15/07/2018

O Melhor da Cidade

Um conterrâneo e velho conhecido fez uma sugestão ao grupo "Capivari Melhor", do qual ambos éramos integrantes, que me ensejou a seguinte resposta.

Isso foi em 2018:

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Meu caro Carlinhos G***, que decepção tive ao ler esse seu infeliz comentário, logo vindo de você, a quem reputo uma pessoa inteligente, sensata, cordial.

A ideia de que nós, petistas - que antes de sermos petistas somos capivarianos iguais a você -, deixemos o grupo para nos confinarmos num agrupamento de que participem apenas os que pensam igual a nós emparelha com ideias que, no passado, levaram um certo governante alemão a confinar judeus em fazendas cercadas por alambrados e soldados. Daí a querer nossa extinção em câmaras de gás será um pulinho...

Meu caro, faço um apelo à sua inteligência e ao bom senso que ainda creio que habite em seu ser.

Você nos chama de "fanáticos". Eu pergunto: o que é o "fanatismo"?

E eu mesmo respondo. Fanatismo é o que exibem pessoas que seguem uma ideia levados apenas pela emoção, por um sentimento, por uma necessidade de adesão tão forte que dispensa o uso da razão, do bom senso, do raciocínio lógico e inteligente.

Fanático é, por exemplo, o sujeito que crê mais na cura por oração do que na medicina que muitas vezes ele próprio pratica. Fanático é o sujeito que se deixa levar por pré-concepções, por ideias preconcebidas, ou seja, por preconceito, do qual se origina o ódio, que cega e que mata.

Pois preste atenção nas nossas postagens e compare-as às dos outros, dos que se opõem a nós.

Nós acreditamos no debate civilizado de ideias. Por isso trazemos ao grupo argumentos, razões, fatos históricos, dados estatísticos, que embasam os ideais que defendemos.

Defendemos Lula pelo que fez pelo Brasil, em favor da economia, das empresas, pela criação de empregos e valorização dos salários, mas principalmente pelo que fez pelos mais pobres, a quem salvou da morte pela fome ou da exclusão social (foram mais de trinta milhões de brasileiros retirados da miséria), a quem levou esperança e oportunidades, a quem fez ingressar no mercado de consumo, nos shoppings centers, nos aeroportos e nas universidades independentemente da cor, do sexo, da origem, da classe social.

Lula fez o que fez e não se locupletou - tanto que foi necessário fazer um verdadeiro contorcionismo jurídico para condená-lo por um "apertamento" de quinta categoria que nunca foi dele, no qual ele jamais pernoitou uma única noite sequer, cujas chaves nem ao menos lhe foram entregues. Enfim, essa história estamos cansados de saber, e as máscaras começam a cair, a verdade aos poucos tem vindo à tona.

Do outro lado, dos que se opõem ao nosso pensamento, o que vemos? Pessoas que vão votar num troglodita defensor de métodos violentos, homofóbico e preconceituoso, e que nem sabem por que nele pretendem votar. Dizem que vão votar porque vão e ponto final. Não conseguem expor uma razão, até porque se se guiassem pela razão escolheriam qualquer outro candidato, menos esse.

Mas é a nós, que fornecemos razões, fatos, argumentos, que você chama de "fanáticos"!

Devemos ser, portanto, mais de trinta milhões de fanáticos. Aliás, devemos ser um país de fanáticos, pois Lula deixou a presidência com quase 90% de aprovação ao seu governo, sendo que a aprovação à sua pessoa superava esse limite.

Seu legado foi tão forte, tão portentoso que ele elegeu e reelegeu sua sucessora e agora, mesmo preso, mesmo sendo calado, massacrado pela mídia dia após dia, noite após noite, ele segue liderando todas - TODAS! - as pesquisas de intenção de votos. E tem o dobro das intenções do ogro que aparece em segundo lugar!

Se somos fanáticos, estamos bem acompanhados, meu caro, por gente do nível de um Chico Buarque, de um Paulo Betti, Marieta Severo. De Leonardo Boff, frei Betto, dom Angélico. De Jessé de Souza, Raduan Nassar, como fanático devia, segundo sua ótica enviesada, o saudoso Ariano Suassuna. Estamos ao lado de Perez Esquivel, Noam Chomsky, Jorge Mario Bergoglio (mais conhecido como Franciscus), Leonardo Padura. De incontáveis líderes e chefes de Estado de todo o mundo que querem Lula livre, candidato e eleito presidente.

Quanto à finalidade deste grupo, eu faço minhas as palavras do amigo Ovídio Panserini. Para que serve? A que será que se destina?

Levando em conta o nome, "Capivari Melhor", devo dizer que certamente não foi criado para reunir "o melhor" da cidade, a "nata" da sociedade, pois se fosse esse o objetivo eu me recusaria a participar. Não me agrada a soberba, a arrogância dos que se acham melhores do que os outros.

Quero crer que tenha sido criado com o objetivo de debatermos o que é possível fazer para que tenhamos uma "Capivari melhor", o que necessariamente passa pela discussão sobre como tornarmos este estado de São Paulo melhor, assim como nosso Brasil melhor - sobretudo neste momento de eleições estaduais e nacionais. Afinal, não somos uma ilha e o desenvolvimento de qualquer cidade depende do desenvolvimento do país, do estado, da região a que pertence.

Por isso, meu caro, nestes tempos de intolerância aguda, de certezas fulminantes, de ânimos acirrados, pessoas como você devem exercitar a tolerância, a compreensão, o respeito ao pensamento divergente.

Se quer continuar gozando do meu respeito (se bem que você o terá sempre, em qualquer circunstância), da minha admiração - se é que você julga isso importante -, eu lhe peço, por gentileza, não nos chame de fanáticos. Não nos confunda com os fanáticos, muitos dos quais estão por aqui, e talvez isso seja a causa da confusão.

E não deseje mais que nós nos confinemos e permaneçamos num grupo distante aguardando como cordeirinhos nossa eliminação numa câmara de gás, ainda que virtual.

De resto, façamos deste espaço um local de efetivo debate de ideias, em que cada um respeite as razões do outro e que todos saibamos expor nossos pontos de vista com a inteligência, com a serenidade, com a civilidade com que Luciana expõe. Eu tenho muito orgulho de tê-la como esposa, uma pessoa inteligente, com pensamentos próprios, como poucas pessoas aqui têm, e que os expõe com invejável capacidade. Aproveitem, ao invés de gastarem energia e pobreza de argumentos tentando desqualificá-la.

É do debate que nasce a luz.

Só assim, num ambiente verdadeiramente democrático, é que poderemos fazer da nossa Capivari uma cidade de fato melhor, em que todos nós possamos viver e conviver em paz, sem exclusão de ninguém.

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