Lembro-me de um dia, início de 1971, quando apareceu em casa uma família cuja mulher havia sido colega de trabalho de minha mãe, chamada Hercília. Ela havia residido com minha mãe num pensionato na capital e, se eu não estiver enganado, ambas trabalharam numa indústria metalúrgica de São Bernardo do Campo (Vilares, se não for fruto de novo engano).
Vieram ela, o marido e um garoto da minha idade, chamado Rino. Foi, até hoje, o único dia na vida em que nos encontramos, mas a amizade repentina e breve ficou registrada no livro de história da minha vida como uma das páginas mais marcantes.
Eu tinha pouco mais de sete anos de idade e estava na iminência de iniciar meus estudos. Já havia comprado lápis e cadernos e eu me lembro de termos passado aquele dia, eu e Rino, desenhando. Também fomos passear pela cidade. Minha mãe e sua amiga Hercília foram visitar outras duas ex-colegas dos tempos paulistanos, Hilda e Teresinha Martins, que residiam – residem até hoje – em Capivari.
Ao final daquele dia – um domingo, provavelmente –, foram-se de volta para sua cidade, Santo André, e deixaram para trás um pacote. Era um bolo do tipo “Califórnia Pullmann” e uma faquinha plástica – um brinde oferecido pela fabricante que acompanhava o produto, muito útil, por sinal.
Minha mãezinha passou o resto de sua vida tentando reencontrar a amiga. Veio a internet e eu esgotei todas as possibilidades de pesquisa, pelo sobrenome e pelo nome incomum do garoto que se tornou meu amigo, Rino. Poucos meses depois que Cidinha – como era conhecida minha mãe – faleceu, eis que, numa nova tentativa, encontrei Rino aqui no Facebook. Quase quarenta anos de buscas!
Hoje cometi a indelicadeza de fazer um comentário numa postagem dele, em que ele compartilhava imagens de Lula e Dilma num ato político no qual houve uma performance artística em que dois homens se beijam. No mesmo mosaico de imagens, a cena em que Xuxa, aos dezoito anos, lá nos idos dos anos setenta ou início dos oitenta, insinua um ato sexual com um garotinho no célebre e desaparecido filme “Amor Estranho Amor” - que até agora não entendi o que tem a ver com os ex-presidentes petistas.
Na postagem, meu amigo comentava algo sobre o que fez o Messias que hoje nos preside ao exibir a degradante cena de “golden shower” ao mundo, como representativa do carnaval brasileiro, em comparação ao comportamento de Lula e Dilma, particularmente sobre palavras, ao seu ver impróprias, usadas pelo ex-presidente petista, como quando chamou o STF de “acovardado”.
Fiz a sequência de comentários adiante, entremeados com intervenções do meu amigo sobre Lula – que ele vê como alguém que “poderia ter sido um estadista”, mas que se teria perdido na corrupção, sobre Palocci e sobre o inesgotável caso Celso Daniel.
Compartilho para poder registrar o que pulsa vivo na minha memória e também porque outras pessoas, outros amigos, têm demonstrado as mesmas preocupações e feito a mesma comparação entre Lula e Bolsonaro, como se os comportamentos de ambos fossem idênticos ou tivessem igual importância.
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MEU PRIMEIRO COMENTÁRIO
“Meu amigo, tudo isso ele fez - se é que fez - foi no privado. Como quando chamou o supremo de acovardado - e cada vez mais isso se mostra real, preocupantemente verdadeiro. Foi durante um telefonema captado e vazado ilegalmente pelo juiz hoje premiado com o cargo de ministro, pelo serviço sujo prestado de prender o ex-presidente e assim pavimentar a estrada que levou à eleição desse débil mental que muitos insistem em defender...
Lula governou, Lula criou empregos, fez a economia girar, levou a economia brasileira de 14ª a sexta maior do mundo, matou a fome e levou esperança e oportunidades a mais de trinta milhões de brasileiros antes condenados a morrer de inanição ou à exclusão social. Por isso saiu do governo com aprovação de mais de 90% do povo brasileiro, elegeu e reelegeu sua sucessora.
Lula jamais interveio em questões privadas, jamais se preocupou em saber se você entrega seu corpo a outra pessoa, se do mesmo sexo ou não, enfim, jamais se meteu em questões de ordem absolutamente privada.
Já esse que hoje finge nos governar é incapaz de apresentar um discurso decorado por mais de seis minutos num fórum internacional e , em represália ao povo que nas ruas fez aquilo que a elite brasileira já havia feito com Dilma na abertura da Copa, fuçou e pinçou uma cena patética de depravação explícita e expôs ao mundo como se fosse uma cena do carnaval brasileiro. Quis, com isso, iniciar um processo para acabar com a maior tradição cultural deste país, que é o Carnaval. Felizmente a reação foi contrária ao que desejava esse imbecil, que passa o dia no Twitter como um aluno limítrofe de quinta série que se senta no fundão da classe e gasta o tempo a atirar papeizinhos picados (tuítes, no caso) contra os coleguinhas a quem odeia.
A ele, a mensagem de um célebre compositor brasileiro: ‘vai trabalhar, va ga bundo!’ “
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MEU SEGUNDO COMENTÁRIO, após ele ter comentado sobre o estadista que se deixou corromper.
“Essa de ele ter-se corrompido fica por conta e risco da sua consciência. Quem o condenou por ‘corrupção’ fez um serviço sujo e por isso hoje foi premiado com o cargo de ministro da justiça, a um passo de se tornar ministro do STF. E os procuradores da Lava Jato acabaram de ser agraciados com uma módica comissão de 2 BILHÕES e meio de reais, desviados da Petrobras, a empresa à qual diziam defender. A Operação se gaba de ter recuperado 2 bilhões de reais de toda a corrupção desviada por antigos diretores da companhia, mas se dá ao luxo de ficar com 2,5 bilhões para uma ‘fundação’ que, no fundo, funcionará como um partido político.
Sobre Lula, raciocine.
Ele administrou por oito anos este país. Cada ano teve um orçamento superior a 1 trilhão de reais. Mais de oito trilhões de reais, portanto, passaram pelo controle dele.
Imaginar que ele tenha se corrompido porque uma construtora fez uma reforma meia boca num apartamento que ele chegou a pensar em COMPRAR (veja bem: comprar!) mas de cuja compra DESISTIU é estar desconectado com a realidade. Um apartamento que nunca foi, não é e jamais será ou seria dele!
Sabe o que é que nossa elite não suporta? É que um peão vindo da pobreza tenha sido o melhor presidente da República e, pior ("pior" pela ótica dessa mesma elite), tenha sido COMPROVADAMENTE honesto!
Veja bem.
Não há áudio que prove corrupção de Lula. Não há imagens, vídeos, gravações. Não há dinheiro em contas, nem no Brasil, muito menos no exterior. Não há apartamento cheio de dólares, euros ou reais. Não há quadros valiosos, joias, carrões, iates.
Nunca houve ostentação, nem filhos se intrometendo nos assuntos do Estado brasileiro.
Aliás, um dos filhos acusado o tempo todo de ser "bilionário" acabou de perder um filho que, acometido de meningite, não foi levado ao Einstein ou a qualquer grande hospital, do Brasil ou do exterior, mas a um pequeno hospital de periferia de Santo André.
Esse é o ‘Lula corrupto’, essa é a família do "maior corrupto de todos os tempos".
A Lava Jato foi uma importante operação, sim, pois deixou a comprovação cabal de que um trabalhador, um homem comum do povo, pode ser presidente e pode ser um presidente competente e honesto.
Esse estadista existiu, existe, chama-se Luiz Inácio Lula da Silva e o Brasil o desperdiça, mantendo-o preso injustamente numa masmorra de Curitiba.
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MEU TERCEIRO COMENTÁRIO, após ele comentar sobre Palocci e Celso Daniel
“Palocci foi canalha, fez uma delação mentirosa, impactante, mas sem prova alguma, na esperança de ser agraciado com a liberdade. Foi um excepcional ministro, mas na hora do desespero mentiria até contra a própria mãe para sair da cadeia.
A morte de Celso Daniel foi mais do que explorada, até Sérgio Moro, o juiz sem limites, levou o caso para Curitiba, e acabou arquivando sem qualquer novidade.
O caso foi investigado pela polícia civil paulista, sob o comando dos governadores tucanos Serra e Alckmin, sob a supervisão do ministério público estadual paulista sabidamente tucano, e está satisfatoriamente esclarecido.
Tentam o tempo todo jogar o caso nas costas de Lula, Zé Dirceu, PT, mas o esquema que havia era restrito a políticos e empresários de Santo André.
O resto é ódio destilado pela Mara Gabrilli, cujo pai era um dos envolvidos no esquema de corrupção.”
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Concluí enviando a ele – que certamente já deve ter sido eleitor de Paulo Maluf – um vídeo em que o insuspeito ex-governador (insuspeito de ser petista, “esquerdalha” etc.) diz à jornalista Mônica Bergamo que acreditar que Lula se corrompeu por duas reformas em propriedades que não são dele, após administrar orçamentos trilionários, é “pensar pequenininho”.