crime! Calúnia, injúria, difamação. Dá cadeia e indenização por danos morais. Ou seja - e é isso apenas que quero lhe dizer - é coisa séria, muito séria, para ser tratada assim, com diletantismo.

Você não é disso e tenho certeza de que não me negará a resposta.

Ou, se acaso não a tiver (e começo a admitir que de fato talvez você não a tenha, ou já a teria dado), sei que se conformará com a realidade, por mais que ela, a realidade, o desaponte, o desagrade, por não corresponder aos seus desejos.

Até porque há um sério e muito bom risco de o personagem em questão voltar a ser o presidente deste país. Queira Deus!

Afinal, alguém terá que liderar a reconstrução deste país depois dessa tragédia que se abateu sobre nós. E nada melhor do que quem já provou que é bom, que sabe o que faz e o que tem de ser feito, que é respeitado pela imensa maioria do seu povo e que tem ampla credibilidade internacional. E que é comprovadamente honesto no trato da coisa pública.

Um grande abraço a você e a toda sua família. Pena que não pude ficar em Capivari, pois, apesar de feriado hoje e amanhã em São José, minha esposa trabalha no Banco do Brasil de Santa Branca, cidadezinha aqui perto de Jacareí, onde o expediente é normal. Senão, poderíamos nos reunir em casa para tomar uma cervejinha, uma cachaça, uma caipirinha, bater um papo e aparar essas arestas todas.

Confio na sua inteligência, no seu bom caráter e na sua honestidade. E sei que um dia você tomará consciência do tanto de injustiças que se produziram contra esse seu "ladrão", essa figura nefasta construída pela mídia que você teria razão de odiar se fosse verdadeira.

Só que não é.

Abraços!"

(Em Capivari, SP, aos 25 de julho de 2021)

17/07/2021

Micto e Defecado

Eis que todo o país rescende a BolsoNero.

O despresidente da República defeca pela boca e seu hálito de enxofre dissipa-se por todo o Brasil, de norte a sul, de leste a oeste. Contamina a atmosfera e torna o ar fétido. Pútrido. Irrespirável.

Sempre tive dificuldade em lidar com cheiro ruim. Sinto engulhos quando entro num banheiro e meu nariz é invadido pelo fedor dos excretos humanos, sobretudo quando se misturam os números zero, um e dois.

Até para escrever tenho dificuldade. Prefiro usar "gases" em lugar de "pum", e "pum" em vez de... Enfim, vocês sabem.

Aí me vem a mais alta autoridade do país e conspurca o ambiente nacional com seu "caguei". Eeeeeca!

Em seguida, surgem-lhe estranhos soluços que, descobrimos depois, são manifestações de suas entranhas mais nojentas. Tanto defecou pela boca que se lhe atrofiou o orifício excretor e lhe provocou obstrução intestinal.

E o ser horrendo ainda tira proveito da constipação presidencial, um problema que me pareceu real e sério, para disseminar ódio, atacar adversários, alimentar a ira de seus seguidores e provocar comiseração nos incautos. De olho, sempre, nas eleições.

Não bastasse o ambiente de putrefação em que já havia transformado o país por seu apetite maior por propina do que por vacina, ele tinha que nos embostear a todos. Você abre o celular e eis que todas as redes sociais estão infestadas de palavras como "merda", "cocô", "bosta", "caguei", uma cagada atrás da outra. Ele jogou fezes no ventilador, espalhou excrementos por todos os lados. Fez do país um imenso esgoto a céu aberto, no qual estamos todos mergulhados. E nada acontece conosco. Nem reagir conseguimos. Ele tem razão quando diz que devemos ser estudados.

Num país de marcantes revoluções intestinas que pouco ou quase nenhum resultado prático deram ao longo da História, é curioso como uma singela e singular obstrução das entranhas do seu habitante mais abjeto possa incomodar toda a brava gente brasileira.

De fato, nunca antes na História deste país tivemos um presidente mítico. Sim, mítico, porque não nasceu Sua Excrescência de um parto normal, mas dum esforço de evacuação de sua pobre mãe. Defecado e mictado. Daí "Micto", particípio do verbo "mictar" que significa "aquele que foi mictado". Mijado. E cagado. Começo a entender a razão pela qual ele chama sua prole de zero um, zero dois...

Micto e defecado. Assim venho-o tratando há tempos, bem antes dessa conspurcação geral da Nação (reivindico a criação do neologismo; podem reproduzir, desde que citem a fonte; risos).

Dizia eu de minha dificuldade de lidar com o escatológico e do que resultou de quando a mãe do inominável resolveu obrar. E me vem à lembrança que vim ao mundo pelas mãos de um Bolsonaro. É a mais pura verdade. Doutor Rolando, como era conhecido o médico, muito respeitado, responsável pelo meu parto e da maioria dos meus contemporâneos de Capivari e região, nascidos nos anos sessenta, quando cesariana ainda não era moda.

Vem dessa circunstância, por sinal, minha preocupação em usar "BolsoNero" em vez do sobrenome grafado no original. Mais do que fazer referência a Nero, que pôs fogo na Roma que governava, o artifício tem por objetivo justamente distanciar a figura nefasta do resto de sua família originária, que não é responsável pelo excremento que, obrando sem culpa, a genitora depositou no mundo.

BolsoNero, eleito graças à farsa da facada do Adélio, esfaqueou o bode - como se diz na minha terreola. Emitiu seus gases tóxicos, praticou "golden shower" sobre o público. Defecando e deambulando para o povo a que jurou servir, transformou o país numa extensão do chiqueirinho onde dialoga todo dia com seu mais fiel e ruminante rebanho.

Nada mal para quem dizia que mudaria o país. Mudamos, é fato. É como se nós brasileiros tivéssemos passado a "morar na escatologia", e que me perdoe Caetano Veloso por tomar emprestado e fazer mal uso do título de sua enigmática - e bela - canção "Mora na Filosofia".

Mas que merda, mas que bosta! Chega. Superamos a linha do insuportável. Quero ar puro. Quero respirar! Eu não pago meus impostos para ficar engolindo pelo nariz e levando para dentro de mim a podridão que expele o Excrementíssimo Defecador da República.

Já que Arthur Lira insiste em não abrir o processo de impeachment que pode dar a descarga e levar para a latrina o bolo fecal que nos desgoverna, imploro a Sua Excrescência, visivelmente cansado do nada que faz diariamente, como pedíamos aos jogadores pernas-de-pau nos tempos do futebol de várzea: peça para cagar e saia!

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, aos 17 de julho de 2021 - terceiro ano da triste era BolsoNero)

15/06/2021

Maior e Vacinado

A experiência da vacina contra a Covid 19 foi de fato muito emocionante. É a vida encontrando seu caminho, como disse o personagem vivido por Jeff Goldblum em "Jurassic Park" (aquele mesmo de "A Mosca"). Fui hoje a um local de Jacareí, onde resido durante a semana, chamado Educa Mais, ao lado da rodoviária. É um espaço de arquitetura arrojada destinado, até onde pude observar, a teatro e eventos artísticos e culturais. Coisa de prefeito petista, imagino.

Lá chegando, apresentei meu comprovante de endereço e um documento de identificação e o sujeito da recepção fez meu cadastro. Ditei meu CPF em blocos de três dígitos e terminei com o "um" e o "três" finais dizendo "treze, confirma". E sublinhei: "que é o mais importante". O sujeito riu e eu já me senti em casa.

Faço isso já há tempos, sempre que os caixas de estabelecimentos comerciais me perguntam se quero a nota fiscal paulista. Nunca perco a oportunidade. Até um ano atrás, as reações eram de desconforto, irritação ou impassividade. De então para cá, porém, as expressões de contentamento estão cada vez mais intensas. Como dizia Ulysses Guimarães, repetindo um milhão de outros políticos e pensadores, a política é como nuvem, se transforma a cada instante.

Da recepção fui à sala de aplicação da vacina. Lá havia uma mesa grande com quatro ou cinco servidores sentados lado a lado, como mesários nos locais de votação em dias de eleição, assim dispostos para, mais uma vez, conferir documentos e, finalmente, preparar a injeção e o certificado. Vício é mesmo uma coisa invencível. Adivinhe se não perguntei "onde está a urna eletrônica". Claro. Mais risos.

Antes de a enfermeira espetar a agulha no braço, outra colega com cara de chefe da equipe fez a mim e ao outro candidato a jacaré - as pessoas eram atendidas duas a duas - uma breve palestra sobre a astrazêneca e suas possíveis reações, reforçando os cuidados.

Esclareceu que aquela vacina era produzida pela Fiocruz e eu fiquei preocupado com as coisas que a capitã Cloroquina falou na CPI sobre a tara fálica do pessoal do instituto carioca. Eu preferia que fosse do Butantã, até pela vantagem de me transformar em cobra, em vez de jacaré. Mas, estando em Jacareí, não tinha como. Pensei até se em Capivari, minha cidade de origem e onde resido com ânimo definitivo, eu não poderia me transformar em capivara, um animal, digamos, mais família. Ponderei que era tarde demais para certas exigências, sobretudo um capricho bairrista.

A primeira enfermeira mostrou o pequeno frasco com a dose de meio mililitro de um líquido transparente, a seringa, a agulha, e eu perguntei se eles não ministravam uma anestesia antes, pois detesto imaginar certas coisas enfiadas em meu corpo - inda mais sendo um produto da Fiocruz. Ela disse que a aplicação de um anestésico levaria tempo maior e seria mais dolorido. Aceitei calado e desviei os olhos. Detesto.

Mal senti a picada, mas confesso que me veio uma vontade de chorar. De emoção sincera. Contive o choro, porém, por conta do receio de acharem que fosse de medo ou dor, ou de parecer o menino que nos anos sessenta abria o berreiro ao tomar as injeções que me aplicavam as freiras do Círculo Operário de Rafard nas minhas primeiras crises de bronquite.

Fechei a camisa, levantei-me, disse com alguma timidez o infaltável "viva o SUS", cumprimentei a todos e saí. Ainda tomado pela mesma emoção, fiz a selfie exibindo o cartão de vacinação e postei, claro, no Facebook. Afinal, tradição é tradição, mesmo que recém-inaugurada.

Agora, sim. Maior e vacinado.

Maior, no caso, pelo tamanho. Difícil está sendo me adaptar à reação que a zelosa enfermeira-chefe esqueceu-se de mencionar. Vou lhes dizer, é complicado controlar o rabo. Já derrubei duas mesinhas e os vasos que estavam sobre elas, afora o notebook de um colega de trabalho, até agora o prejuízo mais vultoso. Mas vou me acostumar, tenho fé.

As garras que cresceram no lugar das unhas, já antes carentes de um corte profundo, até que são úteis. Serviram, por exemplo, para espantar dois engraçadinhos que vieram me cobrar uns trocos que lhes tomei emprestado dia desses. Um deles não volta mais. Engoli a seco. Prometi a mim mesmo que vou comprar desses molhos prontos e andar com eles no bolso por aí, balsâmico, italiano, tradicional. Barbecue, de preferência. Um jacaré nunca sabe a hora em que vai ter almoço para se servir.

A pele dura e enrugada também tem tido sua utilidade neste dia de muito frio, mas não quero passar a ser conhecido como um sujeito casca grossa. A boca é que me parece estar crescendo um tanto devagar. Até agora só deu para sentir o gostinho de ser como o cacique Raoni. Espero que o crescimento seja uniforme e os dentes não fiquem muito expostos. Prefiro o sorriso cínico do lagarto ao escárnio escancarado dos crocodilianos.

Planos para o futuro. 7 de setembro, adeus feriado prolongado em Capivari. Estarei a postos em Jacareí para a segunda dose. Independência, afinal! Ou morte. Quinze dias depois, agendar o cabeleireiro, que esta juba não combina com jacaré e eu não quero ser confundido com a personagem cabeluda do Sítio do Picapau Amarelo.

Ainda em setembro, pretendo ir lá para a região central do país. Não, não vou me mudar para o Pantanal, não. Prefiro continuar vivendo em meu habitat natural, entre capivaras, jacarés e a gente boa daqui de São José dos Campos, onde trabalho.

Eu me refiro a Brasília. Será um passeio gastronômico. Um bate-e-volta, apenas para degustar um prato para lá de especial: um perigoso "serial killer" (pronuncia-se "siri ao quilo", ou melhor, "siri ao quíler") que já matou mais de quinhentas mil pessoas, um sujeito gorduroso que anda rondando a capital federal e que se diz incomível. Quero ver se é mesmo.

Sei que sofrerei intoxicação alimentar, terei diarréia, mas certas reações são inevitáveis. Digo já de cátedra.

Você não perde por me esperar, genocida!

(Luís Antônio Albiero, em São José dos Campos, aos 15 de junho de 2021, no intervalo do almoço).

13/06/2021

Treta de Domingo

Fim de semana é legal porque dá pra gente tretar com bolsomínions, cada vez mais desorientados.

Esta foi agora há pouco, num grupo de Americana, onde morei por sete anos e mantive escritório e trabalhei até agosto de 2018.

A provocação está nas imagens. Minha resposta:

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"Leandro Tri, como 'Lula não conseguiu manter o que ele fez de bom', se ele fez um segundo mandato ainda melhor que o primeiro?

Por que você acha que ele teve avaliação tão elevada ao fim do segundo mandato, a ponto de eleger sua sucessora, e ainda a reelegeu quatro anos depois?

O 'decaiu' é elucubração sua. É como chifre: coisa que colocaram na sua cabeça.

O dólar foi 'equiparado ao real' apenas no lançamento do plano Real. E você não come em dólar, mas em real. E você não come PIB, mas aquilo que seu salário lhe proporciona comprar. Faça as contas e veja quanto valeram, em dólar, os salários mínimos durante os governos FHC, Lula, Dilma, Temer e hoje. E veja em que período do real nossa moeda valeu mais e o salário mínimo teve maior poder de compra.

Dilma fez um excelente governo no primeiro mandato e, a partir do início do segundo, passou a ser sabotada pelo inconformismo de Aécio Neves, que não aceitou a derrota, e pelo espírito vingativo de Eduardo Cunha, que transformava toda iniciativa do governo para corrigir os rumos da economia em "pautas bomba", que só pioravam a situação.

Você precisa conhecer melhor as coisas sobre as quais opina. Você não cita, mas está se referindo à lei Rouanet. Pergunto a você: o que é a Lei Rouanet? Você sabe desde quando ela existe? Você sabe dizer quando foi que BolsoNero revogou a Lei Rouanet?

Respondo: a lei Rouanet é uma lei de incentivo às atividades artísticas. Empresas financiam artistas e espetáculos e obtêm abatimentos no imposto de renda. Existe desde 1991 e foi assinada pelo então presidente Fernando Collor de Mello (aquele que foi tirado do poder por corrupção e hoje é conselheiro pessoal de Jaera Genocias BolsoNero) e pelo ministro Jarbas Passarinho, remanescente dos governos militares. E está em vigor até hoje - ou seja, seu Micto sequer tentou revogá-la.

Quanto aos "estádios versus hospitais", sinto informar-lhe, mas o governo federal não construiu nenhum estádio. O BNDES, sim, emprestou dinheiro para a iniciativa privada (empresas) para que esta os construísse - e esse empréstimos vêm sendo regularmente pagos (lembra o desfecho da tal "caixa Preta" do BNDES que tanto berrou BolsoNero? Pois é...).

O BNDES existe para isso mesmo: para incentivar os investimentos privados.

Por esse seu raciocínio, tudo o que foi financiado pelo BNDES é obra do governo federal. Ou seja, todos os hospitais privados, todas as escolas privadas, todas as fábricas, os estabelecimentos industriais e comerciais, todos os equipamentos agrícolas e da indústria construídos ou adquiridos por financiamentos do BNDES durante os governos do PT são obras dos governos petistas. É isso mesmo?

Então, vivas ao PT!!!

13 de junho de 2021

27/05/2021

Fundamentalista das Boas Causas

Acabo de ser "repreendido em nome de Jesus" (não, não foi o cabo Daciolo, nem foi nesse tom, muito pelo contrário - embora certas bandeiras sejam por vezes defendidas com igual fundamentalismo), por um faceamigo, por uma suposta "piada sexista" que eu teria feito ou reproduzido.

Foi pelo Messenger e enviei esta resposta:

"Não sei a qual 'piada sexista' você se refere, mas faço uma vaga ideia.

O que será mais grave? A minha 'piada sexista' (?!?) ou a obsessão sexista de uma dirigente do país - das mais importantes nestes tempos de pandemia - que consegue ver um pênis numa torre de um prédio público?!?

Como tratar essa loucura da moça? Com textos acadêmicos sobre a paranóia dela?

Não é mais saudável representar a realidade - ditada por ela própria - com humor pertinente e adequado?

Como representar humoristicamente uma obsessão sexista de determinada pessoa?"

****

PS.: BolsoNero passou a vida toda atacando os homossexuais. Uma vez, uma única vez, fiz uma postagem "devolvendo" toda agressão dele com uma imagem e frase de um extinto programa de humor da Globo, um bordão (condenável, sim, mas pertinente, considerado o objetivo da minha crítica) vivido pelo ator Paulo Silvino. Fui chamado de "homofóbico", como se a crítica fosse homofóbica e, pior - ainda que pontual e excepcionalmente até, vá lá, pudesse ser - como se eu tivesse o hábito bolsonaresco de fazer constantes postagens homofóbicas.

Naquela ocasião eu tinha consciência das pedradas que eu receberia, como de fato levei.

Desta, porém, confesso que não imaginei que as pedradas se repetissem.

Tão maléfico quanto os comportamentos extremistas de homofóbicos e sexistas é o patrulhamento dos fundamentalistas das boas causas.

Sejamos mais razoáveis, mais tolerantes. Inclusive com os excessos alheios, sejam eles reais ou frutos da nossa mente porventura contaminada pela intolerância.

Guardemos para nós mesmos o que quer que seja que pudéssemos ver como censurável no comportamento alheio, em especial daqueles que sabemos que este ou aquele movimento é um ponto fora da curva do modo ordinário como o outro costuma se comportar.

25/05/2021

Meus "Políticos de Estimação"

As pessoas que encaram a política como futebol, que escolhem torcer para um ou outro "time" e, em consequência, passam a odiar todos os adversários, não têm a mínima noção do que é a Política e da importância que ela tem para a vida de todos nós.

Eu era um jovem de 24 anos em 1988 quando disputei e venci minha primeira eleição, para vereador, e me lembro de um discurso que eu fazia. Era mais ou menos assim:

"Você pode odiar a Política e os políticos, mas não pode ignorá-los, pois as decisões do prefeito e dos vereadores (naquela época, a prefeitura e a câmara de Capivari ficavam no mesmo prédio) saem dos gabinetes pelas portas da prefeitura, descem as escadas, escorrem pelas ruas da cidade e entram na sua casa por debaixo da porta, queira você ou não".

Eu lembrava que eram os políticos que decidiriam o preço do pãozinho que você come, do combustível que você põe no seu carro; decidiriam o seu salário, o quanto você vai ganhar e se você terá ou não emprego, escola, postos de saúde, médicos, polícia...

Desde muito cedo eu adquiri consciência do que significa a Política na vida de todos - do pobre e do rico, das pessoas e das empresas, das coisas privadas e das questões públicas.

Desde muito cedo eu tive a percepção de como agiam os políticos e os partidos, a favor de quem, quais os interesses que cada qual defendia, quem de fato estava ao lado dos mais necessitados e quem só se preocupava com o capital, com o lucro fácil, com a especulação financeira e imobiliária.

Fiz de minha escolha a razão do meu viver.

Fui vereador por dois mandatos, candidato a prefeito em três oportunidades, candidato a deputado federal uma vez; atuei exercendo cargos em comissão como assessor jurídico na Assembleia Legislativa de São Paulo e na Câmara Municipal de Americana.

Há três anos deixei essa vida pública para cuidar da minha carreira profissional, que por muito tempo eu havia abandonado para me dedicar aos interesses da comunidade. Hoje ocupo cargo de procurador municipal, concursado, efetivo, o que me distanciou de uma participação mais efetiva na Política, mas não me impede de me manter na trincheira - restrita agora aos meios virtuais, basicamente aqui pelo Facebook.

Continuo me considerando um político, um ser político, mesmo afastado das disputas eleitorais. E sigo fiel aos meus propósitos, à minha razão de viver, à opção que desde muito cedo fiz de lutar em favor da classe trabalhadora e dos mais necessitados da sociedade.

Eu lamento pelos que não têm compreensão do meu papel, que eu mesmo me atribuí por opção que a vida acabou me determinando, em razão da minha origem social.

É triste ver meninos mal saídos das fraldas ou idosos que passaram a vida toda sem enxergar um palmo diante do nariz questionarem minha militância com absoluta ausência de argumentos sérios, sólidos, razoáveis, maduros.

Um sujeito que não me conhece se acha no direito de me julgar e se dá ao desplante de insinuar que em algum momento da minha vida eu tenha "dependido da política" para sobreviver.

Além de ignorância, esse sujeito expressa má-fé, pois a ele o que menos parece importar é a Verdade. Porque ele não sabe, não faz ideia de que é exatamente o contrário do que seu raciocínio miúdo o permite pensar.

Quem já fez política sem apoio financeiro, sem ter o patrocínio de empresas e empresários, como eu fiz a vida toda, sabe que o candidato, ou mesmo o político eleito, além de comprometer a própria vida em favor da causa pública, muitas vezes compromete suas próprias finanças, até mesmo, como foi meu caso, sua carreira profissional.

Chamam-me, os mais educados, de "fanático"; os mais estúpidos tentam me desqualificar com termos chulos ou me atribuindo semelhanças a políticos que eles odeiam e, por seu ódio e preconceito, neles não conseguem enxergar os méritos que verdadeiramente têm, apenas os deméritos que conseguem produzir suas mentes perversas, devidamente adubadas pelos meios de comunicação comprometidos com os interesses da classe dominante.

Sim, eu tenho meus "políticos de estimação". São lideranças pelas quais tenho elevada estima, por seu exemplo de dedicação às mesmas causas pelas quais luto desde que adquiri consciência política, ainda na adolescência. São políticos que, além da estima que tenho por eles, muito me orgulham.

Políticos em quem sempre confiei, como Lula, Dilma, Fernando Haddad, Eduardo Suplicy, José Dirceu, José Genoino, Paulo Teixeira, Antonio Mentor , Simão Pedro , José Machado e muitos outros do meu partido, alguns falecidos, como Luiz Gushiken, José Mentor, Delçon e Derly Andriotti, dona Nadir Monticelli; ou Luisa Erundina, Mario Covas, João Hermann Neto, Ismael Sanches, Marta Suplicy, que, mesmo integrando ou tendo migrado para outros partidos, foram dignos do meu voto e souberam dignificá-lo.

Alguns me decepcionaram em algum momento, como - e vou citar apenas um, pela admiração que por ele nutro - o querido Almir Pazzianotto Pinto, capivariano que durante o governo de José Sarney, na condição de Ministro do Trabalho, afiançou a farsa do "ganho real de salário" quando da implantação do Plano Cruzado, e depois, mais recentemente, por injustas e duras críticas aos governos de meu partido; a despeito disso tudo, é um conterrâneo que ainda me orgulha.

Esses, dentre outros que à memória escapam, são meus "políticos de estimação", e me limito àqueles em quem votei ao menos uma vez na vida, e essas são as causas pelas quais tenho lutado por toda a minha trajetória, e deles e dela tenho muito orgulho.

Lamento, repito, pelos que, a despeito de terem propensão à política, não possam dizer o mesmo.

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, aos 25 de maio de 2021)

22/05/2021

Caráter Grandioso

Um conterrâneo, um certo Eduardo S***, publicou um meme em que Lula aparece como preso na ditadura e preso na democracia, com a mensagem de que o que importa não é o regime, mas o caráter.

Mandei esta resposta:

**********

"É, pois é.

É preciso ter caráter, sim, e muito bom caráter, para enfrentar uma ditadura na defesa dos trabalhadores.

E é preciso ser um estadista para cumprir, ainda que sabendo-a injusta e desprovida de sustentação fática e jurídica, uma sentença exarada por um juiz corrupto, no bojo de um golpe de estado.

Você cumpriria a sentença, sabendo-se inocente e podendo refugiar-se em qualquer embaixada?

Cumpriria?!?

Aposto que não. Porque é preciso ter o caráter de um estadista para servir de exemplo e mostrar a todos que uma decisão judicial, ainda que injusta, deve ser cumprida, e que dela se pode recorrer acreditando nas instituições, e que se vence o recurso quando ele é calcado na verdade.

Você teria esse caráter grandioso, Eduardo S***?

Du-vi-de-o-dó!

Fugiria ao primeiro que lhe batesse os pés."

22/04/2021

Fundaríamos o PTT

Querida, o que houve com sua reconhecida inteligência cartesiana?

Parece ter-se olvidado de que um mais um dá dois e, nessa razão, pode-se chegar a dois milhões. E o PT chegou! Hoje somos mais de dois milhões de filiados. O que é que você acha que aconteceria se essa pretensão fascista de cassar o registro do PT viesse mesmo a se consolidar?

Pois eu vou lhe adiantar.

Se não nos colocassem mesmo, de verdade, os dois milhões em campos de concentração, se não nos levassem às câmaras de gás imediatamente, no dia seguinte estaríamos nos filiando em massa num partido pequeno qualquer, desses disponíveis no balcão de negócios da politicagem nacional, ou num partido satélite dentre os que orbitam em torno do PT, adaptaríamos o estatuto e mudaríamos a sigla e o nome da agremiação.

Eu até já dei minha sugestão: Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores - PTT. Pronto! Ficou ótimo, não acha?

Não, não ficou, ficará, porque essa hipótese não tem chance de vingar. São acusações sem base de sustentação, requentadas para, de novo, criar um ambiente político de ódio, já anteriormente repelidas pela justiça eleitoral, pelo TSE. Ou nos filiaríamos todos ao PCdoB, que já vem mesmo cogitando mudar o nome. Já pensou Flávio Dino eleito presidente do Brasil pelo PTT? Que maravilha não seria?

Essa sua estreiteza de raciocínio, querida, esse seu apego à prevalência de um pensamento único, ao neonazifascismo, juro que nunca antes na história da minha vida eu nem de longe desconfiei de.

Decepção!

O que é que o ódio não faz com as pessoas, não é mesmo? Pensar que alguém como você votou para presidente da República num sujeito visivelmente limítrofe, um ginasiano que passa o dia no fundo da sala jogando papeizinhos amassados nos coleguinhas e mostrando a língua para as meninas...

Aí está o resultado. A tragédia que nos envergonha perante o mundo.

Que o Covid-19 não a encontre, é o que desejo de todo coração - nem a você, nem aos seus entes queridos. Embora parece que já se tenha alojado em seu cérebro, e não foi agora, neste surto pandêmico.

Como se chamava o coronavírus congênere em 2018? Bovid-17?

16/04/2021

Treta Vapt-Vupt

Um conterrâneo aqui de Capivari, de prenome Jorge, foi à página do Lula no Facebook e escreveu, com evidente erro de gramática: ""que santinho ele transformou"" (Lula nunca transformou santo algum em qualquer coisa, é óbvio, nem jamais deve ter tido essa intenção; mas deu para entender o que quis dizer meu amigo que faltou às aulas de português).

Deixei lá o seguinte comentário:

**********

"Jorge , meu véi...

Você é do tipo que viu Jesus passar diante de sua casa, viu-o fazer o milagre da distribuição dos pães, viu-o levar pão a quem tem fome e água a quem tem sede, viu-o levar vida em abundância, dignidade, esperança e oportunidades aos que mais precisam, viu-o pregar ""amai-vos uns aos outros como eu vos amei"", mas, por saber que ele vinha lá da favela, porque foi pobre, porque defendia os pobres, você chamou a polícia e ele foi preso.

Depois você viu o Capeta passando também defronte sua casa, com todo figurino que lhe é próprio - rabo, chifres e tridente nas mãos -, viu-o fazer arminha e defender a tortura e os torturadores, ouviu-o jurar que mataria ""pelo menos uns trinta mil"" e a pregar ""matai-vos uns aos outros como eu vos matei"", e você o chamou de ""mito! Mito! Mito"" e elegeu esse seu Micto presidente da República.

Você é fera, Jorjão! Parabéns."

**********"

19/03/2021

O Brasão da República Petista

"Minha bandeira jamais será vermelha", berra a estultice verde-amarela.

Mal sabem os que repetem esse mantra como papagaios que o vermelho está no nascedouro do próprio país, como já escrevi em crônica (depois de ler esta, volte e leia esta aqui:

https://www.facebook.com/cronicaseagudasfb/posts/178561059483038)

Dia desses, comentei numa postagem a esse respeito e destaquei que o autor do texto ao qual ela se referia havia conseguido o feito de cancelar o azul das cores da bandeira nacional. Nem vermelha, nem azul, "somente verde e amarela" dizia o autor referido acerca da "minha bandeira"! E, de quebra, desprezou até o branco...

Confesso, no entanto, que nunca havia prestado atenção nos detalhes do brasão, que, como a bandeira e o hino, é outro símbolo nacional, este das armas nacionais.

Criado pelo engenheiro e desenhista Artur Zauer no século retrasado, foi instituído como símbolo nacional por decreto de 19 de novembro (ops! meu aniversário!) de 1889.

Zauer era um visionário.

Observe que todo o desenho está estruturado sobre uma grande estrela de cinco pontas e contorno vermelho e está salpicado de estrelinhas por todo canto. Tem estrelas até nas pontas do ramo de tabaco, à direita (à esquerda, o ramo é de café, com ostensivos grãos vermelhos nas pontas...).

Quer algo mais petista do que isso?

Mas o danado do companheiro lulodilmopetista do século XIX foi mais longe.

No centro da espada em riste, acintosamente meteu uma bandeirinha do PT! Mas que filhodamãe esse companheiro!

Só deu uma disfarçadinha e pintou de amarelo a estrelinha, mas a bandeira vermelha com estrela no centro é inegavelmente o símbolo do partido que, pouco mais de cem anos depois, viria a governar o Brasil. E que, ao que tudo indica, vai voltar ao poder em 2022.

Será que os "nhorantes" da História do Brasil ainda terão a cara de pau de nos atacar repetindo o surrado bordão que, por ódio e preconceito, renega a cor vermelha?

(Luís Antônio Albiero, em Capivari, SP, aos 19 de março de 2021)

13/03/2021

Demasiadamente Humano

Desde que se instalou esse desgoverno, cujo "presidente" (argh!) abre mão do direito-dever de governar, sobretudo depois da pandemia, tenho lido e ouvido muita gente dizer que "precisamos de um líder", alguém que saiba fazer o que de fato precisa ser feito. Alguém que nos conduza com sabedoria.

Sempre me veio à mente, imediatamente: "esse líder é Lula!"

E com a mesma imediatidade me vinham os freios: mas BolsoNero responderá pela presidência até 31 de dezembro de 2022; mas mesmo que seja cassado, o novo presidente será escolhido pelo Congresso, indiretamente; mas mesmo que haja eleições, Lula está inelegível...

Uma sucessão de "mas" que tornava irrealizável o desejo de que o único líder capaz de unificar o país e o recolocar nos trilhos - e dar alívio ao mundo, porque hoje o Brasil é uma ameaça biológica à Humanidade - voltasse a governar.

Aí veio a interferência do imponderável.

Fachin, que há cinco anos vem sendo soldado da Lava Jato no STF, solta uma decisão que nem o mais otimista jurista ou advogado, ainda que militante do PT, como eu, poderia sonhar e anula todas as sentenças que tornavam Lula inelegível.

Resultado prático imediato: Lula está elegível! Não tem nada, hoje, que impeça sua candidatura a qualquer cargo, de vereador a presidente da República!

Mas ainda restavam os outros "mas". BolsoNero segue presidente e as eleições presidenciais só se realizarão daqui a vinte meses. Que desalento...

Só que um líder autêntico não depende de cargo público ou mandato para que seus atos sejam efetivos.

É ver o que aconteceu quase que imediatamente após o pronunciamento - sim, pois não foi discurso, nem entrevista, mas verdadeiro pronunciamento! - que Lula fez no dia seguinte ao anúncio de que sua liberdade agora é plena.

No mesmo dia, o "despresidente", que vinha fazendo campanha - incrível! Mas é a pura verdade - contra o uso de máscara, cuidado primaríssimo no enfrentamento da pandemia em que a doença se alastra pelas vias aéreas, eis que aparece em evento público, pela primeira vez em meses, devidamente emascarado.

Mas não só isso. Esqueceu tudo o que disse contra a vacina e tomou atitudes concretas para promover a vacinação em massa. Já se fala até em exonerar o "desministro" Pazuello, um primor na arte da "lojística" (com "j" mesmo, de "loja", da "lojinha" da 25 de Março que lhe restará administrar, se tanto).

E ainda não foi tudo! O Brasil descobriu que há três meses - ou seja, muito antes da inimaginável liberdade plena - Lula já vinha intercedendo junto aos governos da China (desta intervenção eu já sabia; só não entendo por que não repercutiu na época. Lula enviou uma carta a Xi Jinping, secretário geral da China) e da Rússia, com vistas à destinação das vacinas aos brasileiros. Para tanto, Lula fez valer sua respeitabilidade e sua credibilidade na geopolítica internacional, ambiente em que BolsoNero perambula como um pária.

Como escrevi aqui, em tom jocoso, não sei se Lula é santo, mas é fato que, em três horas de pronunciamento ele fez alguns "milagres": levou BolsoNero a usar máscara e seu governo, finalmente, a priorizar a vacinação. E, de quebra, fez com que ele colocasse um globo terrestre na mesa, durante a "Deus me Live" da última quinta feira, e isso porque Lula o chamou de "terraplanista".

E agora sabemos que o milagre de São Lula foi muito maior!

Não, Lula não é santo. Nem precisa. Gostaria muito de conhecer o grau de "santidade" de cada sujeito estúpido que cobra isso dele. Lula é um ser humano, demasiadamente humano. Do tipo que chora com as famílias dos 270 mil brasileiros mortos pela pandemia, e não dessa espécie que ri e debocha da desgraça de seu próprio povo, como fez o sociopata "despresidente".

Como ser humano, Lula é o mais preparado, dentre os oito bilhões de almas que caminham por este planeta, para gerir uma crise gravíssima e inigualável, no plano histórico, como a atual pandemia.

Porque o humano Lula é um autêntico líder.

Mais que isso, Lula é um estadista.

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, aos 13 de março de 2021)

12/03/2021

O Tsunâmi e a Rocha

A querida amiga Célis fez o seguinte comentário a uma publicação minha:

**********

Dr. Luis Antônio Albiero, como ficam as delações de Palocci, José Dirceu etc....?

**********

Célis, Palocci que pague pelo que fez.

José Dirceu foi vítima de uma imensa mentira. Esse "etc" eu não conheço.

Não confunda Barusco, Cerveró, Paulo Roberto Costa e outros corruptos diretores da Petrobras, que eram funcionários de carreira e atravessaram diversos governos, desde os governos militares, com os tesoureiros do partido, que arrecadaram recursos para campanhas eleitorais como fazem necessariamente todos os partidos, porque é a lei, mas que por serem do partido que representa o lado vulnerável da sociedade foram acusados de receber "propina".

O que para o PSDB, MDB, DEM e outros, era arrecadação para campanha, mesmo sendo desviados em malas e apartamentos para o patrimônio pessoal dos políticos, como Temer, Geddel, Rocha Loures, Aécio, Serra, Alckmin, FHC, para o PT era "propina", mesmo tendo sido feito tudo dentro da lei e aplicados os recursos em campanhas eleitorais, como deve ser.

Todos os tesoureiros do PT que foram acusados, presos, acabaram absolvidos.

A política, infelizmente, é uma guerra em que de um lado há os poderosos, os que detêm o poder econômico e controlam a mídia, as instituições, o poder Judiciário, o próprio Estado, e, de outro lado, o resto, nós e nossos representantes, sempre vulneráveis diante dos poderosos.

Sem ter essa compreensão do que é a Política não há como entender o que realmente aconteceu.

O bom é que a verdade é uma força da natureza. Ela vem silenciosa como águas calmas do mar, mas quando chega, se agiganta e arrebenta toda mentira e falsidade que encontra pela frente. O que resiste é a honestidade, é a rocha firme que nem o tsunâmi destrói.

Quem acreditou na patacoada do combate à corrupção precisa conhecer a vida pessoal, por exemplo, de um José Genoino, que vive até hoje num sobradinho modesto no Butantã em São Paulo. Depois de Lula, ele talvez tenha sido a maior vítima do gigantesco engodo histórico que vivenciamos desde o malfadado "mensalão".

(Em Jacareí, SP, aos 12 de março de 2021)

11/03/2021

Atestado de Honestidade

Edison, enquanto Fachin se portava como um implacável soldado da Lava Jato no STF, ela sim criminosa por seus métodos medievais e nazistas, você aplaudia.

Agora que ele se viu obrigado a entregar os anéis para não perder os dedos, você, que não é capaz de discernir entre o joio e o trigo, chama-o de "nazista". Ingrato!

Corrupto é o ex-juiz, que VENDEU UMA SENTENÇA para prender o candidato que liderava a corrida presidencial em 2018, que o silenciou para que ele sequer pudesse apoiar seu substituto, de olho num cargo no STF, e que, feito o serviço sujo, não pensou duas vezes, abandonou vinte anos de magistratura e foi gozar da PROPINA que lhe foi paga na forma de cargo de ministro da Justiça.

Era para ser um degrau para chegar ao objetivo final, mas BolsoNero deu-lhe um pé na bunda - aliás, a única coisa positiva desse governo fascista que você defende.

Corruptos são os procuradores da República da Lava Jato, que extorquiram 2 bilhões de reais da Petrobras na forma de uma "fundação" que serviria para patrocinar "palestras" que seriam usadas para transferir PROPINA aos próprios procuradores.

Isso tudo está revelado e PROVADO e mais cedo ou mais tarde todos pagarão pelos crimes que cometeram na organização criminosa chamada Lava Jato.

O que me admira é você passar a mão na cabeça desses seus BANDIDOS DE ESTIMAÇÃO, ao mesmo tempo em que acusa, sem fatos, sem crimes, sem provas, o sujeito que, ao fim e ao cabo, recebeu um verdadeiro ATESTADO DE HONESTIDADE dessa mesma OrCrim chamada Lava Jato, que atropelou Constituição, leis e direitos procurando alguma coisa que o incriminasse e NADA ENCONTROU. Tanto que teve que se contentar com duas REFORMINHAS em propriedades que não eram, nunca foram, não são e jamais seriam de Lula.

Aliás, a única coisa que encontraram foi um HOMEM HONESTO.

A honestidade é uma rocha que nem a força do mar consegue destruir.

A honestidade de Lula resistiu a um tsunâmi.

Isso é fato. Queira ou não queira a porra do seu preconceito.

(Em Jacareí, SP, aos 11 de março de 2021)

21/02/2021

A Casa que Cai

Sérgio, um primo fictício, estava em viagem para Jerusalém. Excursão religiosa de gente do interior paulista para a terra santa. Lá pela metade da viagem, em Roma, se não me engano, ele reuniu os conterrâneos companheiros da farofagem intercontinental e tascou, com euforia contida por falso confrangimento:

- A casa caiu pro Lula.

Meu fictício primo estava se referindo ao "vazamento" de um áudio em que o "Lula" ligava para o Rui Falcão e, nervoso, dizia algo como "eu falei que era para dar um jeito nesse Palófi".

De fato, por aqueles dias corria livre pelo esgoto pútrido das redes sociais uma imitação grosseira de um "Lula" desesperado com as acusações que lhe havia feito, dias antes, o ex-gente boa Antônio Palocci. E era tão grosseira a imitação - provavelmente feita por um desses hu-Moristas do Pânico da Jovem Pan - que não se ouvia a voz do Rui Falcão, mas apenas do "Lula", e em alto e bom som. Era como se alguém, na própria morada do ex-presidente, estivesse fazendo uma gravação ambiental e unilateral. Ou seja, não era grampo telefônico. Teria de ter sido uma gravação "in loco", no apartamento mesmo de Lula, onde "ele" dizia estar naquele momento. "Acabei de ver no Jornal Nafional", dizia, choroso, o arremedador fajuto.

Sim, é verdade, a "casa" de Lula viria a "cair" alguns meses depois, talvez mais de um ano, quando outro Sérgio - e esse eu não gostaria de ter como primo, nem fictício, muito menos real -, viria a decretar a prisão do ex-presidente. E todos vimos o "motivo": acusado de ter sido chefe da maior quadrilha das galáxias (aliás, por esse "crime" ele foi absolvido), foi condenado porque teria deixado o governo, depois de oito anos e mais de dez trilhões de reais em orçamentos sob seu comando, com não mais que duas reforminhas meia boca num apartamento e num sítio mequetrefes que nunca foram, não são, jamais serão ou seriam dele.

Enfim, todos vimos e estamos vendo como foi que a "casa" dele caiu e em que estado ela se encontra hoje - na iminência de ter seus direitos políticos restituídos e cogitado, até mesmo por muita gente que o queria preso, para voltar ao Palácio do Planalto. Quem não acreditou nas evidências agora está vendo com lupa tudo o que sempre denunciamos.

Essa expressão, "a casa caiu", é das mais surradas que tenho lido e ouvido desde outros carnavais, desde os tempos gloriosos das marchinhas, "vai, agora vai, senão um dia a casa cai; vai, menina, vai".

À esquerda e à direita, blogueiros, iutúberes, jornalistas, pseudojornalistas, autoproclamados "influenciadores digitais" (que diabos afinal é isso?) e outros aventureiros arriscam-se a mandar um tonitroante "a casa caiu" para qualquer novidade que surja e sirva para comprovar suas teorias e seus desejos, na maioria das vezes cultivados e alimentados pelo ódio que nutrem pelo nordestino de fala rouca e nove dedos - aquele mesmo que deixou a presidência da República com aprovação de quase cem por cento da população brasileira.

E o fato é que a casa... nunca que cai!

Nenhuma delas. Nem a do Lula, que "caiu" por pouco tempo, o necessário para que não pudesse disputar a presidência da República em 2018, nem a de ninguém. Parece aquele edifício que dava título a um programa humorístico que a Globo exibia aos sábados nos meus idos e saudosos tempos de pirralho, de nome "Balança, mas não Cai".

Nunca pus fé na força dessa expressão, nem para a "casa" de Lula, nem de quem quer que fosse. Mas ando revendo minhas crenças.

É que finalmente uma vivenda, de fato e de direito, des-Moro-nou.

Justamente o palacete que da rupestre capital paranaense projetou seus Moro-adores, através de sua poderosa janela global, para todo o planeta. A casa mais visibilizada do Brasil que, como um "reality show" diuturno e interminável, transformou Sérgio e seus dallagnoizinhos amestrados em heróis intergalácticos do combate à corrupção.

A Moro-ada, enfim, caiu, e não só para o Sérgio que não é meu primo, mas para toda a OrCrim da Lava Jato de Curitiba. Para desespero, imagino, do Sérgio que de fato meu primo é. Fictício, claro.

Como na piada do gãtinho dã Menuel, Sérgio Moro subiu no telhado. E proporcionou a própria queda. Subiu quando, ainda maravilhado com o presentinho que BolsoNero lhe dera como paga de promessa de campanha (propina na forma de cargo de ministro da justiça), deu início à operação "Spoofing" - aquela que prendeu o "hacker de Araraquara", Walter Delgatti, o "Assange brasileiro". De tão pesado que deve estar o espírito do sujeito (eu deveria dizer "a consciência" dele, mas é difícil acreditar que ele possa ter uma), a habitação toda veio abaixo.

Também, pudera. O que se apresentava como mansão não passava de mansarda. Um tugúrio dos mais precários.

Como sempre denunciamos e hoje temos fartas provas, com riqueza de detalhes, Moro foi preparado pelos Estados Unidos para processar, condenar e tirar de circulação o ex-presidente Lula, por razões que deixarei para crônicas futuras.

Definido o alvo, atropelou leis, direitos, sigilos, o chamado "processo legal", derruiu o estado democrático de direito, orientou e articulou ações de procuradores da República, fez permanentes escutas telefônicas de advogados do investigado, vazou informações o tempo todo para a Globo e outros veículos de informação secundários, interceptou e divulgou telefonema da presidenta da República, contribuiu para o golpe de Estado que a derrubou, interferiu na liberdade de escolha do povo brasileiro que queria Lula presidente em 2018, moveu céus e terras, estando de férias na Europa e em pleno domingo, para evitar a liberação do acusado quando lhe foi concedido um habeas corpus, e o tempo todo desrespeitou acintosamente o Supremo Tribunal Federal e outros magistrados que lhe eram superiores.

A despeito disso tudo, tudo o que conseguiu descobrir foi algo que seu preconceito, seu ódio e suas ambições pessoais o impediam de enxergar, sequer cogitar: que Lula, objeto de seus desejos, é um homem honesto.

Hoje o ex-juiz passa vergonha em âmbito internacional e amanhã certamente será processado e poderá ser preso pelos crimes que cometeu. Seu barraco desabou e foi como previra a profetisa Dilma Rousseff: sem sobrar pedra sobre pedra.

A casa caiu para você, Sérgio, que não é meu primo, nem fictício, grazadeus. E para você também, Sérgio, meu primo na ficção, que tem ódio a Lula e a tudo e a todos que ele representa.

(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, SP, aos 21 de fevereiro de 2021).

10/02/2021

Conviccionismo: a Outra Face do Negacionismo

Acontece cada uma!

Companheirada, estou estupefato. Preciso dividir com vocês...

Uma estimada companheira, antiga faceamiga, petista aguerrida por quem nutria e sigo nutrindo profunda admiração, mas que, sei lá por que cargas d'água, tem birra com o Haddad (ela o ofende extremamente chamando-o de... "Adadi"!🤦🏻‍♂️🤭🤭🤭) postou, com o entusiasmo de um Arquimedes gritando "eureka!", que havia finalmente desmascarado o ex-prefeito da capital paulista.

Porque, seguinte.

Haddad deu entrevista, por estes últimos dias, a vários veículos de comunicação, começando pelo Brasil 247, dizendo que "no último sábado" ele teria tido uma conversa com Lula, na casa do ex-presidente, e que este ter-lhe-ia dito que era hora de ambos (vejam bem: ambos!) iniciarem um giro pelo país, com vistas às eleições de 2022. Foi quando ele, Lula, teria usado a expressão "hora de botar o bloco na rua", fato que eu mesmo comemorei aqui, neste meu modesto perfil.

Pois bem.

Hoje circulou a notícia de que Lula teria tido alta de uma breve internação que se iniciou justamente neste último sábado - três dias atrás. Uma bacteremia, nada mais preocupante. Tudo em ordem com a saúde de Lula.

Mas a pessoa - queridíssima por mim, reafirmo - extraiu desses fatos uma descoberta definitiva com potencial de provar o quanto Haddad estaria mentindo e conspirando contra Lula.

Ela já dizia, para minha estranheza, desde 2018, que Lula jamais teria indicado Haddad para ser candidato em seu lugar, quando sua candidatura se tornou juridicamente insustentável. Que teria sido mentira, uma tramóia do próprio Haddad em conluio com lideranças petistas que teriam tirado proveito da prisão e da incomunicabilidade de Lula para que o ex-prefeito pudesse se tornar candidato em seu lugar, naquelas circunstâncias de que todos bem nos lembramos, naquela fogueira danada de uma campanha extremamente curta, marcada pela comoção causada pela facada levada pelo concorrente.

Segundo a companheira, desta vez Haddad estaria mentindo porque Lula, internado no sábado, não poderia ter-se encontrado com ele, de modo que o ex-presidente não poderia ter-lhe dito sobre o "botar o bloco na rua", nem nada sobre ser o candidato etc. E que Fernando Haddad estaria apostando na morte - isso mesmo, na morte! - de Lula que, desse modo, jamais o desmentiria, de sorte que jamais saberíamos do verdadeiro teor do diálogo havido, ou supostamente havido entre eles... (😮😮😮)

Estranhei.

Não tenho nenhum dado objetivo que me permita duvidar da palavra de Haddad, que sempre me pareceu uma pessoa correta. E desde que Lula deixou a prisão política de Curitiba, já teve um milhão de oportunidades para denunciar a "tramóia", a "traição", a "conspirata" etc. Ao contrário, em todas as entrevistas que vi, e não foram poucas, Lula sempre usou de palavras amáveis para se referir ao ex-prefeito e sempre mencionou seu nome como importante pré-candidato pelo PT em 22.

Fui conferir.

A entrevista que Haddad concedeu ao 247 foi na noite de quinta-feira. Leonardo Attuch abre a entrevista dizendo "boa noite, são 21 horas do dia 4 de fevereiro..." E Lula foi internado no dia 6, sábado seguinte. Portanto, não era verdadeira a informação da companheira de que Haddad não poderia ter-se encontrado com Lula porque "no sábado" (dia 6) ele estava internado.

Eu, que não costumo duvidar da boa-fé de ninguém, muito menos da companheirada petista, fiz uma singela intervenção, num comentário em que disse a ela "relaxe" e segui explicando que a entrevista havia sido dada antes da internação, de modo que o "sábado" a que se referiu Haddad (no furo que deu ao Attuch) não poderia ser o futuro, naturalmente, mas o imediatamente anterior ou algum outro precedente.

Nossa! Uma geladeira caiu sobre minha cabeça.

Ela deletou meu comentário e me marcou para me dizer que eu não sabia quem era Haddad, a quem chamou de meu "crápula de estimação". E que se eu quisesse continuar sendo seu amigo, deveria parar de defendê-lo.

Aí veio outra, a quem sequer conheço, e iniciou uma saraivada de desaforos a mim.

Eu disse a elas que respeitava as suas convicções, já que, afinal, todos as temos, até o procuradorzinho das faces róseas da OrCrim da Lava Jato de Curitiba...

Expliquei que minha intenção era apenas repor a verdade, ainda que, pelo menos, a verdade lógico-sequencial dos calendários. E que continuava respeitando as convicções delas.

A outra, a dos desaforos, chegou a dizer que "ninguém vai internado sem estar mal antes"... E me chamou de "homo sapiens" (😱😱😱) e que eu deveria respeitar a "inteligência dos lúcidos" (😅😂🤣). E recomendou que eu "VSFD" com o "professor" (perguntei se "VSFD" significaria "Verdade Seja Falada Diariamente").

Convicções! Tão firmes que fizeram a moçoila esquecer da existência de males súbitos. E, de mais a mais, ninguém sequer ventilou a hipótese de que, enquanto esteve internado, Lula tivesse sido mantido incomunicável...

O negacionismo tem uma face oposta que é igualmente perversa: o "conviccionismo".

Enfim, cada qual que cultive as próprias convicções. Mas que o faça procurando respeitar, sempre e ao menos, a "inteligência dos lúcidos", particularmente deste "homo sapiens" que vos tecla.

(Em Jacareí, SP, aos 10 de fevereiro de 2021)

09/02/2021

Né, Filha?

Dilma foi tirada à força do poder por um golpe

Lula foi acusado, condenado e preso sem crime nem provas só para não poder ser candidato a presidente

Moro e Dallagnol são corruptos e agiram ilegalmente contra Lula

Haddad só não venceu a eleição presidencial pela fraude das Fake News

BolsoNero é um desastre como presidente

Tá difícil ter de admitir que nós sempre tivemos razão, né, minha filha?

25/01/2021

O Segredo do "Chiplasma"

Na minha infância - e lá se vão anos, décadas, caminhando para o primeiro século (sim, sou otimista) -, eu tinha dificuldade de compreender como era possível que um único ser, mesmo sendo onipresente, onisciente e onipotente, pudesse controlar cada passo, a cada segundo da vida de cada um dos - atualmente - 7 bilhões de seres humanos deste mundão de meudeus.

Isso sem contar o número incalculável dos que já haviam morrido, o controle de estoque de almas prontas para nascer - ou retornar à vida, sabe-se lá - e a infinitude de animais, plantas e demais seres vivos, das amebas às jubartes, passando pelos pernilongos (minha dúvida mais atroz, para que raios afinal servem os pernilongos?). Nem vou botar nessa contabilidade, para não tornar o raciocínio ainda mais conturbado, os possíveis seres extraterrestres.

Eu me lembro de ter ficado particularmente incomodado quando li, já pré-adolescente, na revista Família Cristã, que "nenhuma folha cai de uma árvore se não for pela vontade do Senhor".

Senhor dosducéu!

Imagine o tamanho da responsabilidade do camarada lá do alto, ter de controlar tudo, meticulosamente, milimetricamente... Não é à toa que às vezes ele dá uma cochilada e morre um bebê ou acontece uma tragédia qualquer...

Mas agora, finalmente, eu recebi a luz!

Graças à postagem do Tico Santa Cruz (ver no primeiro comentário), entendi tudo, tim-tim por tim-tim!

O segredo é o seguinte. É que temos no nosso sangue um "chip" na forma de plasma que permite ao Controlador Geral do Universo vigiar cada passo de cada um de nós e cada vírgula de nosso pensamento.

E só agora, milhões de anos depois do surgimento da vida na Terra, os seres humanos estão descobrindo isso. E culpam a China! Os comunistas! A vacina (por que não a cloroquina?!?).

Quanta bobagem! Tolos, vocês não sabem de nada.

Esse "chiplasma" sempre existiu, sempre esteve no interior de nosso organismo, nas veias dos animais, nas seivas das plantas.

Acordem, terráqueos! Camaradas, os reptilianos estão chegando!

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Link para o texto do Tico Santa Cruz (Em Jacareí, aos 25 de janeiro de 2021)

23/01/2021

Meus Investimentos

ATO I

Meu conjunto de amigos de Facebook reúne, em imensa maioria, pessoas que compartilham do meu modo de ver e viver o mundo, em especial no que tange às relações sociais, particularmente as de natureza política. Ou porque são petistas, como eu, ou esquerdistas ou, definidos ou não no espectro político, por serem os considerados "progressistas".

Aqui no meu espaço, por óbvio, expresso livremente meus pensamentos e, via de regra, encontro ressonância junto ao que chamo de faceamigos. O problema é que acabo falando para "convertidos" (não gosto dessa palavra, não para designar o que exatamente significan, porque remete inexoravelmente à ideia de religião).

Tenho consciência dessa limitação e, para tentar levar a "mensagem" (outra! 🤦🏻‍♂️🤦🏻‍♂️🤦🏻‍♂️) para além-muros (ou "além-bolha"), gasto tempo, paciência e energia em discussões em grupos de feicebuqueiros da minha amada Capivari ou de cidades da região (Americana, Rafard, Rio das Pedras, Tietê, Monte Mor), onde nem sempre o ambiente é receptivo à minha forma de pensar - especialmente nos de Capivari.

Gasto, não. Invisto! Afinal, é minha trincheira de luta, é meu ambiente de militância.

Tomo por regra não ir a perfil de quem não é meu "amigo" (a não ser os "públicos", como UOL, 247, Folha, Fórum etc.) e raramente intervenho em perfis dos "faceamigos".

Hoje foi um dia desses. Não resisti a um comentário, numa postagem que muito oportunamente minha querida amiga, colega advogada e brava companheira de luta Lurdinha Datti Marques fez sobre os malefícios hoje mais que sabidos da tal "cloroquina". Uma senhora, também conterrânea, do alto de seus 71 anos, de prenome Magda, implicou com Lurdinha porque onde já se viu ficar "pegando no pé" do "nosso" (argh!) presidente e nada falar do "lularápio" e da "anta da Dilma"!

Enviei a seguinte resposta:

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"Magda, com licença e com todo respeito.

A Lurdinha 'pega tanto no pé' do 'nosso' (vade retro!) presidente pela óbvia e exclusiva razão de que é ele quem, neste momento, responde pela presidência da República. Ou deveria responder, pois, bem ou mal, foi eleito para isso.

Os outros ex-presidentes a quem você se refere já com evidente preconceito e absoluta falta de respeito (incondizente com sua educação e experiência de vida) não estão mais no poder.

Lula (larápio por quê? Roubou o quê? Quando, como, onde, quanto? Quais os fatos, as datas, as provas, os processos judiciais? Nem Moro e Dallagnol, mesmo atropelando a lei, conseguiram demonstrar nada além de duas reformas de valor discutível em propriedades que nunca foram, não são, não serão e jamais seriam dele) e Dilma (anta por quê? Que autoridade intelectual tem você para tentar desqualificar alguém da estatura de Dilma?) não estão no poder há vários anos.

Lula deixou o governo ostentando altos índices de aprovação popular (em torno de 90%), tanto que elegeu e reelegeu sua sucessora - e olha o tamanho do desafio, elegeu a primeira mulher presidenta, num país machista, misógino e atrasado como o Brasil.

Dilma enfrentou de cabeça erguida toda a farsa que a derrubou e não pesa contra ela nenhuma acusação. Foi golpeada depois de terminar o primeiro mandato com o país vivendo em condição de pleno emprego (desemprego de ínfimos 4,8% em dezembro de 2014) e teve o segundo governo sabotado por gente da espécime de Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer.

Ambos deixaram em caixa reservas de 300 bilhões de dólares, que até hoje salvam o Brasil da bancarrota.

Hoje, neste grave momento em que o mundo vive uma pandemia, temos um pré-adolescente brincando de nos desgovernar, e você - do alto de sua experiência de vida - passa a mão na cabeça do sujeito.

Seria até bonito e perdoável se fosse a avó acarinhando o neto travesso.

O problema é que esse seu 'neto' pré-adolescente tem sob sua responsabilidade vidas humanas e a última preocupação que ele demonstra é salvá-las.

Salvar vidas humanas é algo que não faz parte do raciocínio dele.

Aliás, esperar o que de quem se notabilizou por elogiar torturadores, pregar a morte de adversários políticos e por ter dito, logo que se elegeu deputado federal, trinta anos atrás, que a ditadura "devia ter matado pelo menos uns trinta mil, começando por Fernando Henrique Cardoso"?

Você pode pensar a bobagem que quiser sobre Lula, Dilma, Temer, FHC, Collor, Sarney, Figueiredo, Juscelino, Getúlio, Dom Pedro II, Dom Pedro I, Dom João VI ou mesmo sobre o índio mandão de antes da chegada dos portugueses, mas o fato é que nenhum desses está no governo do Brasil hoje.

O pré-adolescente que hoje nos desgoverna chama-se Jair Mentiras BolsoNero. A irresponsabilidade é dele.

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ATO II

Depois a Lurdinha me agradeceu e eu mesmo fiquei com a impressão de que eu houvesse praticado o chamado "mansplaning". Aproveitei para me desculpar e ampliar um pouco o meu "pitaco":

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"Ô, Lurdinha . Perdoe-me se pareceu 'mansplaning', não foi essa a intenção. Só mencionei seu nome porque a Magda se dirigiu a você. E, por sinal, você deu a ela a melhor resposta.

Minha intenção foi só comentar mesmo e aproveitar a oportunidade para passar informações aos seus leitores que, a meu ver, podem ajudar a desmistificar crenças que hoje integram o senso comum ('lularápio', 'dilmanta', essas bobagens que circulam pelas redes sociais).

Lula fez um governo excelente, Dilma idem, mas a política social de ambos despertou ódios e preconceitos porque incomodou a classe dominante, de índole inegavelmente escravagista. Por isso, era importante para essa casta derrubar a presidenta e desmoralizar Lula e seu partido.

Com apoio da mídia que a serve (aliás, os proprietários dessa mídia integram a casta), os que verdadeira e historicamente mandam neste país (os que detêm o poder econômico) conseguiram seu intento, no plano da narrativa.

Levou anos, mas é fato que a narrativa deles venceu, ou está vencendo até aqui.

Onde eles não vencem e jamais vencerão é no plano dos fatos. E os fatos expõem que Lula nada "roubou" (foi absolvido em todos, repito, TODOS os processos que não passaram pelas mãos sujas de Sérgio Moro - aliás, todos os processos só se iniciaram cinco anos depois que ele já havia deixado a presidência) e Dilma é uma mulher intelectualmente preparada.

Zombam dela, até hoje porque ela disse, num evento, de improviso, que 'ainda não temos tecnologia para estocar vento', como se isso fosse realmente um absurdo. Ora! Dilma tem formação superior em economia, com especialização em minas e energia. Antes de ser ministra (das Minas e Energia e, depois, chefe da Casa Civil), foi secretária de Minas e Energia do estado do Rio Grande do Sul, no governo de Alceu Collares, ao tempo em que o Brasil vivenciou o terrível 'apagão'.

E foi graças à competência dela e experiência na área que o Rio Grande do Sul foi o único estado brasileiro que escapou do apagão, porque ela havia criado as condições que evitaram a situação.

E 'estocar vento' nada mais é que uma forma simplificada de se referir ao armazenamento de energia eólica - coisa que, à época da sua fala, a multinacional Tesla vinha investindo milhões de dólares em pesquisas. E olha que ela disse 'ainda não temos' essa tecnologia disponível.

Outra fala que repercute até hoje é sobre a 'saudação à mandioca'.

Ela estava falando em tom de galhofa na abertura dos jogos indígenas e se dirigia ao governador Wellington Dias, do Piauí, que é de origem indígena e tem por apelido justamente "Índio".

Ela se referiu à histórica capacidade dos indígenas brasileiros que, muito antes da chegada dos portugueses, já haviam desenvolvido tecnologia para cultivo e consumo da mandioca, sobretudo para driblar a venenosa 'mandioca brava'.

E ela 'saudou' a mandioca exatamente como, nos nossos tempos de infância, saudávamos a cana-de-açúcar em desfiles cívicos em Capivari.

E outra fala 'polêmica' foi quando ela mencionou que 'trinta por cento de trinta por cento não são trinta por cento, mas nove por cento'. Uai, qual o resultado de 30% x 30% ??? Que respondam os matemáticos!

E, por último, a famosa 'a gente não estabelece meta, porque quando atinge a meta, a gente dobra a meta'. Ora, qual a dificuldade de compreensão?

Na verdade, ela estava se referindo à imprecisão de estabelecer determinada meta quando se sabe que, atingida esta, estabelece-se o dobro do atingido como nova meta.

Ela falava de 'meta em aberto'.

É fato, porém, que discurso não é o forte dela, ela às vezes tropeça nas palavras, não completa o raciocínio (completa no próprio pensamento e não o expõe; quem nunca?), mas chamá-la de 'anta' revela mais do caráter de quem assim a trata do que da própria Dilma.

Agora, compará-la ao limítrofe que nos desgoverna, aí já é demais, é inaceitável. É absoluta falta de noção e de senso de ridículo, 'data venia'..."

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(Luís Antônio Albiero, em Jacareí, SP, 23 de janeiro de 2021)

13/12/2020

Nós Contra Eles

Têm razão os que atribuem ao Petê a culpa pelo divisionismo que caracteriza o país nos últimos quinhentos anos, pelo menos.

Primeiro, o Petê criou o homem, a quem chamou de Adão. De sua costela, fez a mulher, Eva. Depois, criou a ideologia de gênero e foi misturando tudo, Adão e Eva, Adão e Evo, Eva e Ada, Eva e Adão, essa pouca vergonha toda. Começou assim a suruba de letrinhas que no princípio era só LGBT, mas que, com o tempo, ganhou um QI a mais.

Depois, um índio barbudo e de nove dedos, barrigudinho e com fala rouca, incitou seus companheiros que passavam o tempo vagabundeando peladões pela mata verde de Pindorama a resistirem aos navegantes portugueses. Foram dizimados por estes e, para felicidade geral da Nação recém-inaugurada, acabou aquela divisão maléfica introduzida pelo Petê do "nós versus eles".

Mas a petezada não se contentava com a paz social reinante e mandou buscar negros na África, para escravizá-los e criar assim, artificialmente, mais uma divisão: a "senzala" contra a "casa grande".

E assim tem sido até hoje.

O Petê, por exemplo, foi que inventou que apenas homens ricos e proprietários de terras poderiam votar, só para incitar a sociedade a lutar pelo voto universal, incluindo pobres, mulheres, analfabetos, essa rempa toda. E negros, claro - que era para sustentar a falsa ideia de que havia racismo no Brasil. Racismo que hoje em dia ganhou até sobrenome, "estrutural", mas sabemos que isso não existe em nosso país, é mito.

Foi o Petê que instigou João Goulart a falar em reforma agrária, e isso apenas para despertar a ira dos conservadores e dos militares que, patrioticamente, se viram obrigados a combater o comunismo e assim conservar seus privilégios conquistados pela meritocracia e pelo suor da graça divina.

E também foi o Petê que criou a classe trabalhadora para brigar com patrões honestos e justos por aumentos salariais abusivos, cestas básicas, férias remuneradas, décimo terceiro, vale-transporte e outras mamatas do gênero.

Enfim, esse Petê tudo o que faz desde os primórdios é dividir a sociedade, apenas para ter uma falsa bandeira pela qual possa fingir lutar e com essa estratégia ganhar eleição após eleição, enganando os incautos, aos quais compra o voto com bolsa-família e pão com mortadela.

Tem sido assim desde que o cacique Nuvem Vermelha do B, um aborígene apodado Lula, venceu a primeira eleição entre indígenas, bem antes da chegada dos europeus, lá pelo ano mil quatrocentos e nove dedos - o tempo, àquela época, era contado em dígitos que iam sendo decepados do líder máximo da indiada quando se completava um período ânuo -, e estabeleceu essa hegemonia política petista que vige até hoje.