O despresidente da República defeca pela boca e seu hálito de enxofre dissipa-se por todo o Brasil, de norte a sul, de leste a oeste. Contamina a atmosfera e torna o ar fétido. Pútrido. Irrespirável.
Sempre tive dificuldade em lidar com cheiro ruim. Sinto engulhos quando entro num banheiro e meu nariz é invadido pelo fedor dos excretos humanos, sobretudo quando se misturam os números zero, um e dois.
Até para escrever tenho dificuldade. Prefiro usar "gases" em lugar de "pum", e "pum" em vez de... Enfim, vocês sabem.
Aí me vem a mais alta autoridade do país e conspurca o ambiente nacional com seu "caguei". Eeeeeca!
Em seguida, surgem-lhe estranhos soluços que, descobrimos depois, são manifestações de suas entranhas mais nojentas. Tanto defecou pela boca que se lhe atrofiou o orifício excretor e lhe provocou obstrução intestinal.
E o ser horrendo ainda tira proveito da constipação presidencial, um problema que me pareceu real e sério, para disseminar ódio, atacar adversários, alimentar a ira de seus seguidores e provocar comiseração nos incautos. De olho, sempre, nas eleições.
Não bastasse o ambiente de putrefação em que já havia transformado o país por seu apetite maior por propina do que por vacina, ele tinha que nos embostear a todos. Você abre o celular e eis que todas as redes sociais estão infestadas de palavras como "merda", "cocô", "bosta", "caguei", uma cagada atrás da outra. Ele jogou fezes no ventilador, espalhou excrementos por todos os lados. Fez do país um imenso esgoto a céu aberto, no qual estamos todos mergulhados. E nada acontece conosco. Nem reagir conseguimos. Ele tem razão quando diz que devemos ser estudados.
Num país de marcantes revoluções intestinas que pouco ou quase nenhum resultado prático deram ao longo da História, é curioso como uma singela e singular obstrução das entranhas do seu habitante mais abjeto possa incomodar toda a brava gente brasileira.
De fato, nunca antes na História deste país tivemos um presidente mítico. Sim, mítico, porque não nasceu Sua Excrescência de um parto normal, mas dum esforço de evacuação de sua pobre mãe. Defecado e mictado. Daí "Micto", particípio do verbo "mictar" que significa "aquele que foi mictado". Mijado. E cagado. Começo a entender a razão pela qual ele chama sua prole de zero um, zero dois...
Micto e defecado. Assim venho-o tratando há tempos, bem antes dessa conspurcação geral da Nação (reivindico a criação do neologismo; podem reproduzir, desde que citem a fonte; risos).
Dizia eu de minha dificuldade de lidar com o escatológico e do que resultou de quando a mãe do inominável resolveu obrar. E me vem à lembrança que vim ao mundo pelas mãos de um Bolsonaro. É a mais pura verdade. Doutor Rolando, como era conhecido o médico, muito respeitado, responsável pelo meu parto e da maioria dos meus contemporâneos de Capivari e região, nascidos nos anos sessenta, quando cesariana ainda não era moda.
Vem dessa circunstância, por sinal, minha preocupação em usar "BolsoNero" em vez do sobrenome grafado no original. Mais do que fazer referência a Nero, que pôs fogo na Roma que governava, o artifício tem por objetivo justamente distanciar a figura nefasta do resto de sua família originária, que não é responsável pelo excremento que, obrando sem culpa, a genitora depositou no mundo.
BolsoNero, eleito graças à farsa da facada do Adélio, esfaqueou o bode - como se diz na minha terreola. Emitiu seus gases tóxicos, praticou "golden shower" sobre o público. Defecando e deambulando para o povo a que jurou servir, transformou o país numa extensão do chiqueirinho onde dialoga todo dia com seu mais fiel e ruminante rebanho.
Nada mal para quem dizia que mudaria o país. Mudamos, é fato. É como se nós brasileiros tivéssemos passado a "morar na escatologia", e que me perdoe Caetano Veloso por tomar emprestado e fazer mal uso do título de sua enigmática - e bela - canção "Mora na Filosofia".
Mas que merda, mas que bosta! Chega. Superamos a linha do insuportável. Quero ar puro. Quero respirar! Eu não pago meus impostos para ficar engolindo pelo nariz e levando para dentro de mim a podridão que expele o Excrementíssimo Defecador da República.
Já que Arthur Lira insiste em não abrir o processo de impeachment que pode dar a descarga e levar para a latrina o bolo fecal que nos desgoverna, imploro a Sua Excrescência, visivelmente cansado do nada que faz diariamente, como pedíamos aos jogadores pernas-de-pau nos tempos do futebol de várzea: peça para cagar e saia!
(LUÍS ANTÔNIO ALBIERO, em Jacareí, aos 17 de julho de 2021 - terceiro ano da triste era BolsoNero)